Mirabela- O amargo sabor do destino - Continuação -

Na pequena cidade de Anistia, a população já havia tomado conhecimento de uma quadrilha que vinha abalando aquela cidade.

Conhecida como 'a quadrilha da bela criminosa ', em todos os jornais destacavam-se as manchetes: QUADRILHA LIDERADA POR MULHER ABALA A CIDADE, ou: A QUADRILHA DA BELA CRIMINOSA ATACA MAIS UMA VEZ, e ainda: MAIS UM BANCO É ASSALTADO POR QUADRILHA DA BELA CRIMINOSA.

Os rumores que surgiam era de que uma mulher muito bonita de cabelos avermelhados, chefiava uma perigosa quadrilha de bandidos.

O que, sequer imaginavam, era que esta mulher tratava-se de Mirabela.

E na casa de Fabricia, enquanto ela e os pais almoçavam, o assunto á mesa era o mesmo. Fabricia comentava: - Pôxa, que aventura alucinante a desta quadrilha. Que coragem! que máximo!

- O quê que é o máximo minha filha?

- Ora mãe! o ato desta quadrilha me fascina. Principalmente esta tal de bela criminosa. Que mulher corajosa!

Ouvindo aquilo, o senhor Ananias, pai de Fabricia, levanta-se exaltado:

- O que pensa que está dizendo? sua doida varrida! Por acaso você tem noção da burrice que acabou de falar?

- Calma pai! eu só estava brincando.

- Pois preste atenção nestas suas brincadeiras para não acabar falando besteiras.

Neste momento, Fabricia se levanta da mesa e enfrenta o pai com tamanha irritação: - Pois eu lhe digo uma coisa: é muito melhor chefiar uma quadrilha, do que ficar trancafiada numa porcaria de bar como este de vocês, enfrentando um bando de bêbados babãos e mais outro bando de mortos de fome, mendigando comida todos os dias.

Ouvindo aquilo, o senhor Ananias se exalta e tenta bater na filha, sendo puxado pelo braço por dona Paroquisa, sua espôsa e mãe de Fabricia. Esta porém, sai correndo, enquanto que o pai grita desesperado: - Sua louca! você não sabe o que diz, irresponsável!

O senhor Ananias senta-se, cobrindo o rosto com as mãos e quase chorando, enquanto que a espôsa tentava consolá-lo:

- Venha terminar de almoçar Ananias! e não ligue para Fabricia, ela não sabe o que diz!

- Eu já perdí a fome. E não duvido nada de que esta louca seja capaz de matar e roubar somente para se ver livre desta cidade que ela tanto odeia.

Mirabela havia recebido de D.Vaggio, uma missão muito perigosa. Participaría do tráfico de armas. Ela e mais alguns homens teriam que despistarem a atenção aérea da policia, visto que, uma grande carga de armas chegaría por via aérea, e eles passariam então uma pequena carga por via terrestre como uma forma de despistarem. E então a maior carga de arma passaria despercebida.

As armas eram exportadas do Uruguai, Mirabela e sua quadrilha usariam rodovias estaduais até chegarem aos mercadores do Rio de janeiro. Contavam ainda com a ajuda de uns advogados que D.Vaggio contratara e que passaram a fazer parte dos negócios clandestinos. A operação havia sido um sucesso, e mais uma vez D.Vaggio se dava bem com seus esquemas cada vez mais sujos.

Alguns dias depois, o senhor Manuel estava em casa com a espôsa, a senhora Flora, quando o telefone toca:

- Pois não?! está sim! Manuel, telefone para você.

O velho Manuel levanta-se resmungando. Ao atender o telefone, muda totalmente as feições. Mostrava-se abalado com o que ouvia, porém tenta disfarçar para não deixar que a espôsa desconfiasse.

-Quem é? Manuel.

- Nada importante, mas preciso sair agora.

- E para onde você vai?

O velho sai de casa apressado, ignorando as perguntas da espôsa.

Depois de duas horas dirigindo, ele chega ao local combinado.Desce do carro. O lugar é deserto. Havia um imenso matagal em uma longa estrada pouco asfaltada. Logo em seguida, dois carros pretos que vinham em alta velocidade freiam bruscamente numa extensa explosão de poeira.

Uma meia dúzia de homens encapuzados, cada um apontando-lhe uma arma o cercam. E alheios aos gritos penitentes do velho Manuel, o jogam com muita violencia dentro de um dos carros e seguem na mais alta velocidade.

E dentro do carro, o velho Manuel rogava:

- Onde está o meu filho? o que vocês fizeram com o meu Santiago?

Suas palavras são silenciadas por uma coronhada na cabeça, acertada por um dos homens. O velho desmaia.

greice
Enviado por greice em 12/11/2010
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