Tudo começou comigo



Não lembro muito bem, mas se não me engano a primeira vez que vi aquele rapaz foi no ano de 1872
eu já bem velhinho, dentro da minha pequena forma de viver só me sentia feliz quando no vilarejo da bifurcação, sentado nas enormes pedras na praia das andorinhas, próximo a Londres, eu ficava olhando o mar e esperando as noites chegarem
durante vários anos esse foi um habito meu, tinha meus afazeres e terminavam por volta das 15:00 hs poderia estar chovendo, nevando, como fosse, mas sempre lá, meus olhos eram do mar
mais uma coisa acontecia todos os dias, um rapaz de seus vinte e poucos anos sempre me visitava, eu não gostava , mas deixava que ele sentasse ao meu lado, apenas o ignorava
o mais engraçado é que o maldito era um tremendo tagarela, falava, falava e falava, e eu ? nem ai com suas historias, mas não me arrendava dali, meus olhos eram fiel ao mar e ele falava e falava, não fazia outra coisa.
o mais engraçado é que sempre que chegava eu percebia nele um certo desespero , parecia não ver a hora de chegar o momento de me encontrar, com o tempo ia ficando mais calmo, aliviado , acho que de tanto falar, nem olhava para mim e nem eu para ele e na hora de ir , estava tranquilo, saia sorrindo, eu? não entendia nada
só pensava.... este cara é loco mesmo
isso aconteceu a uns quatro anos e olha que na época eu tinha os meus setenta e poucos anos, conto lhe como se fosse hoje, e aconteceu durante quatro anos
como pode uma peço perder seu tempo a ficar contando o seu dia dia a outra que nem conhecera e nem lhe dava atenção
pensava eu que de tanto falar um dia eu cederia e conversaria com ele, mas prometi a mim mesmo nunca olhe dar atenção
cada dia um assunto diferente e todos problemáticos e meus olhos? sempre do mar, meus ouvidos que alias eram grandes eu até emprestava, nem sempre prestava a atenção, tinha dias que sim
as vezes achava interessante ouvir os problemas dele em um dia foi muito engraçado ele contou uma coisa absurda de que nem me lembro mais só sei que acabei me interagindo com ele dando uma leva mexida de cabeça concordando com ele, vocês nem imagina como aquele rapaz ficou feliz, começou a pular de alegria, saltitar e foi embora , pela primeira vez parei de olhar para o mar para ver ele , achei graça, como poderia uma simples balançada de cabeça ...deixar uma pessoa tão feliz e principalmente eu que nem lhe dava atenção, mas não seria aquilo que faria eu mudar de ideia quanto a um dialogo, mas também percebera que ele não se importava com minhas atitudes, então que assim seria, ele falaria e eu escutaria, dias lhe daria atenção dias não
mesmo estando velho na parte da manhã eu trabalhava numa fundição de sinos, mas o que eu mais gostava era de ver eles sendo testados , sempre eram tocado ao meio dia para testes no mesmo horário da igreja que tocava o dela, assim não incomodava a vizinhança, sei que com essa minha atitude estava ficando um pouco surdo pois eu ficava bem próximo a eles....vocês podem não acreditar mas toda a parte do corpo se desenvolve com suas necessidades e o fato de eu estar com muita idade e por causas dos sinos minha orelha era um pouco maios do que as de costumes e isso fez com que meu apelido passasse a ser Zé orelha e eu aceitava numa boa, pois boa parte das gozações eu não escutava , para isso teria que ser só mesmo ao pé do ouvido
de manhã trabalhando na fundição, a tarde na praia olhando o mar com aquele rapaz falando ao meu ouvido uma fundição
e assim foi até que um dia que ele não apareceu, achei estranho, que teria acontecido
levantei e fui para a minha casa, no dia seguinte , também não apareceu, comecei a ficar preocupado o meu mar não parecia mais ser o mesmo sem ele falando ao meu ouvido, e assim foi pelos dias seguintes nunca mais veio falar para de seus problemas
minhas tardes já não eram mais as mesmas e saído da fundição mudei minha direção e comecei a procura lo pela cidade , perguntar a todos descrevendo sua aparência
ninguém sabia me dizer quem seria aquele rapaz,estava eu apavorado e triste , sentindo sua falta
até que um dia depois de muito andar encontrei uma casa com uma descrição que não entendi o que queria dizer bati na porta e uma mulher pediu que eu entrasse e o fiz
ela estava sentada em uma mesa e expliquei a ela que estava a procura de um rapaz assim e assado ela olhou para mim e percebeu que eu precisava de ajuda urgentemente e que ali poderia estar a minha salvação
perguntou se eu queria me curar
não me sentia doente como ela me via mais pensei porque não se deixar, mas antes perguntei a ela como eu seria curado da doença que nem eu mesmo sabia que tinha e como seria
ela apenas me disse que quem estava na outra sala era um experiente no assunto e que estudou por anos essa técnica de cura e que seria só eu entrar la e falar para ele o que eu tinha ele me escutaria e eu iria sarar
lhe perguntei
-mais como ?
ela disse que eu deveria apanas sentar em um divã que estava la dentro e contar a ele todos os meus problemas , ele escutaria, apenas escutaria
ok, como é o nome dele?
Sigmund Freud
entrei na sala , olhamos um ao outro, ele sorriu, apenas me agradeceu pela paciência e pelo empréstimos dos ouvidos, respondi aos agradecimentos dele, sentei e comecei a falar, fala , falar.
Ele , fiquei sabendo depois que ficou a vida apenas a escutar escutar e escutar
de tanto escutar passaram a dizer que qualquer duvidas ele explicaria.