Rosinha passeava pelo jardim ...
Todas as cores a encantavam... Flores que exalavam seus perfumes a faziam voar em pensamento...
Passa entre os lilases e senta pertinho deles...
Fica ali um tempinho e ouve vozes baixinhas..
Vira-se e nada vê.
Olha bem e percebe que era uma grande família de joaninhas...
Havia a mãe,bem idosa deitada numa folha.Tinha seus ajudantes pra serví-la, enquanto as filhas e netos tratavam de levar suas vidas,trabalhando,cuidando de seus próprios afazeres ...
Iam e voltavam.
Raramente entre elas conversavam.Não havia tempo...A vida era corrida demais...
Sabiam que a velha bisavó joaninha estava bem atendida,falavam com ela ao telefone, feito de fios de ramos de flores e quando dava,iam até lá vê-la...
Mas de repente, ouve uma vozinha bem nítida em seu ouvido:
_Ainda não morri, estou viva! Não me deixem tão só!
Ouvindo o chamado, toda a família se juntou e correu para a grande folha já bem amarelecida que abrigava a velha joaninha.
Numa só hora a folha estava cheia,um barulho de conversas enorme em torno dela e depois...voltou por lá o silêncio frio e escuro atormentador...
Quando Rosinha ia se aproximar e tentar falar com a velha joaninha, acordou...
_ Nooossa, mas será que dormi aqui sentada?Credo! Acho que estou muito cansada mesmo...
Na mesma hora,um pensamento a remete até sua mãe...
Levanta dali,apanha umas flores, faz um lindo ramalhete e se dirige para a casa dela...
De repente, lembra que a mãe não gosta de flores vivas,pois dão trabalho!Sempre dizia: Ora, precisa colocar num vaso, depois tem que cuidar, depois vão cheirar mal, depois,depois...
E agora?
- Mesmo assim vou levar,pensa! Aquela casa precisa de ânimo e cores...
Quando chega em frente à porta,olha novamente para as flores que carregava e para sua surpresa o que vê?
-Uma joaninha, bem acomodadinha numa delas...
As duas se olham e ela lembrou novamente de seu sonho...
Riu ali sozinha, antes de bater à porta e pensou:
-Essa joaninha significa renovação! Que traga toda a sorte do mundo para essa casa...Ela precisa muito!
Rosinha e a mãe conversam com a dificuldade imposta pela doença e idade e de repente,um arrepio...
Olha para as flores, ali jogadas sobre a mesa...escuta a vozinha novamente:
-Me leva daqui contigo, não posso viver na escuridão! Era a joaninha que implorava...
Rosinha, na hora de ir embora se despede da mãe com um beijo, passa pela mesa e coloca a joaninha na mão.
A leva consigo...
E a joaninha lhe sorri, agradecida...
Rosinha tem certeza que a renovação e ânimo não dependem de nada externo...nem a joaninha adiantaria ali...