A Princesa mestiça - Capitulo 15
- A biblioteca é um ótimo lugar, mas talvez você não ache o que procura.
- Kurt. – Reclamou Diana repreensiva.
Qualquer dia desses, aquele demônio a mataria de susto.
Há semanas estavam procurando algum documento que falasse sobre sua mãe, e os resultados eram no mínimo desanimadores.
- Achou alguma coisa? – Perguntou Kurt ignorando-a como sempre.
- Não achei nada sobre Leah Emilyne Dreiger. Só um registro sobre o nascimento e o local da sepultura.
- Estranho. – Tornou Kurt pensativo, acomodando-se ao seu lado na enorme mesa da biblioteca do castelo. Ele parecia mais um colegial tentando resolver um exercício de matemática.
- O que é estranho? – Diana quase não podia segurar o riso diante da cena inusitada.
- A sua mãe não foi sepultada. – Revelou calmamente, como se aquilo não fosse importante.
- Mas eu vi a lápide.
- Esta vazia. – Garantiu. - Li alguns registros da biblioteca de Monte Hadell, lá há registros de todos os seres das sombras e encontrei alguns artigos que tem mais ou menos trinta anos e alguns falam algo sobre a princesa Dreiger ter sido executada com o raio da morte por infringir uma lei suprema da sua espécie.
- Mistura de raças. - Diana sussurrou perplexa. - Minha mãe foi morta.
- O raio da morte nunca foi usado pelas outras espécies. É muito doloroso, apenas os vampiros usam em algumas ocasiões para disciplinar o seu clã.
- Disciplinar?
- Desculpe, mas a sua espécie por vezes se mostrou perversa uns com os outros.
- Mas minha mãe era a futura rainha deles.
- Alguém a entregou ao conselho, alguém deve ter tramado a sua morte. Não duvido dessa hipótese, mas há muito a ser descoberto e acho que Victor pode lhe da às respostas.
- Victor? – Estranhou Diana levantando-se da cadeira.
- Sua mãe foi prometida a ele, há registros sobre a cerimônia de Luna.
Kurt lhe entregou um envelope envelhecido.
Diana abriu o envelope e retirou um convite ricamente detalhado com letras garrafais de prata.
“Toda corte Dreiger esta convidada para a realização da cerimônia Luna de Lorde Salvatore Stan & Lady Leah Emilyne Dreiger, na próxima ceia de Sahaim”. – Leu Diana com a voz embargada. - Estão todos envolvidos. Eles sabem que eu sou uma mestiça.
Kurt se afastou diante das lágrimas de indignação que a princesa derrubava.
- A pergunta agora é: Por que estão infringindo a lei pela qual castigaram a sua mãe?
Diana permaneceu em silêncio fitando as letras que mesmo com o tempo não havia perdido o brilho singular que a prata irradiava, tal como seus cabelos também irradiavam.
Diana queria ver esse brilho também refletido nos cabelos de sua mãe, queria poder ver como os olhos dela brilhariam diante da prata. Queria poder conhecê-la, assim talvez pudesse conhecer a si própria, mas isso Diana sabia que nunca seria possível.
Alguém havia matado a sua mãe e isso Diana nunca perdoaria.
- Eu vou tirar essa história a limpo agora. – Disse arremessando o convite na lareira e ascendendo o fogo que começou a queimar o papel rapidamente sem cerimônia, sem dó ou piedade.
Ela se vingaria de todos como a chama se vingava agora do papel, e como o sol se vingou de sua mãe no passado.
- Não faça nada precipitado, eles a matarão se você não lhe servir ao seu propósito. – Disse Kurt se postando na frente da lareira fazendo com que o fogo se acalmasse quase que por completo.
- Não ficarei parada aqui sabendo que assassinaram a minha mãe. – Disse com raiva.
- Peça proteção ao seu pai.
Diana parou por um instante sem reação.
Do que aquele demônio estava falando agora? Será que aquilo de percorrer o passado de sua mãe havia lhe afetado a cabeça?
- Pai? Do que você esta falando Kurt?
- Do seu pai.
Diana sentou-se de volta a cadeira perplexa.
- Julgava que seu pai também estivesse morto? – Perguntou Kurt fitando-a solidário.
- Quem é ele? – perguntou Diana desviando-se daquele olhar e fitando as chamas calmas que queimava o que ainda sobrava do papel.
- Damon.
Diana voltou a sua atenção ao demônio que considerava como um grande amigo. Por que mais Kurt mentiria à respeito daquilo para ela. Ele nunca faria isso, mas mesmo sendo um amigo falando era difícil de acreditar.
- O que você esta dizendo Kurt?
- O rei elementar é o seu pai.
Diana não conteve uma exclamação.
- Você não quer dizer que Damon é o meu pai.
Aquilo era um absurdo dos maiores que já ouviu. O rei dos elementares seu pai?
- Ele é o seu pai. Eu já desconfiava desde quando a conheci.
- E por que não me disse nada? – Vociferou.
- Até então eu, como todos os outros achava que isso fosse impossível na sua espécie. Foi algo que me veio à cabeça, desculpe, mas quando há vi pela primeira vez achei estranho você ter esses cabelos tão claros, poucos carregam os traços elementares que definem vocês, aparentemente quando seu poder foi despertado veio a tona a parte mais latente elementar de seu pai na sua genética, no caso de Damon elementar do ar, por isso o cabelo prata. Vocês dois são os únicos com essa mesma coloração nos cabelos que eu já vi.
- Onde ele esta? – Perguntou Diana.
- O que vai fazer? – Kurt decidiu perguntar após um breve momento de silêncio.
- Onde ele esteve esse tempo todo?Por que ele não intercedeu pela minha mãe quando ela precisou? Por que não ficou ao lado dela?
Kurt a fitou sério, por um momento só se ouvia o som do fogo:
- Acredito que ele não saiba da sua existência.
- Ótimo eu apareço no castelo do rei dos elementares e digo: preciso que me proteja. A propósito eu sou a sua filha.
Kurt riu:
- É inusitado o suficiente para ser verdade.
Diana concordou sem humor:
- Onde conseguiu essas informações sobre meu pai?
- Fácil, visitei a sua antiga família.
- Família?
- Antes de tudo, não se esqueça de que você foi a Ana.
Diana fez uma careta em menção aquela nome, que a fazia recordar-se de um mestiço que queria esquecer, ou melhor, que queria nunca ter o desprazer de ter conhecido.
- Você foi criada por uma mestiça elementar chamada Melina e pelo seu companheiro humano Matheu. – Continuou Kurt ignorando-a. - Sua mãe encontrou abrigo na casa deles quando fugiu depois de descobrir que Victor matou Atos, na época sua mãe estava apaixonada por ele, mas era prometida a Victor, tudo foi feito no mais absoluto sigilo por que os pais de Atos pertenciam ao conselho, sua mãe descobriu tudo um dia antes do Sahaim.
- Melina lhe contou isso?
- Não espontaneamente. Usei a essência e mais algumas cartas para conseguir a verdade dela. – Ele riu mostrando o vidrinho que Diana já conhecia muito bem.
- Ela sabia sobre meu pai?
Kurt assentiu e continuou:
- Eles se apaixonaram um ano depois que sua mãe deixou o castelo, no meio da guerra contra Desmonte, ela salvou ele de um ataque e quando a guerra acabou ela desapareceu.
- Como assim?
- Melina encontrou uma carta e um cesto em frente a sua porta, dizia que se tudo desse certo Leah voltaria para lhe buscar, mas se não voltasse ela pedia para que Melina a criasse como sua filha e a deixasse longe dos seres das sombras, pois temia pela sua vida se fosse encontrada por eles. E ela cumpriu a sua palavra, até o dia que Darién colocou os olhos em você.
- Damon é um mestiço humano?
- Sim, os elementares não ligam para linhagem e de qualquer forma o seu avô foi um dos mais poderosos elementares de que já se teve noticia. Além de Darién ele é o primeiro mestiço rei e você a primeira mestiça princesa.
- Que confusão. – Disse exausta.
Como a sua mãe pode esconder de seu pai a sua existência?Por que ela faria isso, por que fugirá de Damon e se deixou ser entregue ao conselho que nunca teria piedade dela? Como seu avô permitiu que executassem a própria filha?
- E não para por ai. - Disse Kurt interrompendo seus pensamentos. - Seu avô ordenou que encontrassem você. Ele a vê como a evolução para a sua linhagem, você é a única fêmea que pode procriar desde a sua mãe.
- Mesmo sendo mestiça?
- O fato de ser uma hibrida de humano elementar e vampiro a torna forte o bastante para ser aceita entre o conselho, é o mais perto que o seu avô conseguiria de um sangue puro.
- Meus filhos teriam mais parte dos Dreiger do que eu mesma tenho. – Sussurrou.
- Acho que essa é uma das idéias. – Concordou Kurt.
Diana não se conformava com aquilo. A sua mãe morrera por causa de uma lei suprema que agora era desrespeitada por uma das próprias espécies fundadoras. E tudo para que ela servisse de reprodutora.
- Kurt?
- Sim.
- Quero que peça a Melina que diga tudo o que sabe a Damon, veja, por favor, qual a reação dele e interceda por mim.
- O que planeja fazer?
- Pretendo entregar a minha coroa em breve e viver com os elementares, se eu for aceita é claro.
- Você já foi aceita pelos mestiços há muito tempo, você é a parceira de Darién, Ana a rainha consorte.
- Há muito eu não sou mais a Ana, Kurt. Hoje eu sou apenas Diana uma futura princesa descoroada que vai ter uma palavrinha com o seu avô.
- Você sempre pertencerá à realeza. Você nasceu para isso. Vejo em você o futuro de quatro espécies.
- Eu vejo em mim a desgraça da minha mãe. E me vingarei daqueles que a renegaram. – Prometeu para si mesma.