Mortinha pela hora das gaivotas ...
Hoje não quero ser eu…
E num movimento oposto, afogo a cara no teu ombro, enrosco palavras sem espanto, com sentido ofuscante, porque o jornal é a preto e branco e eu gosto mais das palavras na hora das estrelas… Porque hoje me apetece sair de mim, mas não saio! Isso seria adiar um desgosto…como a morte de um desejo …
Tal e qual a gordinha rechonchuda que precisava de tudo… menos de ter apetite e dizia vaidosa: “estes ares fazem-me fome, até o meu César de Almeida se admirou, porque hoje de manhã, comi pãozinho com manteiga.” E numa simbiose de afectos o pãozinho fundiu-se na manteiga e viveram felizes para sempre … não sei se eternamente.
De volta ao teu ombro… lembro, pesarosa, que não falei do mordomo… hoje também não… até porque gosto mais da esplanada na hora das gaivotas. Onde o meu querer é peregrino e apresenta muita apatia, permanecendo unido ao infinito, utilizando a abertura onde instalou o ninho para dormir e descansar a salvo…
O meu não querer é precoce e tem relativa longevidade… porque hoje não quero ser eu…e agora também não.
E quando o telefone me chamar eu vou… e enquanto o teu abraço me esperar… eu estou…
Agora tenho de ir... o elevador vai subir... fui eu que carreguei no botão... vou subir com ele...e ele vai descer e subir mais vezes do que eu ... que vou manter-me no topo... o maior tempo possível... e quando descer... é em descida controlada... paro onde eu quiser... e posso sempre voltar a subir …
Agora fico por aqui... deixei fugir o elevador!