Mirabela- o amargo sabor do destino - continuação.
Ouvindo aquilo a moça esboça um largo sorriso. Afinal sempre fora apaixonada por Santiago, porém sentia-se rejeitada. Percebia que ele a via apenas como uma grande e querida amiga. A consoladora em suas paixões fracassadas.
Nunca tivera a coragem de se declarar porque tinha a nítida certeza de que receberia no mínimo uma frase do tipo: " você ainda encontrará alguem que te ame muito". Desta vez agora parecia que tudo estava diferente, estaria mesmo Santiago interessado nela? sentia que o momento certo havia chegado e esta oportunidade ela não largaria por nada neste mundo.
Lindamar era uma moça não muito bonita; com um metro e oitenta e cinco de altura, muito branca, tão branca que a pele tornava-se quase azulada. Teria um sorriso brilhante, não fôssem os benditos aparelhos que usava, dando-lhe a aparencia de uma quase adolescente indefesa.
Seus olhos eram verdes, porém ocultavam-se atrás das grandes lentes dos óculos que usava.
Mesmo que ela largasse todos aqueles apetrechos; óculos, aparelhos dentários, jamais seria uma bela mulher. Não como a bela Mirabela, a mulher dos sonhos de Santiago.
Além de tudo Lindamar era intelectual de mais. Uma advogada que também dava aulas em uma universidade da cidade. O tipo que Santiago nem de longe se interessaria.
De repente Santiago surge, porém pede desculpas se retirando logo em seguida, deixando todos muito surpresos. Seus pais constrangidos tentam se desculpar:
- Sinceramente! não entendemos o que aconteceu. Nosso filho deve está com algum problema, ele prometeu que jantaria conosco hoje.
Enquanto isso, no bar dos pais de Fabricia, esta servia os freguêses lamentando-se:
- Que inferno mãe! quantas vezes terei que repetir que não suporto isso aqui?
- Não seja mal agradecida Fabricia, é 'isso aqui' que te sustenta, te alimenta e ainda sustenta os seus luxos.
Ela porém olha com desdém para a dupla de bêbados que fumava em uma das mesas e comenta:
- Quanta humilhação! saber que dependo das babas e quedas de uns vermes como estes para sobreviver. Certa está a Mirabela, aquela alí de boba não tem é nada. Aposto que fugiu com algum milionário.
- Fabricia minha filha, não faça mal juizo da Mirabela, ela é um verdadeiro exemplo para todas as moças desta cidade. Não só para as moças, mas também para toda a gente daqui. Aliás se todas as garotas seguissem o exemplo de Mirabela, não haveria tantas adolescentes grávidas nesta cidade.
- Ah mãe! a Mirabela é uma grande estrategista. Quem não conhece que a compre.
E D.Vaggio encontrava-se como sempre sentado na cadeira de seu escritório com os pés por sobre a mesa, charuto na boca dando suas deliciosas baforadas.
Quando subitamente surge Carlão muito nervoso:
- Chefe, acaso pode me explicar o que está pretendendo nomeando Mirabela como chefe de quadrilha?
O homem gira a cadeira em que está sentado, voltando-se para encará-lo de frente. Depois tira o charuto da boca, soltando uma boa baforada e com um sorriso irônico lhe diz:
- Pretendo encontrar competência, o que não vejo em você meu caro.
Carlão porém dar inúmeras voltas com uma expressão de desespero nos olhos, gesticulando muito. Quase que desafiando D.Vaggio ele grita irritado:
- O senhor está sendo injusto, eu sempre administrei bem a nossa 'familia'. Acredito que o senhor está usando um motivo para por uma idiota no meu lugar.
D.Vaggio levanta-se lentamente, estica as mãos para a frente estalando os dedos enquanto que prende o charuto entre os dentes quase que cortando-o, e fitando seus olhos bem dentro dos olhos de Carlão ele diz: - Você não deve ter um pingo de medo de morrer não é mesmo rapaz?
- O quê??
-POR QUÊ ENTÃO FALA ASSIM COMIGO? SERÁ QUE NÃO VÊ QUE ESTÁ ARRISCANDO A SUA VIDA ME DESAFIANDO DESTA MANEIRA SEU INÚTIL?