Mortinha por falar da minha valsa triste...

E ali estava eu, em figura de coisíssima nenhuma, desabitada de pessoas de tempo e de lugares, de sentimentos também!

Deslizei com a minha sombra, ao som de uma valsa lenta, lenta da cor da saudade, porque a saudade tem cor. Tem a cor de uma dança triste! E dancei, secreta e impotente, até altas horas da noite. Porque a noite tem horas que desaparecem na noite com as pequenas luzes em fuga. Há quem lhes chame estrelas também!

Sendo o desespero um excesso que não me pertence, cerco-me dele para defender a minha solidão e ensino-lhe uma lentidão que desconheço e conto-lhe uma história que não consigo perceber também... a minha!!!

Quero encher uma gaiola de aves, depois quando acontecer uma coisa boa, abro a porta e fico a vê-las voar para muito longe…

Entrei na minha sombra e dela saí. A valsa que era lenta parou rendida, à espera da véspera de coisíssima nenhuma…

Paula de Eloy
Enviado por Paula de Eloy em 03/10/2010
Reeditado em 03/10/2010
Código do texto: T2535748