MORTINHA POR UM ABRAÇO ...

O Algarve, um apartamento e eu! Sem amigos, conhecidos, só desconhecidos.

A rua, a animação de rua com homens estátua, mulheres estátua, casais estátua e a multidão que não me incomoda, desde que não conheça ninguém. E eu…

E eu, prescindida de tudo, sem saudades de nada, anónima para todos, excepto para a gaivota da esplanada que teimava esmolar as sobras do meu prato.

Mas as gaivotas não dão abraços! Eu precisava de um abraço, era só do que precisava… de um abraço. E não tinha como, o mar não tem solidez, a noite também não!

E as pessoas estátua e a noite movimentada e os homens estátua e aquele em particular, de branco vestido e eu também. Ele queria uma moeda e, eu um abraço. E abracei-o! E ele imóvel e eu também. Pedi desculpa pelo abraço e continuei abraçada. Expliquei a necessidade e ele, indiferente às moedas que tilintavam, abraçou-me também. Um abraço reconfortante, sólido! Afinal era de um abraço que ele também precisava …

Paula de Eloy
Enviado por Paula de Eloy em 02/10/2010
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