ACONTECEU NA CAPITAL...
Ido dos anos 70. Era ingênua, pura até, sem maldade, mas gostava de namorar e beijar na boca...mas era virgem.
Um dia Sheila veio passear na capital. Ela morava numa cidade do interior e quase nunca viajava. Veio de tram que era mais bucólico e permitia fantasias.
Feliz e despreocupada vinha pela rua sem pensar em nada.
No sinal cruzou olhares com um rapaz de média estatura, bonito, cabelos nos ombros, meio ondulados e bem pretos. Tinha um cavanhaque e um sorriso lindo que logo lhe chamou atenção.
Por questão de segundo, uma eternidade, seus olhos fixaram-se um no outro. Quase foram atropelados, tal a atração que os envolveu. Ele não resistiu ao olhar daquela bela jovem, sedutor, sem ser vulgar e também curioso, voltando no mesmo pé que atravessara a rua,a abordou na calçada.
- Seus olhos são de um azul tão límpido que me hipnotizaram, disse ele segurando-lhe o braço.
A moça emocionada, mas um pouco assustada não disse nada, Apenas ficou ouvindo ele lhe elogiar, os olhos, o corpo, sua beleza. Realmente ela era uma moça muito bonita, cabelos loiros, cor de mel, olhos azuis, estatura média e um corpo mignon, mas com formas bem torneadas. Chamava atenção quando passava. E tinha seios fartos, naturais, sem silicone, que ainda naquela época, sem silicone já enlouquecia os homens.
O rapaz se apresentou como Daniel. Realmente ela pensou, é lindo como um anjo e não podia ter outro nome.
Logo ele a convidou para tomar um refrigerante e como ela estava ali, com tempo, sem fazer nada, aceitou. E eles falaram de tudo, da vida, trabalho, expectativas e estado civil.Ele era solteiro e isso a deixou mais tranqüila. E ali ficou, ouvindo aquele belo rapaz contar suas aventuras. Ele trabalhava como corretor de imóveis e também não tinha pressa. E foram ficando, até que a tarde veio e ele lhe fez um convite:
- Vamos comigo a um apartamento aqui perto , pois tenho que avaliá-lo pra mostrar pra um cliente, explicou Daniel.
O que Sheila inocentemente aceitou, sem pensar duas vezes, tão embevecida estava com o rapaz, de bom papo, sorriso largo e envolvente. Ele também tinha uma voz!!! Que ela não ouvia mais nada, não pensava em mais nada a não ser em ouvi-lo. O mundo tinha sumido à volta deles. Para ela só ele existia naquele momento. E ela acompanhou-o ao apartamento.
Quando estava subindo as escadas, não foram de elevador porque estava quebrado, é que a garota foi pensar no seu ato instintivo –aceitar o convite de um desconhecido – mas não há de acontecer nada que eu não queira. Eu me garanto, pensou.
Chegando no local, o rapaz mostrou que seu intento era verdadeiro. O apartamento estava vazio e na janela a placa de aluga-se...mas limpo, piso assoalhado e com sinteco . Após um breve exame Daniel tirou seu casaco,o colocou no chão e convidou a moça para sentar-se junto dele. Emocionada aceitou e logo se beijaram. Um beijo que ela nunca mais esqueceu. Os anos passaram, mas este beijo ficou na lembrança, aliás, não só o beijo, mas aqueles momentos – ternos, inocentes, mas de uma sensualidade pueril. Afinal ela era virgem e disse isso a ele quando o rapaz tentou tocar seus seios. Ele era tão carinhoso que Sheila não resistiu e sentiu essa sensação pela primeira vez...todos seus póros arrepiaram, sua pele eriçou-se, seu corpo estremeceu ao toque suave de Daniel. Mas não podia deixar de pensar que era virgem. Não por caretice e preconceito, mas ela romântica, ainda esperava o príncipe encantado.
E ali ficaram bem mais que uma hora, uma hora de olhares, toques e descobertas, de beijos ora ternos e suaves, ora mais afoitos. Uma hora de novas sensações. Devagar, o rapaz desabotoou sua blusa e tocou-lhe os s seios com os dedos. O contato de pele com pele despertou na moça sensações nunca antes vividas. E ela sentiu molhar a calcinha, sentiu uma quentura desconhecida na sua intimidade. E parece que Daniel tudo percebia. E os carinhos iam ficando mais ousados . Excitada, já nem se lembrava que estava conhecendo aquele rapaz naquele dia, que o vira poucas horas atrás. A razão já não comandava e ela estava no ponto.
Mas pra sua surpresa o próprio razpaz olhou o relógio. Já era noite e isso os trouxe à realidade.
Devagar Daniel abotoou a blusa da moça , arrumou a calça dele, que já estava prestes a tirar e se levantou, dizendo que deviam ir. Antes de abrir a porta ainda se deram um longo beijo, que a deixou novamente amolecida e já arrependida de ter confessado sua virgindade, pois ainda estava sob o efeito daqueles momentos.
Já na rua se despediram. Daniel lhe deu um número de telefone, mas ela esqueceu de dar o dela. Marcaram novo encontro, mas Sheila iria viajar no outro dia de volta pra sua cidade. E o encontro não aconteceu.
Sentada na poltrona do trem a moça ia relembrando aqueles momentos e pensou que por um triz não voltava pra casa como fora –virgem. Quando chegou na estação seu pai a esperava e ela aí sim deu-se conta do acontecido e respirou aliviada, pois naqueles momentos não havia pensado em como tal fato iria magoar seus pais, que a criaram com uma educação moral consciente, sem repressões e ela os respeitava e os amava por isso. Principalmente seu pai e respirou aliviada e feliz. Agora pelo menos tinha aqueles maravilhosos momentos para relembrar.
E eles nunca mais se viram, nem se falaram. Mas Sheila nunca mais esqueceu aquele anjo, nem o passeio na capital.