Bar da rua quinze

Era uma noite de sexta-feira. Procurei um bar vazio, apenas um lugar quieto para mergulhar minhas lembranças em um copo de whisky. Acabei entrando neste pequeno estabelecimento na rua quinze, e logo que o fiz começou a chover.

O lugar era pequeno, com três ou quatro mesas enfileiradas junto a parede direita e um balcão a esquerda (em minha opinião um bar não necessita mais do que isso). Como de praxe, havia algumas castanhas dispostas em um pequeno prato na ponta do balcão.

Uma solitária luz amarela pendia-se sobre o balcão, e atrás deste a sombra de um homem careca que secava copos.

Dirigi-me a ele e pedi um whisky -duplo.

Mal havia eu degustado o primeiro gole do meu pedido quando um vulto negro emergiu da chuva que agora era torrencial. O vulto aproximou-se levemente da porta, então pude ver que por debaixo de um manto e chapéu volumosos haviam loiros cabelos encaracolados e um sorriso vermelho escarlate.

Essa composição sentou-se ao meu lado e pediu uma dose de vodka.

Pois bem, lá estava eu sentado ao lado de um problema de 1,80 de altura, com pernas longas trajadas com um vestido vermelho que valorizavam suas curvas, porém sem expor em demasia seus outros atributos.

Tentei ignorar a figura ao meu lado e pedi uma segunda dose da minha bebida ao barman.

Procurando distrair-me comecei a observar o fundo do bar onde percebi um velho jukebox. Pequei meu drink e fui averiguar quais musicas haviam ali. Por alguma razão parei nesta canção ”Cry me a river’’de Julie London. Quando me virei o problema já tinha tirado o casaco e os sapatos (mas continuava de chapéu).

Aqueles belos pés flutuavam dançando, em sincronia com a musica, em minha direção, fazendo pequenas paradas com poses delicadas.

Olhei-a de baixo a cima e fixei-me demoradamente em seu pescoço.

Com o drink em uma mão e a reger a Sra.London com a outra o problema parou a um metro de mim, tomou mais um gole de bebida e em seguida largou-o no canto da mesa ao lado do meu copo. Cantando baixinho caiu com as mãos em meu peito, fitou-me vagarosamente os olhos. Por debaixo daquelas pálpebras estava um olhar caramelado, doce e aterrado. Um pedido de colo, de uma noite de amor. Prensado entre a máquina de musicas e o louro problema, sorri-lhe e tirei-lhe o chapéu. Estava feito o problema.

Era uma noite chuvosa na Rua Quinze quando conheci mais um problema.

SiReNiA
Enviado por SiReNiA em 01/10/2010
Reeditado em 22/03/2014
Código do texto: T2531777
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