O caçador de insetos


Uma Estória Oriental

Kalil era um príncipe muito rico e excêntrico. Vivia com muito conforto em seu castelo e tinha tanto dinheiro, que não mais sabia o que fazer com sua riqueza. Por outro lado, era um homem cuja vida estava abalada por uma doença incurável, da qual não tinha mais esperança. Daí, o seu total desinteresse pelo dinheiro.
Depois de experimentar de tudo na vida, resolveu fazer outra coisa muito estranha, matar insetos. Para conseguir seu objetivo, chamou o mais fiel amigo e servidor e disse-lhe:
- Salim, quero que você execute uma importante tarefa para mim. Exijo que seja bem feita. É o seguinte: coloque-se num ponto estratégico de minha propriedade e mate todos os insetos que por ali passar.
Salim achou muito estranha a tarefa que ia executar. Mas, ordem era ordem. Procurou o local mais adequado possível por onde passavam todos os insetos. Arranjou um pedaço de pau e uma pedra. Assim, o trabalho ficaria mais fácil de executar. Bastaria uma pequena paulada e o inseto seria esmagado de encontro a pedra.
Para ter absoluta certeza de que tudo seria feito conforme ordenara, Kalil foi até o local da matança e postou-se ao lado de Salim a fim de contemplar o serviço.
Uma vez instalado, Salim não demorou muito para notar o aparecimento de sua primeira vítima. O besouro, Salim matou-o. A seguir, a centopéia, também teve a mesma sorte. Um grilo, uma libélula, todos morreram. Uma esperança (...), bem, Salim deixou que passasse a esperança. Outros insetos foram surgindo, tendo o mesmo destino. Outra esperança, mais uma vez Salim deixou que fosse. Neste ponto, Kalil que estava a observar e fiscalizar o trabalho do seu empregado, perguntou:
- Mas por quê você deixou várias vezes que a esperança fosse?
- Bem, patrão, a esperança é a última que morre.
Kalil, intrigado com a resposta de seu amigo e empregado, pensou por uns instantes e depois compreendeu o que o amigo queria dizer. A seguir, afastou-se dali deixando os insétos em paz.