A Princesa Mestiça - Capitulo 9

Diana passou o perfume no pulso e atrás das orelhas, o perfume tinha cheiro de tulipa e do orvalho da manhã, de fato era inebriante, Diana mantinha os olhos fechados para não perder nenhum pouco do êxtase que a essência lhe provocava.

De repente abriu os olhos e sorriu, agora iria usar um pouco das suas táticas de sedução.

O engraçado era que não tinha nenhuma.

Darién não demorou a recebê-la, mas alguns dos seus homens foram hostis a ela e outros continuavam desconfiados prontos para se atirarem na frente de seu rei para protegê-lo.

Diana sentiu uma confiança inabalável vindo daqueles guardas, eles dariam a vida pelo seu líder sem pestanejar, e isso fez com que ela refletisse, qual o motivo para esse mestiço ter tamanha lealdade de seus soldados, a espécie das sombras já se mostrara por vezes perversa e calculista, parecendo não nutrir sentimentos reais uns com os outros, Diana mesmo podia contar a dedo as pessoas em quem confiava e esse número infelizmente era de apenas um digito e sem explicação nenhuma Diana apenas confiava em Kurt, o homenzinho a quem todos rechaçavam.

Darién ordenou que os deixassem a sós, provavelmente pensando que ela não lhe oferecia perigo, algo que ele estava completamente enganado.

- O que faz aqui princesa?

Diana pensou em ser direta, mas não tão direta assim:

- Decidi estreitar a nossa amizade e me desculpar o modo como o meu povo o recepcionou. - Disse soando docemente ironica.

Darién arqueou uma de suas sobrancelhas.

Sabia que ele não se deixaria enganar.

- Uma vez que invadimos era mesmo se esperado aquela recepção.

- Espero que não tenha perdido nenhum de seus homens. – Sorriu.

- Não perdemos nenhum. - Garantiu o mestiço estreitando o olhar.

Seus olhos eram uma mistura de tons exóticos, que a deixavam tonta, nada era comparado aquilo.

- A propósito tenho algumas perguntas a Vossa alteza.

Darién franziu o senho esperando enquanto Diana prosseguia:

- Por que foi estragar a minha festa?

Darién sorriu e deu uma volta passando por ela, Diana não se virou.

- Vingança. - Sussurrou a seu ouvido postando-se logo atrás dela.

- Isso já me passou pela cabeça. – Confessou sorrindo. - Mas por que me atingir?

Diana tremeu involuntariamente e rezou para que ele não percebesse, ele estava muito perto, e se não agisse logo os papéis se inverteriam.

Ele tinha um grande apelo sobre ela, isso nem mesmo ela poderia negar, o seu coração batia descompassado, mas se parecendo com uma orquestra do que com um coração pulsante, e mesmo agora estando ciente de que aquilo poderia acontecer; mesmo sendo tudo aquilo claramente proibido ela se surpreendeu imaginando-o entre lençóis, totalmente nu acariciando a sua pele e desejando-a ardentemente.

O que esta acontecendo a ela?

- Nada melhor do que devolver na mesma moeda uma grande perda.

Ele estava falando de sua parceira, Kurt mencionara aquilo.

- Você perdeu alguém. – Constatou, mesmo que aquilo não lhe fosse mais surpresa.

- Sim, mas desejo recuperar.

- Não entendi.

Diana se virou para fitá-lo nos olhos.

Grande erro seu.

Os olhos mais intrigantes de toda a face da terra ardiam, a encarnação da própria luxuria presente naquele mar revolto e tempestuoso, o mesmo mar que nunca poderia ser aplacado e silenciado, mas que por hora poderia oferecer calmaria e beleza.

Diana respirou profundamente tentando se controlar. Queria recuar um passo, mas não faria aquilo, recuar era apenas para os fracos. E ela nunca se permitiria aquilo.

- Sinto muito pela sua perda.

- Não sinta. – pediu.

- Darién...

Ele sorriu e aquilo fez com que seu coração saltasse.

- "Que você seja sempre eterna. Por que parte de mim está viva em você"... – Recitou ele.

- "E a outra parte também". - Completou Diana.

Diana recuou dois passos assombra. Ela tinha certeza que já havia escutado aquilo?

- De onde eu conheço você? - Indagou.

Ele se aproximou e mesmo que Diana quisesse escapar nunca poderia.

- Dos seus sonhos. Talvez.

Diana quis protestar. Aquilo a assustava, ela não conseguia entender o que ele despertava nela, era maluco e irracional, o que ela estava pensando quando veio falar com ele, sua mente se iludia, seu cérebro se esforçava para lembrar e seu coração doía.

Diana sentiu-se exaurida e vacilou. Segundos depois Darién a segurava nos braços e sua consciência mergulhava na escuridão.

***

Darién ficou apavorado, mais uma vez ela estava inconsciente nos seus braços, mais uma vez ele não suportaria.

Ele a carregou nos braços e a tele transportou para seu quarto.

“Noal”. – Chamou aflito enquanto depositava Diana em sua cama.

Noal surgiu com um estalido no quarto dele.

“Por que está tão apavorado?” – perguntou ela assustada enfiada em um roupão de banho vermelho. A face dela ficou pálida. – Por que eu tive a sensação de já ter vivido essa cena antes?

- Noal, vá chamar Raj, ela não parece nada bem.

- O que você fez a essa Dreiger?

- Nunca faria nada a ela.

- E por que ela esta inconsciente em sua cama? - Reclamou.

- Noal não faça perguntas apenas me ajude. – Disse exasperado.

Noal desapareceu.

Darién sentou-se ao lado dela, ela parecia tão frágil e tão humana ali desarmada. Parecia que a tinha de volta como se nada houvesse acontecido, como na primeira noite em que a conheceu, salvando-a de um vampiro Dreiger que a atacava, ele iria capturá-la e depois de se satisfazer do seu sangue transformá-la em escrava, ele matou aquele monstro perverso, Ana ficara tão assustada que desmaiara em seus braços e ele não pensou duas vezes antes de levá-la a sua casa e recorrer à ajuda de Raj.

Ela era tão frágil, tão humana. Darién não conhecia muito dos humanos e de suas reações.

Mas embora as diferenças que existiam entre eles, naquele dia ele apenas sabia que não queria perdê-la. E pela primeira vez na vida sentiu o que era ter medo.

Meses depois ela estava morta em seus braços e ele experimentou a perda mais sombria de toda a sua existência e agora temia por passar por aquilo novamente.

- Darién?

O seu nome foi dito por uma voz cujo som já lhe era muito familiar. Ele se virou para encarar seu velho amigo.

Raj, não estava em melhores condições do que Noal. Ele vestia apenas uma calça de pijama e trazia apetrechos da medicina humana. Aquilo só não fazia nada, mas o poder que aquele elementar tinha para a cura superava qualquer transferência de energia.

Raj o fitou durante um breve momento e foi até o lado da Dreiger, ele a reconheceu e por um minuto pareceu assustado, mas não fez perguntas.

-Deixem o quarto. –pediu.

Darién quis protestar.

- Ela pode não gostar de vê-lo aqui quando acordar. - Disse ele impassível começando a examiná-la.

Uma coisa que Darién apreciava em Raj, era sua preocupação com o paciente e nunca com o que ele queria, ele não temia de enfrentá-lo em defesa de um paciente.

Mas aquilo agora o aborreceu. Ana não precisava ser defendida dele, ele a amava, nunca lhe faria mal algum.

- Vamos. - Disse Noal pegando Darién pelo braço e o tele transportando-o de lá antes que ele desafiasse o próprio amigo.

Eles foram para na biblioteca e Darién foi para a janela e fitou a lua, como sempre fazia quando pensava em Ana.

Longe dela agora ele podia perceber o quanto estava sendo irracional, seu amigo só pensou no bem-estar de sua paciente, ele estava sendo um completo imbecil.

- Você vai me dizer o que esta acontecendo? – Perguntou Noal depois de um longo tempo.

Darién ficou em silêncio.

- Darién eu estou preocupada, não sei o que se passa na sua cabeça, você vem me bloqueando e ultimamente vive assim, imerso em pensamentos, o que fez aquela mulher? O que pensa que esta fazendo? – indagou pacientemente.

Darién não respondeu.

- Você sabe que eles virão atrás dela. – Questionou. – E dessa vez a guerra vai ser feia. Não pode mantê-la aqui se é isso o que pensa em fazer, e pelo que me lembro da última vez que fez isso, sua parceira morreu e você quase enlouqueceu de dor. Essa garota Dreiger não merece que passe por aquilo novamente, eles a matarão se ela quiser ficar com você. Esqueça a semelhança que há entre elas para o seu próprio bem.

Darién a fitou furioso.

Noal recuou amedrontada.

- Estou dizendo isso como amiga, ela não merece o lugar de Ana em seu coração.

- Você não sabe de nada Noal. – Disse irritado.

Noal o fitou por um momento parecendo ofendida.

- Perdão Milord. Mas se insistir nisso, você matara a todos nós. – Dizendo isso Noal desapareceu.

Penélope Silva
Enviado por Penélope Silva em 20/09/2010
Reeditado em 21/09/2010
Código do texto: T2509491