O Canto do Cisne - (8° Capítulo)
(Bom, enquanto eu não posto o e-livro, deixarei mais dois capitulos meio em rascunhos postados por aqui mesmo).
"Às vezes antes mesmo de viver algo, procuramos já enxergar o seu fim, talvez uma forma de mantermos o foco no final feliz e assim o moldarmos ao caminho que trilhamos hoje. È preciso viver o caminho, sentir cada momento, viver o que temos para viver, o fim chegará e o que tiver que ser, será".
Toda aquela duvida me acompanhou no caminho de volta pra casa, ainda não consigo acreditar que esse seja o real motivo que o levou até lá, e porque eu não consigo parar de pensar nisso? Já em casa, esperando um sermão daqueles da minha mãe, sou surpreendida pelos seus olhinhos brilhando junto a uma expressão sorridente, e ainda sem entender o que estava havendo, pude ver em suas mãos uma carta já aberta que logo ela me entrega toda ansiosa. Ao que parece era para mim, mas vejo que ela não hesitou em abri-la e pelo visto, eram boas noticias. De fato o era, na verdade uma excelente noticia, minha professora de dança havia dito que haveria pessoas importantes assistindo ao espetáculo, mas eu estava tão concentrada na dança que acabei me esquecendo de tudo isso na hora, talvez tenha sido melhor assim, não sei como eu teria lidado com mais essa pressão e outra, eu só dançava para uma pessoa naquele momento, para o meu pai. Ao que parece, um olheiro estava no Canto do Cisne no dia do espetáculo e parece ter gostado muito do meu trabalho, na carta havia um convite a um sarau, onde seriam selecionadas dançarinas para um grupo muito conhecido mundialmente chamado “Plume”, que inclusive eu e meu pai sempre assistíamos juntos pela TV, era o segundo passo, um passo adiante ampliando os horizontes do meu sonho. Passei a noite em claro pensando em novos passos, figurinos, em tudo, pois dessa vez só dançar não será o bastante, dessa vez eu terei que voar. Logo o dia amanheceu nublado e eu em meio à ansiedade mal consegui tomar café, corri para o teatro para contar a novidade para a minha nova professora e também para lhe pedir conselhos, pois ela já havia feito muitos saraus e isso lhe trouxe muita experiência. Apesar de tudo eu me sinto confiante, assim que cheguei, ela parecia já saber da noticia, parece que minha mãe foi além de abrir a carta antes de mim, ela não tem jeito mesmo. Fui recebida com um forte abraço e conforme eu ia falando, ela foi sentindo toda a minha segurança e pareceu surpresa com isso. De repente vi sair do camarim uma das dançarinas que fez parte do espetáculo junto a mim, ela parecia triste, foi então que minha professora me disse que ela não havia sido chamada para o teste, então, fui até ela para de alguma forma lhe dar uma força, mas ela não parecia disposta a falar comigo, onde deixou bem claro que ela merecia muito mais que eu essa oportunidade. Tentei entender o lado dela, que estava triste com tudo aquilo e eu sei que ela também batalhou muito por isso, então deixei que ela partisse em meio ao meu silencio. Logo eu e minha professora voltamos ao assunto em questão e juntas trocamos idéias sobre passos e figurinos, mas algo que ela disse, confesso que me assustou um pouco. O “sarau Plume” como ela gostava de dizer, era feito de uma só apresentação e geralmente conhecido mesmo assim, por grandes apresentações super produzidas e nada poderia ser copiado, ou seja, além de dançar, eu teria que achar uma melodia, o que nos fez ter uma boa idéia para apresentação, uma dança em meio ao som de um piano, o problema era achar um pianista e mesmo que eu ache um, o cachê de um bom pianista é uma fortuna. Em meio a pensamentos a procura de uma solução, o improvável acontece, de repente era possível ouvir o som de um piano tomar conta do teatro, uma bela canção suave e ritmada, era perfeita e logo vi nos olhos da minha professora que juntas tivemos a mesma idéia. No teatro havia um piano e alguém o estava tocando, então, corremos de encontro a ele e nesse momento, eu quase caí pra trás, não era possível, era ele mais uma vez, o rapaz do diário e ele estava ali, tocando o piano de uma forma incrível, como se não houvesse nada nem ninguém a sua volta.
(Continua...)