A Princesa Mestiça - Capitulo 6
Noal?
Ela desmaiou em seus braços.
Droga.
Darién deitou Noal em sua cama.
A pulsação estava fraca e a fronte dela pálida, nunca vira Noal daquela maneira, ela era tão forte e independente que parecia ser invencível.
“Acalme-se vou fazer uma troca de energia. Vai dar tudo certo!”. - Pensou, mas apenas conseguia ouvir o vazio de sua mente.
- Ah como eu queria que você invadisse os meus pensamentos sem ser chamada Noal. Como sempre faz.
Darién pegou o pulso de Noal e se concentrou na troca de energia necessária para que ela se recuperasse sem nenhum dano maior. E depois a deixou sob os cuidados de sua criada pessoal.
Anna.
Ou melhor, quem era aquela tal de Dianna?
Quem era a mulher que tinha amado e que morrera em seus braços?
Ela não se lembrava dele, era como se sua memória tivesse sido completamente apagada, e tudo o que viveram juntos não significasse mais nada.
Ana era outra pessoa, mas mesmo assim a essência era da mesma mulher que amara um dia, e a amava pelo seu caráter e pelo amor e preocupação que ela dedicava aos outros, mesmo quando eles não o mereciam, a mulher brava e destemida que não hesitara em correr todo perigo ao lado de uma criatura das sombras, alguém que o amara mesmo sabendo que um dia ele seria a sua própria destruição.
Essa era a sua Ana.
E de alguma forma Darién sentia que ela precisava de sua ajuda, estava sendo enganada e transformada em uma coisa pelos Dreiger.
Por que eles a iriam querer? O que Ana poderia significar para eles? E por que ela era considerada Princesa perante eles?
Apesar de ter conhecido Ana ainda humana, sabia que ela estava longe disso agora, talvez tivesse sido transformada em vampira, mas ainda sim se fosse apenas mais uma transformada não teria valor para os Dreiger, eles facilmente a transformariam em uma escrava ou prisioneira como já fizeram antes aos que transformavam.
Havia algo, um mistério ali que ele precisava descobrir.
Por ele e por ela.
Seu coração batia descompassado e o desejo de matar aqueles que a tiraram dele ainda era mais forte do que o alivio de vê-la viva novamente.
Apesar de tê-la ali ainda viva, parecia que perdera algo especial.
Amava-a e sempre a amaria.
Mas não era mais correspondido.
E isso lhe dava medo, um medo que nunca pensou em jamais sentir.
Ela se voltara contra ele. E como princesa que era considerada queria destruí-lo. Algo razoável para fazer a alguém que a trouxera pra um mundo de escuridão onde só se sobrevivia o mais forte, alguém egoísta o bastante que dizia que a amava e que não lutara pela sua alma, a sua própria perdição encarnada.
- Kurt.
Chamou.
- Kurt?
Ele não respondeu.
Droga quando precisava daquele demônio ele desaparecia.
Diana saiu da janela e andou mais uma vez pelo quarto.
Não podia confiar em ninguém ali, nunca conseguiria deixar a proteção que seu avô colocara sobre ela desde o ataque. Mas estava decidida, precisava descobrir algumas coisas sobre o mestiço e como não se lembrava de nada, a melhor maneira de recolher informações era direto da fonte.
Mas para conseguir se livrar de todos aqueles homens precisava mais do que seus poderes, precisava da mágica daquele demônio travesso.
Diana sentou-se em sua cama e sorriu. Há quase duas semanas não dormia, parecia não ser mais necessário. E isso era ótimo.
Não se encaixava muito bem naquele lugar e ser diferente não ajudaria muito, por isso gostava de Kurt ,apesar de ser endiabrado era diferente e diante dele não se importava em parecer estranha. Ela era mesmo e Kurt ficava impressionado e não desconfiado dela.
Diana limpou a mente e procurou pela energia do demônio
Ele parecia esta perto, mas sua energia diminuía a cada instante e isso era estranho já que a energia tendia a se menter estável sem o uso de poderes e só diminuia quando a criatura estava perto da morte.
- Isso se chama manipulação energética. - Disse Kurt ao seu lado fazendo com que o coração de Diana disparasse de susto.
- Eu devia te matar por isso seu... - Esbravejou diana com a mão no coração.
- Hora Diana, foi a princesa que me chamou.
Diana o censurou com os olhos por um instante.
- Preciso da sua ajuda.
- Objetiva como sempre. – observou ele reprimindo o sorriso.
- Preciso deixar o castelo. – continuou Diana ignorando-o.
Kurt parou de sorrir e a encarou sério:
- Não acho que isso seja uma boa idéia.
- Kurt, mesmo sendo tratada com todo luxo e tanta preocupação, tenho a sensação de estar presa aqui. E isso só vai acabar quando a ameaça ao meu povo for liquidada.
- Você quer liquidar o mestiço é isso? - Ele voltava a sorrir e Diana já tinha ímpetos de estrangulá-lo ali mesmo.
- Ainda não, mas vou fazer se for necessário. - disse séria o bastante para que ele não duvidasse que mataria o mestiço sem pestanejar. - Mas algo não se encaixa nessa história e ainda eu desejo uma solução pacifica.
- Esta dizendo: sem mais derramamento de sangue e tudo o mais?
Ele a fitava descrente como se estivesse encarando uma vampira com problemas mentais.
- Principalmente de sangue Monroe, apesar de temos vencido o ataque, perdemos muito e não podemos nos dar a esse luxo. Nosso número esta estagnado...
- Até que se ache a cura para o mau que atingem as fêmeas Dreiger. – Disse ele repetindo de um jeito bastante monótono, que parecia ter escutado aquilo milhares de vezes. - Disso eu sei, mas seja realista princesa. – Kurt sorriu. – o que você quer é impossível.
- Ainda sim vou tentar. - Tornou confiante sem deixar-se abater pala descrença.
- E o que vai fazer?
- Misturar-me aos mestiços.
- Por quê? - Perguntou o demonio perplexo exigindo um grande esforço de Diana para não rir. Agora ele a encarava como se a achasse louca.
- Hora ninguém me conta nada aqui, Victor e meu avô me tem como uma menininha frágil e sem cérebro, sei apenas do básico de toda a minha história e eu devo confessar que eu sei quando mentem pra mim.
- E estão mentindo pra você? - Questionou.
- Kurt você mesmo suspeita do meu incrível retorno.
- Eu nunca disse isso. – defendeu-se.
Diana revirou os olhos:
- Também tenho a mesma suspeita. Nunca me falaram sobre os meus pais, tenho apenas um avô, que diz que tenho quase mais de um século de vida que eu nem me lembro, e a única coisa que eu sinto é a sensação de que esta tudo errado.
Kurt a fitava quieto, decidindo os prós e os contras, talvez tentando arrumar uma desculpa ou as palavras certas para dizer que ela estava ficando louca e que não a ajudaria, mas para a sua surpresa ele pareceu decidido quando disse:
- Vou ajudá-la.
- Jura? - Diana respirou aliviada.
- Com uma condição.
“Estava bom de mais para ser verdade”. - Pensou.
- Eu ouvi isso.
Diana não se desculpou.
- Quero que interceda por mim diante do mestiço.
"Isso sim é estranho". - Pensou.
- Ele não fará nada a você. - Disse.
Kurt sorriu de um jeito maquiavélico:
- Fui eu quem tocou o sinal de intrusos. – Confessou.
- Por que fez isso?
- Não queria... Não importa o que eu queria. Há tempos estava querendo dar o troco aos mestiços.
- O que ouve entre vocês?
- O marido daquela ruivinha.
- Esta falando de Noal?
- Sim. Halph. Já lutamos algumas vezes e a última ele me venceu.
- Ele já está morto Kurt.
- Sim, como a minha dignidade também ficou quando eu ajudei a irmã dele.
- Deixa de drama Kurt o pobre já morreu e Noal espera uma criança dele que não vai conhecer o pai, isso sim é dramático.
- Ela esta grávida?
- Sim.
- Um bebê inteiramente de dois mestiço é uma raridade, ainda mais com dois pais poderosos. Eu acho que o último desses é o Darién.
- E os outros?
- Geralmente são todos mestiço de humanos, transformados que fugiram da prisão e do poder do seu avô. - Kurt sorriu e se levantou olhando para a janela. - Qual o destino?
Mas Diana não teve tempo de responder e antes que piscasse ou buscasse ar para tomar folego, foi envolvida pela total escuridão.