'' VEROES DE NOITES ESCURAS ''
...e no verao chove muito, muito mesmo
no fim da tarde, ja' escurendo e a boca da noite se abrindo, nuvens negras se formando, trovoes e raios la' longe anunciando a tempestade chegando, e a noite chegava mais cedo, o vento forte vinha primeiro, levando tudo de roldao, bacias de aluminio voando como discos voadores, papeis, plasticos, folhas e terra se misturando e o vento tudo levando, tudo carregando, era dificil caminhar pelas ruas de terra nestas horas, a areia castigava, baita na boca, entrava nos olhos, virava no avesso sombrinhas e guarda-chuvas ..
E as luzes dos postes se acendendo, as das casas tambem, mais cedo, os passarinhos nestas horas ficavam bobinho, sem rumo....o sol sumia rapido e rasteiro e eles, os passarinhos, coitados!!! achando que ja' era a hora de ' nanar'''...e o vento aumentando sua intensidade, agora ja'
'' uivando'' uauuuuu auuuuu parecendo lobos uivando para a lua cheia...incrivel!!! e o vento vinha sibilando, cortando como faca afiada, balancando fios da rede eletrica e os fios se enroscando e faiscas soltando, parecendo fogos de artificio....
E a noite ficava mais e mais escura, sumiam a lua e as estrelas, e so' se ouvia o som dos raios e trovoes e agora a eletricidade se foi, ruas e casas 'as escuras, nas casas, fechadas por causa do vento e da chuva forte, dos raios e trovoes, a luz das velas, lamparinas , e para quem via de fora, pareciam que dancavam, o vento conseguia dar este efeito, entrando por debaixo de portas, vaos de janelas, frestas....
E a agua da chuva era muita, fazia barunho batendo nos telhados, caindo no chao, escorrendo, procurando saidas, derrubando muros e a enxurrada formando valas nos lados das calcadas, das ruas de terra batida, que agora tinham virado um verdadeiro lamacal, ainda mais que carros passando, amassavam aquele barro, que grudava nas rodas, nas solas dos sapatos, espirravam nos parabrisas dos carros que se atolavam, motoristas desciam, empurrava, jogavam barro nas calcas, nas bundas das calcas, e os carros por la' ficavam...amanha de manha tiramos, diziam, e caminhavam em baixo de chuva, pisando, amassando barro com os pes' descalcos agora, tinham os sapatos nas maos, que se estivem calcados, ai meu deus, no barro ficavam...e amanha ''' frierias'' que pisar no barro descalco da' isto mesmo...frieiras, que '' cossa' mais que bicho de pe', nao sara, sangra, doi, incomoda...
...e era um tal de fazer remedios caseiros...fumo de corda picado, bem picadinho, vinagre e urina de mulher se fosse para curar pe'de homem...e de homem se fosse para curar pe' de mulher...funcionava para frieira que so' vendo, que estranho!!
E a noite ficando mais negra, mais escura....diziam ate....' que noite preta!!!....as velas e as lamparinas agora se apagando, hora de nanar, de nanar nao...de deitar e ficar escutando, pensando ....na escuridao, no vento, na chuva...fortes, ambos, fazendo barulhao...e as casas nao tinham forro, as telhas ficando encharcadas e pingando, como se chorando, mudando camas de lugares, ir dormir em outros lugares, amontoados....com medo, medrosos, com medo claro!!!...quem nao tem? medo da mae natureza?
E ela, a mae natureza furiosa, roncando braba que so' vendo....e de repente tudo ia se acalmando, o vento agora soprando fininho, virando brisa, a chuva parando, goteiras se escutando, bacias e baldes, latas se retirando...mas ninguem para fora saindo de casa nao...que a noite ainda era escura, negra....preta noite sem lua e sem estrelas..e o banheiro la' fora...la' longe...quem ia? pisar no barro e ainda por cima na escuridao? nem morto!!!
Ahhhhh!!! noites de verao...quentes veroes...quentes noites estreladas e enluaradas ...mas nunca se conta, se fala, se coloca em rimas e poesias as noites de Veroes escuras, negras, pretas...sem lua e sem estrelas e com vento forte e chuva torrencial....ahhh !!! que noites infernais...mas engracado!!! deixou saudades...nao sei o que agora acontece...parece que nao tem mais ...
Verao de noites escuras, negras, pretas...sem lua e sem estrelas...tem?
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