Mulheres e mistérios
São vinte e uma horas e alguns minutos. A mulher dentro do quarto não ouve a música do rádio. Não quer saber de romantismo. Sonha pouco e compreeende inglês menos ainda. Não quer traduzir o sentimento da balada triste. É mais de ficar em silêncio interior.
Uma aranha sobe pela parede do quarto, vagarosa, deixando um caminho de seda incrivelmente fino e belo. Entre a cena da aranha e um olhar pela janela, um luar. É uma noite de verão.
Arrancando suspiros dos amantes, uma lua cheia que chega a encher o vazio do céu sem estrelas. E a mulher está sem sono. O marido saíra para o bar? Não sei bem, não. Talvez ela seja solteirona e ache que a vida está no fim... E esteja num anseio infinito de gritar ao mundo que a vida é egoísta ou, possa nem gostar de luares.
E a noite segue para dentro... Com suas madrugadas, seus sons, seus encantos. Em algum momento a mulher irá fechar a janela do quarto e encontrar a lua. Ora, o céu é um enorme silêncio, mas suspeito que é por isso que a lua o escolheu. Entre os encantos da noite e uma mulher solitária pode haver algum mistério. E que mulher tem mistérios, isso tem!