Juntando dois mundos

Carlos chegou em sua casa, cansado depois de um longo dia de trabalho, e foi direto para a cozinha. Largou as chaves na mesa e preparou uma quente xícara de café. Entrou na sala, ligou as luzes e sentou-se em uma confortável poltrona vermelha de veludo. Havia esperado por aquele momento o dia inteiro. Finalmente, pegou seu livro e o abriu. Começou a ler, depois de vários dias sem este privilégio, e esqueceu-se de seu mundo. Mergulhou em um mundo de fantasia, onde também problemas aconteciam.

A personagem corria nervosa. Seus pés tropeçavam em raízes e obstáculos que havia na terra molhada. Seus braços, na frente do corpo, desviavam inúmeros galhos com espinhos e folhas. As árvores estavam assustadoras, como se pudessem atacá-la. A cada movimento seu, várias gotas geladas caiam sobre sua branca pele. O céu, escuro com raios e trovões ameaçando a bela garota. Ela estava assustada e não sabia para onde ir. Apenas corria. Não se dava ao luxo de olhar para trás para conferir se o homem ainda a perseguia. Apenas corria. Sua respiração era alta. Ela podia ouvir. Os batimentos cardíacos, acelerados. A garota ofegava. Um homem monstruoso a seguia. Ela podia sentir. Não estava sozinha na floresta. A cada piscar de olhos dela, o céu escurecia. Carlos podia sentir isso em cada linha que lia. Ele estava nervoso e não desgrudava os olhos das páginas. Ela estava nervosa. Corria e corria. A floresta não acabava. Os olhos da garota não estavam totalmente abertos. A chuva atrapalhava sua visão. Ao seu lado ela via árvores, vultos e sombras. Não sabia se eram reais e sua imaginação voava quando ela pensava em tudo o que poderia acontecer. Ela tinha medo. Muito medo. Minutos antes, passeava pela floresta, antes de se perder. Quando olhou para trás, viu um homem. Ele vestia um sobretudo marrom assustador, suas mãos eram grandes e usava um chapéu preto. Ela não conseguia ver seu rosto. Apenas tinha medo. Os passos do homem eram firmes e pesados. Ela começou a andar. O homem a acompanhou. Com medo, a garota começou a correr cada vez mais rápido, apenas se concentrando em não cair e não olhar para trás. Mas isso não foi possível. Se ela gritasse, ninguém a escutaria. Em um piscar de olhos, ela estava ao chão. Havia tropeçado. Era uma descida, a garota começou a rolar na relva molhada sujando todo seu vestido. Um vestido que antes era azul e delicado, agora estava sujo e molhado. Ela então viu o homem. Ele ainda estava com o sobretudo, mas sem o chapéu. Provavelmente havia caído durante a corrida. Ele se aproximava, estava chegando perto. A garota viu o rosto do monstruoso homem. E ficou com mais medo ainda. O rosto tinha uma enorme cicatriz que dividia o rosto ao meio. Em ambos os lados, vários cortes e cicatrizes. Ele tinha rugas e olheiras profundas. Era assustador. A garota se levantou e continuou a correr. O mais rápido que podia. Correu durante alguns minutos e parou. A floresta havia sumido. Ela olhou para trás e viu que o homem sumira. Não chovia mais e estava mais claro, ao longe ela via pássaros voando e árvores frutíferas. Via uma grama verde e cuidada. Então flores começaram a surgir e ela viu o sol se pondo ao longe. Estava em um jardim. Jardim de uma casa. A casa surgiu. Ela era branca e grande, uns dois andares com janelas verdes. A garota, agora mais calma, respirava rapidamente. Estava cansada. Mas acima de seu cansaço estava a curiosidade. Onde ela estava? Começou a andar. Subiu alguns degraus, abriu a porta e entrou na casa. Passou pela cozinha e sentiu cheiro de café. Entrou na sala e avistou uma poltrona vermelha de veludo. Sentado na poltrona, estava um homem. Um homem que em uma de suas mãos tinha uma xícara de café e em outra um livro.

Beverly
Enviado por Beverly em 18/08/2010
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