O Canto do Cisne - (2° Capítulo)

Chegando ao meu estúdio, aproveito para trocar a lente da câmera antes da próxima sessão, o diário sobre a mesa não para de chamar minha atenção, então, eu logo o abro no objetivo de procurar algum contato que me leve até o paradeiro de sua dona, sim, porque pelos detalhes em rosa e toda a delicadeza que havia nele, só podia ser de uma mocinha. Abro à primeira pagina e nada de números ou endereço, mas me deparo com uma bela poesia, cheia de reflexões, sentimentos e sensibilidade, lindas palavras que falavam justamente sobre inspiração, o que me faltava hoje, confesso que ao ler aquilo, um mar de inspiração ferveu em mim. Logo fui mudando as paginas e eu sempre acabava me deparando com pensamentos e poesias que mexiam muito comigo, ela era dona de idéias únicas, uma forma de ver o mundo um tanto agradável, eu estava encantado com suas palavras e enquanto eu procurava mais poemas e pensamentos, acabei achando um numero de telefone, isso já na contracapa, o que me fez perceber que acabei lendo boa parte de seu diário, o que não me orgulho muito, mas acho que ninguém pode me culpar e ela também não precisa ficar sabendo. Logo liguei e uma voz doce atendeu, eu logo disse a ela o motivo de eu ter ligado, confesso que nunca alguém me agradeceu tanto quanto naquele momento, de acordo com ela, ali estavam coisas muito importantes e que ela já estava desesperada atrás desse diário. Logo decidimos marcar um lugar onde eu o pudesse estar levando para ela, o lugar que ela citou me surpreendeu: “Hoje à noite na porta do teatro O Canto do Cisne”.

Isso não seria tão surpreendente, não fosse por ser exatamente onde aconteceria aquele mesmo evento das bailarinas divulgado pelo outdoor, isso já está virando um karma. Antes de ir, eu ainda tinha uma ultima sessão e graças a toda aquela inspiração ganha em meio a tantas belas poesias, fora uma de minhas melhores sessões, algumas fotos foram até cotadas para serem expostas em um grande evento de fotografia em um futuro próximo. O tempo passou e logo a lua deu o ar de sua graça, me preparei então para ir levar o diário e já a caminho do evento, meu celular tocou, era a mocinha do diário, dizendo para eu ir até a portaria e dizer meu nome, o resto era com ela. Aquilo me assustou um pouco, mas fiz o que ela pediu e ao chegar a postaria e dizer o meu nome ao segurança, ele me entregou um bilhete e me acompanhou ate uma cadeira já dentro do teatro, eu ainda não estava entendendo, logo às luzes se apagaram e o show começou. Solos de violino tomaram conta do teatro, muitas bailarinas entraram no palco, onde dançavam graciosamente e em meio a tudo isso, o mais improvável aconteceu, era ela, aquele rostinho angelical, aquele sorriso, aquela moça linda dos meus sonhos, ela estava ali, a minha frente dançando sobre o palco, eu não sabia mais o que pensar, como pode isso ser possível?

Acompanhei toda a peça atenciosamente, um dos momentos mais inspiradores da minha vida devo confessar, logo as cortinas se fecharam, eu tinha que falar com ela e quando eu ia saindo, o segurança me chamou atenção, disse que alguém queria me ver, foi então que me lembrei do diário. Ele pediu para que eu o acompanhasse e foi o que eu fiz, eu olhava de um lado para o outro a procura da bailarina, mas ela não parecia estar em lugar algum, foi quando uma voz chamou por mim, aquela mesma voz doce do telefone e ao olhar pra ela, senti o chão fugir dos meus pés, era ela, a garota dos meus sonhos, a bailarina, ali na minha frente e o diário era dela. Ela olhou para o diário em minhas mãos e sorriu, eu lhe entreguei em mãos e ela mais uma vez me agradeceu, eu não sabia o que dizer, se eu disser tudo o que tenho em mente, ela vai me achar um louco… Ela então disse:

-Você não esperava por isso, não é mesmo? Espero que tenha gostado.

-Muito pelo contrário, você não sabe o quanto eu esperei por isso e sim, eu gostei, foi lindo, um sonho eu diria.

(continua...)