A Princesa Mestiça - Capitulo 3

Cap 3

Era o sinal de alerta.

- Intrusos. - Disse Victor olhando para Elliot que estava impassível sentado em seu trono.

- O castelo foi invadido. - Disse um dos guerreiros de Victor adentrando a câmara ofegante e ferido.

- Victor proteja Diana.

- Milord devemos tirá-lo daqui com segurança. - Sussurrou victor ao ouvido do seu rei.

Elliot pegou Victor pela garganta apertando com um décimo de sua real força. Era a primeira vez que Diana via seu avô se descontrolar e ainda mais com Victor.

- É seu dever protegê-la. – Em seguida o largou.

Victor levantou-se e pegou Diana pelo braço, Diana encarava o pequeno conflito muda, não era tola de contrariar seu avô. Aprendera isso no decorrer daquele mês, observando-o e percebendo o peso de sua mão implacável para com os seus súditos desobedientes.

Quando já cruzavam a alta porta de ferro e ganhavam o corredor, Diana resolveu se pronunciar:

- Não deve desafiá-lo Victor.

Ele sorriu de um modo estranho:

- Garota esperta. – Disse ele continuando a arrastá-la.

- Mas mesmo assim eu quero ficar.

Diana parou abruptamente demonstrando a sua real intenção.

- Não tanto quanto eu imaginava. – Tornou ele num suspiro impaciente parando pra observá-la.

- Sei que quer vingar-se de quem o feriu daquela maneira.

Ele ficou tenso por um minuto.

Ela sabia do seu profundo desejo de vingança e usaria isso para conseguir permanecer no castelo e lutar como uma guerreira.

- E se é realmente o meu companheiro. - Tornou Diana. - Eu sei que quer acabar com o rei Mestiço que quase me tirou a vida.

- Elliot deseja que fique em segurança.

- Sei me proteger muito bem Victor e você sabe disso.

- Você já sentiu o peso das mãos do mestiço. Ou já se esqueceu disso?

- Sou diferente agora. Mais forte. Eu sei disso. Eu sinto...

- Isso não muda o desejo do seu avô. – disse ele ríspido, voltando a puxá-la pelo pulso.

- Enfrente-o uma vez por mim Victor.

- Não. Você ficaria sem seu prometido. – Ele riu com amargura.

Diana percebeu o medo em Victor, razão pela qual ele era tão fiel ao seu avô, razão pela qual o conselho servia apenas de enfeite e pela qual o povo Drenger não housava se rebelar.

-Ele não ousaria tirar a vida do meu parceiro.

Pelo menos algo deveria ser importante para o rei, ao menos os desejos de sua neta. sangue de seu sangue, tudo o que seu avô tanto estimava.

-Não o subestime. – Disse sombrio.

-Eu vou lutar, não vou me esconder e no fundo eu sei que é isto o que você também quer.

Afinal ele era um guerreiro, era o que ele era, queria esta no campo de batalha e não se escondendo como uma garotinha medrosa.

- Pare com isso Diana, estou avisando. Ou serei obrigado a tirá-la daqui a força. Precisamos ir para longe do perigo.

-Precisamos defender o nosso povo, Victor. E não fugir como covardes.

-Isso não é apenas uma fuga, você é importante de mais para cair nas garras dos transformados ou daquele mestiço.

-Não vou fugir.

Ele a agarrou pelo braço, cumprindo a ameaça de tirá-la dali a força. Mas Diana foi mais rápida e desvencilhou de suas mãos.

Victor a fitou surpreso e não demorou a investir contra ela. Diana percebeu que a força que ele usara no golpe teria sido o suficiente para desacordá-la ou ter provocado uma lesão séria.

Ela sibilou com fúria, ele não podia ameaçá-la daquele jeito. Eram parceiros.

-Elliot vai ficar sabendo disso Victor. – Avisou Diana com calma, eles se movimentavam com cuidado, se tornando oponentes um do outro.

-Farei o que for preciso para mantê-la a salva Diana, até mesmo lutar contra você.

Ela investiu contra ele com toda a sua força adormecida. Um corte fino já se pronunciava no rosto impecável do seu prometido, Victor caiu com seu ataque e Diana se encontrava sobre ele, ela o segurou pelo pescoço a fúria tomando conta do seu ser, estava ofegante pelo esforço do ataque, seu cabelos prata estavam mais claros e seus olhos antes de um canela infinito agora se misturava com o verde, azul, cinza e o preto tão negro quanto a noite, eles brilhavam dando-lhe poder, dando vida aos olhos de um mestiço que ele conhecia com o ódio do próprio ser, Victor a fitava com um misto de descrença e fascínio.

-Nunca mais ouviu bem, nunca mais levante a mão contra mim Victor. Não serei paciente como meu avô foi. Eu vou ficar para defender o nosso povo e arrancar a cabeça do bastardo que tirou a minha memória e séculos de vida e não tente me impedir.

Ela o soltou e pegou a espada que ele trazia embainhada.

-Não imaginei que teria uma luta na minha coroação, deixei as minhas armas nos meus aposentos, ficarei com a sua se não se importar.

Victor tentou pronunciar algo, mas ela o deteve. Ajoelhando ao seu lado ela o beijou.

- Eu vou acabar com a vadia que o deixou naquele estado.

Ele sorriu, ela se levantou e estendeu-lhe a mão.

- Não deixarei que Elliot me veja, e sugiro que faça o mesmo, quando isso terminar eu me acertarei com ele. – disse enquanto ele ficava de pé novamente ao seu lado.

- Você e muito corajosa Diana.

- Você não sabia disso?

Ele sorriu.

- Acho que não me conhece muito bem. – Disse Diana desaparecendo de suas vistas.

***

A luta já havia começado e já se ouvia gritos e o som de ferro em atrito ao longo o corredor.

Noal e Darién já tinham as espadas desembainhadas, cobriram a guarda um do outro quando vieram os primeiros combatentes na defesa do castelo e de seu rei, logo tudo virou uma luta furiosa e para onde se olhava havia conflito, desafio dor e sangue.

As duas espécies lutavam uma contra a outra sem piedade, defendendo-se da melhor maneira possível. A guerra era doce e despertava o pior das pessoas, os ideais eram distintos mais o intuito era único: sangue, morte e vingança...

Darién desarmou um dos guardas do rei e o locauteou, deixando-o desacordado, logo outro veio tomar o lugar dele e Darién decidiu parar com a brincadeira, eles não eram o seu alvoagora, havia alguém muito maior que ele queria ferir e não descansaria até que conseguisse.

Proferiu um golpe no aprendiz que saiu cambaleante, Noal não estava mais a sua vista, talvez já estivesse envolvida em outra luta e logo o acompanharia.

Darién seguiu pela escada sinuosa atraído pelo cheiro do vampiro que destruirá o que mais amava. Era um cheiro distinto que deixava rastros se assim ele o quisesse, e isso era o que confundia. Elliot não deveria querer que o seguisse se sabia o que era bom para a sua existência.

Darién entrou na imensa sala.

A sala do conselho.

Estava vazia, a não ser por Noal e outra mulher que estava de costas para ele, ela como Noal empunhava uma espada, a da garota era idêntica a espada de Victor que já cortara a sua pele mais de uma vez. Os cabelos prata tão incomum pra sua espécie brilhava, ela estava calma enquanto que Noal a fitava com descrença como se tivesse vendo um fantasma.

"O que há com você Noal parece esta em estado de choque?" – pensou Darién se comunicando com ela através da telepatia.

A mulher se virou para encará-lo como se tivesse escutado o pensamento dele, um gruído saindo ameaçadoramente da sua garganta, os olhos dela era uma mistura incrível de cores, era como se ele estivesse vendo seus olhos refletidos em um espelho, e apesar de toda mudança ele não podia acreditar...

Anna...

"Errado". - A voz dela soou alta e clara na mente de Darién respondendo ao pensamento conturbado para em seguida investir contra ele com ferocidade.

Darién não se desviou do ataque dela por que não podia fugir daquela que havia levado o seu coração para o túmulo, estava surpreso com a tamanha semelhança entre as duas, mas aquilo devia significar alguma coisa. Era Anna, estava diferente mais ainda sim era ela, Darién podia ter certeza disso, os cabelos ruivos não existiam mais e o doce dos seus olhos castanhos foi substituído pela mágoa e fúria reflexo perfeito dos olhos de Darién, ela não parecia surpresa de revê-lo, estava furiosa.

Ela o encarava friamente como se não o reconhecesse e Noal apontava a espada para ela.

- Noal abaixe. – Darién pediu.

Ela não o escutou e continuou com a postura de ataque e defesa.

- Eu não sei o que aconteceu aqui. – tornou Noal arfante. - Mas ela não é a Anna, Anna esta morta milord.

- Se você não abaixar essa espada, eu vou arrancar a cabeça do seu rei, Noal. - A voz dela era baixa e sedutora, mas ainda trazia um Q de provocação e sedução.

Ela desafiava Noal? Não, aquela não podia ser a mesma Ana.

Ana nunca trataria Noal com aquela petulância e nunca o ameaçaria daquele jeito.

Anna era docil e gentil e necessitará de algum tempo até parar de sentir medo de Noal.

Noal abaixou a espada relutante.

Subitamente Darién percebeu a deixa de Noal e aproveitando o minuto de descuido ele facilmente a desarmou, a espada caindo a metros de distância deles. Ela o fitou friamente e sorriu, ele se afastou cautelosamente dela, ela era astuta de mais e poderia fazer com que ele a machucasse mesmo contra a sua vontade.

- Quem é você? – Perguntou Darién.

- Creio que não o convidei para a minha coroação Milord.

- A princesa Dreiger. – Balbuciou Noal chocada.

Noal segurava o braço, que sangrava muito, pelo que ele acabava de presenciar a princesa era muito habilidosa com a espada.

- Impossível. Noal ela não é uma vampira.

Diana ergueu a sobrancelha.

- Os olhos dela Noal. – Definitivamente não era uma vampira.

- Ela é mestiça. - A voz de Noal era incrédula enquanto a fitava.

Diana gargalhou:

- De uma Dreiger para um Mestiço? Não gosto de ser rebaixada.

Noal a fuzilou perdendo a paciência.

– Ela definitivamente não é a Anna, Milord. - Tornou Noal irritada.

-Essa mulher é arrogante e insuportável.

Diana a fuzilou:

- Como se já não me conhecesse. Vocês quase acabaram comigo.

- Se ela for a Anna, fizeram alguma lavagem cerebral nela. – Tornou Noal ainda irritada.

- Ora, vejo que já encontrou o rei dos mestiços e a sua seguidora vadia, Diana. – Observou Victor, se postando ao lado de Diana numa agilidade impressionante, trazendo consigo a espada que Darién tirara das mãos de Diana.

- Vadia é a sua mãe. – Tornou Noal empunhando a espada novamente. – Ah me perdoe. – Volveu ela numa voz doce. - Esqueci que você é um bastardo sem mãe.

Victor sorriu de um modo ameaçador, faria Noal engolir aquelas palavras. Como todos os Dreiger a linhagem era de extrema importância e de orgulho, não deixaria que ela o depreciasse daquela maneira.

Victor desembainhou uma nova espada e a entregou a Diana, Darién pode perceber as jóias raríssimas e o selo real do povo Drenger encravado no aço.

- Obrigada Victor. – agradeceu ela apreciando a peça.

- Bom, vou acabar com aquela vadia como acabei com o parceiro dela. – Victor investiu contra Noal com uma fúria cega, mas antes que a atingisse Darién entrou em sua defesa atacando Victor sem muito sucesso, Victor desferiu outro golpe do qual Darién se safou com incrível habilidade. Noal se afastou do embate que a cada segundo ficava mais perigoso, enquanto Diana chamava a atenção de ambos.

- Sua vingança terá que ficar para mais tarde Victor. – Interrompeu Diana.

Victor não a encarava permanecendo concentrado no rei dos mestiços que seguia cuidadosamente os seus passos numa área opostas, ambos andando em circulo carregado de tensão.

- Não seja tola.

- Não falte com o devido respeito comigo, Victor. – Repreendeu Diana.

- Por que vocês não deixam para discutir a relação em casa? – Tornou Noal impaciente.

Darién emitiu um gruindo, Ana pertencia a ele, somente a ele, imaginá-la nos braços de outro homem, ainda mais Victor o deixava em um total estado de fúria cega, Ana a quem ele havia amado com intensa paixão e desespero, a quem iniciou nos mistério do prazer do próprio corpo, aquela que era dona da sua alma e de todo o seu ser, a quem ouvira gemer e sussurrar o seu nome com tanta doçura enquanto faziam amor. Não podia imaginá-la fazendo aquilo com outro homem, era como esta destruindo parte do seu ser, a mesma dor que sentiu quando pensou que a havia perdido para sempre.

E ele não a perdera. Ela estava ali, viva em sua frente.

- Cale a boca Noal ou eu vou esquecer que carrega um filho e cuidarei pessoalmente de você. – Esbravejou a princesa.

Noal vacilou diante da ameaça e Victor a encarou com atenção.

- Por que eu esperaria para me vingar de um Monroe?

- Não atacamos crianças Victor, principalmente aquelas que ainda nem nasceram.

- Isso não se aplica aos mestiços e transformados.

- Eu digo que se aplica. Que espécie de covarde é você?

- O que ataca pelas costas, foi assim que ele acabou com Ralph como o grande covarde que é. – Tornou Noal amarga.

Diana olhou Victor descrente:

-Não é uma conduta que se espere de um futuro rei, Victor. – Reclamou Diana. – Devemos vencer as nossas batalhas com honra.

- Futuro o quê? – Interrompeu Darién furioso.

- Rei. – Tornou Victor petulante. - Diana e minha Monroe.

Darién deixou escapar de sua garganta um ruído gutural e proferiu um golpe em Victor que atingiu seu braço em cheio e o fez cambalear. Diana entrou na frente do prometido, ficando entre ele e Darién.

- Mas isso não se aplica a você Darién. – disse Dianna o encarando com os olhos brilhantes de fúria.

Darién parou chocado, não porque ela entrasse na frente de alguém sem escrúpulos para defendê-lo; e nem por que esse alguém que ela ousava a enfrentar era ele, parou por causa do seu nome dito pelos lábios dela.

Diana o encarou confusa, seu olhos chegando por um minuto mais próximos do tom castanho, Victor também ficara mais tenso.

O silêncio se prolongou na câmara do conselho e naquele exato momento Darién pode jurar que a mulher na sua frente se lembrara de quem realmente era, e o sentimento que havia existido entre ambos antes disso tudo começar.

Noal fuçou as lembranças de Diana agora que ela mantinha a guarda baixa sem as barreiras que ela levantara no inicio da luta.

Percebeu que suas lembranças era um caos, e ouviu o grito de desespero de seu rei ecoando como uma vaga lembrança, Diana piscou uma vez e olhou para Darién com atenção.

- Você esta se lembrando Anna, lembrou do dia em que fomos atacados.

Diana sibilou:

- Pare de entrar na minha cabeça mestiço.

- O que vocês fizeram a ela, Victor? – perguntou Darién com fúria contida. Diana recuou, se aproximando mais de Victor na intenção de protegê-lo de um ataque que estava certo por vir.

- Victor do que eles estão falando? – Perguntou Dianna encarando o rei mestiço ameaçadoramente.

- Estão tentando confundi-la, a vadia é muito boa com isso.

- Eu vou arrancar a sua cabeça Victor. – Ameaçou Noal se adiantando até ele.

- Diga Ana, você não se lembra realmente de mim? Sei que não quer me ferir, nem poderia, você é minha. Acho que se transformou por isso, por minha causa.

- Você esta ficando louco. – Desdenhou a princesa.

- Você lembrou do meu nome.

Diana estava pálida.

Sim era verdade, mas...

- Eles a fizeram refém Diana é muito provável que a sua memória tenha guardado algo, o nome do seu raptor pelo menos. – disse Victor tocando levemente a renda que cobria a cintura de Diana.

Darién sibilou expondo as presas ameaçadoramente. O simples toque o fazia arder em ódio e desejo de vingar-se. Como Victor se atrevia a tocar em sua companheira? Era insano, mesmo assim não era menos poderoso, a custo Darién conseguiu se controlar.

- Você sabe que não é só isso Anna.

- Deixe-me em paz. Tire Noal daqui antes que eu me arrependa por ter intercedido por ela, e pode ficar certo que da próxima vez que eu encontrá-lo não irei ter piedade de você mestiço. Vingarei-me de você, derramando o seu sangue. – Prometeu.

Darién sabia que ela não poderia fazer aquilo, mas sabia que ela não era a mesma mulher que tinha morrido em seus braços estava diante de uma mulher voluntariosa, altiva, outra mulher mais ainda assim a mesma que amava, sua companheira marcada e sabia que logo ela perceberia isso e se juntaria a ele.

Noal estava pálida continuava a perder sangue e não agüentaria muito mais tempo de pé. Indo ao encontro de Noal, o rei mestiço a abraçou e juntos sumiram diante dos olhos de Victor e Diana sem deixar rastros.

Penélope Silva
Enviado por Penélope Silva em 27/07/2010
Reeditado em 27/07/2010
Código do texto: T2402150