Era uma cidade engraçada,
todos os habitantes dela,
falavam de forma rimada.
Do humilde pescador,
até o esperto administrador.
Não importava a profissão,
o falar versejado fazia parte,
da forma de expressão.
Da criança levada,
a vovó bem - humorada,
a adolescente barulhenta,
a vizinha briguenta,
o padre, homem de fé,
o guarda de trânsito e seu boné.
A melodia fazia parte,
do seu dia-a-dia.
Tudo era motivo para virar,
uma poesia.
Nesse lugar pitoresco,
por mais que o assunto fosse grotesco,
poetar era refresco.
Num certo dia frio, chuvoso,
com tom misterioso,
o céu preto que só,
os moradores assustados e nervosos,
despertaram,
com barulhos estrondosos!
Um vento forte, carregado,
desastroso,
levou as rimas embora,
num redemoinho horroroso!
A comunicação das palavras,
da cidade das rimas deixara de existir agora!
Agonia total tomou conta de todos.
Ninguém mais se compreendia,
um falava abacate e outro entendia melancia.
O mundo tinha caído!
Coitado desse povo sofrido!
Cada um do seu jeito,
foi pedir ajuda,
mas ninguém sabia ao certo,
onde estava o causador,
de tamanha confusão.
E então foi o prefeito,
que tomou a séria decisão.
- Vamos falar sem rimas, e assim que a tempestade se for,
nossa interação comunicativa vai retornar.
Assim os moradores fizeram.
Tudo foi ficando mais calmo...
quando o sol novamente brilhou,
todos voltaram a prosear,
de forma alegre a rimar.
A cidade das rimas esta hora,
está em seu estado normal,
e seus habitantes felizes,
com o palavreado poético inconvencional!


Texto participante da Antologia Palavras sem fronteiras volume 2 edição Brasil-Argentina
Kunti
Enviado por Kunti em 22/07/2010
Reeditado em 24/03/2020
Código do texto: T2393641
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