A flor da samambaia

– Prosa Poética

Tudo é sonho modelado.

...Sereias que de tal forma arrastam a metade peixe luxuriante sobre os seixos; deixando marcas nos saibros e areias. Mal abrimos os olhos e lá está à flora, protegida por espírito maléfico, oferecendo o dia com medo da alma nua dos mortos. Para muitos um giro nas profundezas, além da recordação espetacular. Espelhamento sob a água jogada sobre o rosto. Face úmida que ainda guarda reflexos do gênio noturno. Espécie de espaço onde habitam seres. Viventes no oco da floresta anímica. Estranhos espíritos, maléficos, benéficos e neutros. Talvez fosse o momento certo para criação de novo mito solar, sendo por demais, útil, cobrir a essência do próprio elemento, com representações sobre tal “alma” ligada ao embriagador e perigoso fogo invisível. O não saber por onde dominá-lo, além da fluídica carga de fascínio condimentado graças ao deslumbramento que mata o vigor prático. Útil.

É exemplar tanto quanto prosseguir. Sempre guardando o refúgio de crateras extintas sobre o medo; somente o silêncio rege a evasão da expressão: Tudo é um sonho modelado. Sonho modelado que o pensamento burila com passos desconhecidos, tão vivos quando a astronomia do céu. Céu a descoberto, abóbada celeste que pede a noção de vôo para toda amplitude. (Aos que não possuem asas foi conferido o estado anímico para surtir efeito de movimento infinito em plena imobilidade)

Tempos recuados depositei um pacote de fumo no tronco da figueira para espanto da visão. Havia o menino alado montado em caititu. Dava de tirar a sorte por esquecimento de fumo, no princípio das coisas, e do fim de todas elas; pois somos o meio, desse espaço celerado. Mesmo em face das serpentes monstruosas, do caos, do mar tumultuoso, além do olhar divino, o mesmo que sempre abrigou a espetacular residência-útero onde se visualiza a eternidade incompreensível e singular da vastidão. Ó astro divinizado! Que gozo! Que plenitude! Existência na luz imersa em latência...

Há muita vida embora em baixa percepção da parte oculta. Há vida nas sombras e escuros da subjetividade. Preconizadas divindades que pontuam cada caminho. O trílogo dos deuses reaparece com a sua trilogia no vestígio aparente em seu começo e fim. Saber-se-ão não ser. Para abstrair até se perder enquanto ser e totalidade. Buscam especial atenção contra a terrível carnificina da criação: esse ínterim de se perder dentro da carne da alma deitada em sonhos. Nela se entrega brutal e é preciso intervir espalhando beberagem de sumo de romã em teu beijo. Alguém tomará por sangue, mas aquele que compreender, se verá livre da maldade. Poderá haver engano, mas a imaginação cria o mundo metamorfoseado.

E o que é melhor em ti ó minha querida deusa; para reger os passos do dia. Por ela vamos passear na barca lírica. Sempre navegando em tais ambientes celestes disponíveis no prazer e no canto. Esforço para dar retrato ao gozo íntimo das horas límpidas.

Sem ter estado sobre a terra com seus apocalipses de raios, suturas e trovões, de onde vemos recuperada a esperança relembrada das auroras (Dizias “ororas” e havia paz entre o idioma singelo) quando tudo se põe certo para que sintam permanente o caloroso amor. Claro, a paz é a filha primeira do amor. Advinda pela arca do afago desinteressado, abrindo-se, ao poder mágico da pele, florindo os mais elevados sentidos entre os sentidos: alegria sem cólera dos encantamentos. Mal sabíamos cultivar o solo, ontem, vivíamos sem leis inúteis, postos que justas, conhecíamos o afeto; nossa única e real ciência. Forte era a amizade mantida viva próxima da rudeza dos abandonados a escravidão perpétua da ganância.

Mesmo o apego esvaído da brutalidade dessas ações de impulso, de onde brota uma cidade na alma e uma arquitetura nos olhos, nítida posto que fugaz; por meio de encantamentos mágicos; resistia ao azar e o medo. O caiporismo na urna residual jogado para longe da comida farta de labirintos e culpas fortalecia a verdade. Tentamos estabelecer os elementos pelo caminho e sobre tantos percalços. Reconhecendo assim nos espelhos multivariados uma identificação. Uma filiação na vastidão ilimitada. Resta ainda aquela pedra, enfeixada de horror, pois devorava seus filhos perto das flores. Ali rondava a cabra com chifres de ouro cercado de pombas magnificamente alvas a contar histórias de novos oceanos. Imbrio e calmo. Ai este sangue de monstro na psicopatia dos homicidas! Coincidindo com prévia aparição e pesadelo do lucro desalmado. O clima das manhãs úmidas sobre a vegetação exuberante registra sinais de esplendores, que de muitos, alguns foram roubados. Feito o fogo amealhado com desvairado anseio. Animais em sacrifício tornariam o fogo vital? É preciso doá-lo novamente ao céu quando se extinguir? Tão elementar quanto às estrelas a nos consolar da morte que nos dissipa e nos ampara da tirania da perpetuidade. A imortalidade nunca fenece nos mortais em cada passo simples de esquecimento a que se devota ao desvanecimento. Dádiva complexa, redimida nas batalhas da crueldade. É, então, isso a vida? Parte acobertada pela fragmentária porção onírica tendo vagado pelo menos noventa milhões de anos na embarcação sonolenta, sem o recurso do dia. Precisava ancorar a coloração das flores na imprecisa consciência perdida da primavera. Atualmente de múltiplas cores, dominando o poder dos raios solares, desenhando raízes de nuvens, raízes de raios trepidando o fundo ermo. Pro-fun-da-mente.

Tudo então se representou em mimese do camaleão deitado sobre o piano a descolorir notas. De alguma forma semente do campo onisciente, entre sorriso e mágoa dos ais mais longos. (O espaço encontrava-se vazio para que teu poderoso corpo avançasse). Quem parte retorna? Na nuvem que sonha dourado o novo sonho evolui para aparição de espetáculo, encantação, raiz do sobrenatural. Vegetais alados chegam as tuas mãos de tantos enamorados. Venham ao sono diante da soberba beleza do encantamento. Simples passo de cada segundo que é habitante da doce visão fecunda da prosperidade. O Pavão etéreo que me distrai no jardim dos pensamentos, só se enobrece com a beleza nervosa do cio sutil. Ninguém conta o tempo senão para sonhar o seu dobro. Das nuvens partem relâmpagos que lembram sinais palpitantes, distantes onde se sabe a morada dos gênios com o pouco de imaginação que deflui do orgasmo suntuoso.

Mal conhecíamos a arte de tecer o crepúsculo quando riscávamos as linhas de adorno da carapaça da tartaruga por onde fabricamos a primeira lira. Esta por ser de espécie lenta, silenciosa, como o som que parte para o ar da planície até as palmeiras clorofiladas, se faz compreendida. Resistindo aos choques iniciais da franca brutalidade. Para que o encovado de cada oceano interno escute a lira desse ser amigável, porém distante. Nunca o gênio disforme, nunca o mal vestido desagrado, criado no mesmo lugar onde se fabricam tantos objetos magníficos. Até mesmo um solitário Deus único mal tergiversado pela solidão imaginária sente-se lisonjeado, imerso em deliciosa musicalidade. Ó espelho que o inferno emudece na solidão sem portas.

Diga-se dos seres animados se eles ficam prontos na mesma confecção onde mora o espanto. O que há de ver o pássaro de um olho só, no meio da cabeça, gorjeando benfazejos espirituais... E que no simples piado conta a história da mulher com asas, sua postura de ninho fabricado com esmeraldas que encantam tanto encanto ouvido de tão longe. No vale dos ímpios os milagres nunca educam esses espinhos cravados. A impiedade é a criação de todas as mulheres mortas. Pois tudo que é sem amor são homens em guerra disputada. Retrato da solidão vagando pela madrugada em meio à ventania sem asas ou filhos adotivos. Pois se filhos tivessem diriam: Estamos fartos dessas calendas infantis sobre abastecedouro de todas as coisas... Vimos à rota da bola de fogo que corta os rumos do firmamento deslizando sobre as linhas distintas da infinita planície. Dissolvem-se lagoas nesse recanto. Quanta pluralidade estéril na imensidade! Por onde viajam as recordações mais vivas do corpo? Que fim habita? Que mundo há de nutrir tanta percepção sensorial ativa? Para fora do hálito pestilento cujos obstáculos se opunham as penetrações das luzes noturnas de onde se mesclam glória e divindade num tropel de chispas povoam lugares indevassáveis. Perfeitos para ilusões visuais. Na árvore do firmamento pulam graciosos bugios-diabos entre cavalos alados. Estão ambos perdidos entre bichos da noite. Há olhos abertos luzindo a meia légua de onde não escapam nenhum segredo. Onde reúne mistério enquanto sempre haverá o medo. Vamos! As borboletas se transformarão em beija flores num estalar de dedos. Do contrário basta esfregar couro de cobra para desaparecer agouros.

Resta a perenidade imóvel das bromélias lunares. Vidência de um dia explodir algumas flores na estéril samambaia. Todos os seres animados apreciam as instalações maravilhosas do espetáculo diário, cujo gracioso universo semeia provações, além das doutas provações que exprimem.

Mesmo sendo a lenda pobre, repleta de jatos de sangue, cães, constelações e arco íris apagados pelos dedos de rosa da fábrica matinal da sabedoria; os dias amarrados ao mastro do navio arrebatado pelo delírio, sobrevirão das ondas sobre cada segundo esclarecido. Socorrem-nos as festas de onde brotam comédias protagonizadas pelo cortejo das loucas, desgrenhadas criaturas de amor fácil e doce. Celebrando paixões das flores recém estouradas no verde comum das tardes menos líricas.

Como aproveitar os elementos das diversas explicações através de acontecimentos ilusórios? Ó Ser único e pobre! Define espaço na exorbitante vastidão em tempo tão exíguo... Das origens infestadas pelas tempestades, trovões, relâmpagos e novamente o fogo, sempre resguardando a marca do estado introspectivo, vacilante como o lume. Trilha oculta composta por raízes obtidas graças ao lastro emocional da responsabilidade nessa navegação espontânea. Inaparente germinação natural que é o resultado da perpetuação da ação de continuidade, dos embriões da permanência primitiva, onde todas as coisas repousam no caos até o domínio do deus sol com seus cabelos de ouro. Momento em que o espírito reúne volatilidade e força necessária para conter em si os limites da vaidade. Senhor e senhora do misticismo apaixonado. O temor das orelhas pontudas. (Demônio cruel, quem te ensinou a criar abelhas?) Ai triste vida daquele que causar a morte de alguém sem poder presidir à fecundidade! A morte dilui mortais em verdadeiros rebanhos de hipóteses. É o quinhão do destino.

Vamos preterir as filhas da noite, maturar os efeitos de cunho abstrato. Controlar os excessos da prosperidade, ou mesmo a luta do ciúme insolente contra a felicidade. Fortuna do acaso quando habitas teu tenebroso reino? Quando não partilha aspecto benfazejo às profundezas subterrâneas da inveja e do ciúme. Pois não venha dizer com alma razões ocultas das margens sombrias dos rios infernais no próprio curso das misérias! Trate de afastar da consciência os abutres, posto que não devorem flores, nem águias moscas. Vê o brilho estelar deixado nesse número de mágico eloqüente, que de um momento para outro reaparece, renasce com três cabeças alegres; iluminando a platéia com fadas ardentes e unhas finas, mas tão finas tais como as asas de cigarras dissipadas como efêmeras numa lufada de vento.

Por entre a epopéia das invasões, sim, elas provocam emanações ardentes pelo qual suplementam os gigantes do desejo irado. Era possível espiar pelo corte da pedra transparente os seres colossais lambendo blocos de gelo após terem colhido filhos da árvore repleta de espinhos. Astros nascidos de larvas. Festejados como a própria harmonia pública em meio ao rastro deixado pela sereia negra na beira-mar. Da Estrela Dalva clareando ficaria o anseio de trocar um olho esquerdo pelo direito, após beber dos ombros da deusa mais pura e sensual. Mesmo conhecendo, ou melhor, reconhecendo seu rosto de mel sobre o golpe do desprezo caminhando para o exílio pânico do ciúme. Ah, cruel aflição! Pelos corredores vazios da angústia jorram tolas juras de feitiço! Nenhuma compreensão de algo sobre consentimento mereceria fugir de atenção.

As recomendações de que a taça das boas vindas pode envenenar o convidado com o próprio hálito entre os mortais leva-nos ao infortúnio. Faz a terra estremecer, caem estrelas, flamam chamas que repovoarão a terra de esperança. Viver é fagulha que sobrevoa, reedificando o ser em seu curso, na visão do pássaro de plumas suntuárias. É a sensibilidade quem explica a luta pela recomposição da própria identidade entre manancial de confusas criações. (De tais processos lentos com o auxílio indesejado daqueles que continuam mantendo erradas as partes do bloco a serem unificadas). Artifício gradual nascendo como plantas desconhecidas, brotando em algum lugar da inquietude no centro da noite esplêndida.

Os olhos nunca são devorados pela serenidade, porém bicados pela ambição, esse urubu sem escrúpulos. Por isso fizemos um boneco com a cabeça de barro, olhos e boca, elaborados com conchas e fragmentos de pano. Apenas no primeiro dia da semana lembramos aos demais que haverá uma festa inesquecível, que todo cuidado é pouco, pois quando há uma festa haverá uma inveja, como uma flecha ao redor de seu balão. São os pensamentos que só possuem martírios como confidentes, como se recebessem a mesma luz. Representam papel importante, mas de tal modo surpreendem as fadigas do espírito.

– Conte-me novas lendas líricas. Queremos saber. Queremos sber se o sertão também é um indizível deserto...

Responde o duende marinho multicor que habita a zona praiana longe dos dissabores. Priva-nos, entretanto de toda obediência ao mar, e até dos deuses patronos, habitantes voláteis do vento escoltados por sereias negras da noite. Quanto esforço para manter um diálogo com a luz, síntese solar em busca de fundamento. Sereias negras a zombar do pântano drenado, transformadas em mulheres com olhos de juriti procurando sinal silábico de amor, quando tudo ao seu redor é exato ideograma, além do próprio canto.

No começo havia água e o oceano doce. Logo veio o vento feito das almas mortas como vagueiam por todas as estradas num rito mágico na dança contra os presságios da paisagem desses seus lindos olhos transparentes. Nesses dias de uivo ouvimos a voz divina dos sonhos e mal compreendíamos a verdade tomando alguns afloramentos, logo nos sentimos afortunados de méritos, como o advento da união de duas terras por um único cetro de Deus derrotado pela síntese mitológica. De onde resultaram novos pensamentos. Fruto de recente e longo poema em forma de murmúrio. Abaixo dele, numerosas divindades previam a extinção do sofrimento, bem antes da unidade política dos tormentos. Pois há sempre pó no espelho dos iluminados como as brisas do outono empilham folhas secas na continuada intriga em torno de um deus sem templo para o coração dos fortes. Devias crer. Possuís a alma acesa das fogueiras de madeiras perfumadas nesse tempo da mentira vergonhosa. Pois no primeiro dia sequer havia céu ou terra em nossa geografia. Nem motivo para perdição revelada em brutal renúncia e expulsão. Os seres divinos amam apenas e bem melhor os espetáculos dos amores sagrados. Nenhum saber divino ocupa o homem, mas sim a inveja de onde revitaliza a agricultura dos interesses no solo (absurdo) aberto da imaginação.

O homem somente se consagra na verdade quando compreende a ilusão das mentiras cotidianas. Diluindo arranjos mentais criativos como a fé indiscernível. Sempre com interesse acima das suas posses. Todo Deus que se percebe guarda-se como poder em nossa criatura vergonhosamente impotente e frágil. “Se sabias que eu era frágil, porque me abandonastes?”Acabamos por viver da luta com palavras enquanto devíamos nos revigorar de afeição. Tornarmo-nos viva a pureza original de tanto elegante encanto.

Entre o mar e a lagoa guardamos a lembrança da mulher com quinhentas filhas que por ordem da mãe, matou os maridos na noite de núpcias. Hoje prisioneira de um monstro oriundo de família sangrenta. Logo estrangulada pelo primeiro marido em cumplicidade com a amante, tendo dela um filho parricida despedaçado nos infernos pelas mulheres sangrentas. Quando chegaram as tempestades a verdade vendeu de modo vil de um dos seus olhos ao círculo das estrelas amansadas.

Caía à tarde que liberta aos poucos o amanhã. A pequena aldeia adormecia tendo aos pés a arca tumular. A solidão se representa por um homem jovem e nu caminhando pela costa marinha tendo em cada ombro um corvo que com ele brinca. Triunfal caminha uma bela jovem nua pela costa marinha montada num cavalo de oito patas. Para verificar se alguém chegará de muito longe, permanece atenta, capaz de ouvir a mais doce erva erradia nascendo do solo poderoso. Uma canoa traz a noite, despe o dia sem mortal perigo. Vagueia um bode e um galo e no descanso das estrelas surge o noviço sonho: varando nuvens confeccionando ouro na primeira luz da aurora. São nessas noites de puro pasmo que a bola de fogo corta o firmamento, tétrica e ardente. De instinto próprio até o último raio que aquece a sombra. Formam-se novas luzes de onde se destacam as ilhas flutuantes de terra vazia e nova. Setenta intérpretes reconhecem a cobra de fogo na lagartixa fabulosa que cintila como brasa nos meses de lua cheia. Todos os anos. Os seres tristes da terra sentados na zona costeira acabam por ver passar diante dos seus olhos a jangada fantasma na direção oculta. Ouve-se uma espécie de aboio dos afogados no excesso de espaço. (Lacuna da imaginação). São os amores infelizes bradando aos quatro ventos que enfunam velas. Ó felicidade tardia desse mundo aos trancos! Os doze filhos da saudade imensa tinham zombado da servidão e agora choram sobre o riso do templo. Templo, morada do relâmpago, além de risco da inteligência.

Por ardil sempre explode uma revolta. Vence o demônio prático. Uns preferem a primeira existência como fruto de único casal, outros afinados com proezas de heróis, preferem desfazer a criação no pó. Escolhem morrer a criação inútil de absurda órbita para mutilar a multidão complacente, pois toda trama maravilhosa também serve de configuração a terra insana. Quanto mais longe do mito original mais distorcida e cruel a vontade de desfrutar das ilusões engendradas pelo artifício do paraíso. A ilusão garante que arrefece a brutalidade, mas com brutais fantasmas animados. Todos de origem desconhecida, mas nunca de fim ignorado.

O homem é o meio composto de armadura e lança, escoltado por gigantes monstruosos. Perde-se nessa totalidade e reinicia no silêncio. Tudo não passa de carta gravada sobre a pedra, imaginação, inexistente flor da samambaia. Antes havia por sobre a mesa um vaso de onde escapava os males. Somente na borda havia esperança. Nossa ignorância qualifica de mágico o que nela compreende, e por tal razão, as esquisitas obras da sabedoria humana, têm passado de magia. Qualquer habilidade e ligeireza de mãos bastam para adular um espírito fraco. Tudo vivificado no começo dos magos e nigromantes. Espécie de auras anunciando a chegada de criaturas notáveis entre rios de pétalas perfumadas. Feito descanso da salvação na loucura das desgraças. Profecias belíssimas em algum lugar da estrela Antares amainam certa compreensão a propósito da afeição nupcial e até de conjunto disparatado dos desejos. O esquecimento sem formas na qual terminam carícias em dores lancinantes. De fato mal encontramos um espelho no absurdo e precisamos reunir com nome adequado às infinitas possibilidades. Logo acordamos, mas seguimos voejando pelo gracioso mundo vago.

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