Bolinhas de sabão
Não era um dia comum como os demais dias rotineiros; talvez mais bonito. A chuva caíra e as folhas despiram-se de suas vestes empoeiradas; as nuvens escuras denunciavam que a chuva novamente viria o vento forte encrespava as águas do lago e feria a sensibilidade das flores.
_ Vem pra dentro menino.
_ Eu quero fazer bolinhas de sabão.
_ O vento vai destruí-las mais rápido, outro dia você brinca... Olhe querido, mamãe está fazendo bolinhos de chuva que você tanto gosta.
_ Eu queria, é fazer bolinhas de sabão e não comer bolinhos de chuva... Então vou ver televisão.
A mãe estranhara a atitude do filho, nunca ele havia rejeitado os tais bolinhos, porém tem sempre uma primeira vez.
Em seu quarto, o menino podia ver pela vidraça que um lindo arco-íris riscava o céu de cores e a vontade de fazer bolinhas de sabão só aumentava, sonhava em fazer uma bola se pudesse atravessar aquele arco e retornasse linda, colorida e que jamais vento algum a destruísse. Abriu a vidraça e ousou fazer as bolinhas, afinal, o que importaria se o vento as destruísse? O importante é que ele tinha um canudinho e uma canequinha com água e sabão; elementos suficientes para não desistir de sonhar com a bola que atravessaria o arco-íris.
_ Uma, duas, três, ... nove, dez e agora? Eu não sei contar mais do que isso, quantas o vento já estourou?
E o menino não desistiu, continuou a fazer bolinhas e a cada uma que era destruída seu coraçãozinho experimentava uma dorzinha estranha, mas a vontade de ter aquela bola linda para sempre era maior.
_ quando eu crescer vou conseguir?!
O arco-íris começava a dissipar-se, e uma lágrima rolou de seus olhinhos, era ela, a dor da desilusão e pensou.
_ As minhas bolinhas o vento destruiu, então eu posso sonhar de novo, pois o vento também vai levar essa lágrima para bem longe e eu ainda tenho um canudinho e uma canequinha com água e sabão.
A chuva voltara e o menino adormecera sonhando com o arco-íris.