Menino II

Menino II

Menino, na bebida se envolveu, por um tempo assim, sem rumo permaneceu, um dia acordou, emprego arrumou, distante, a pé de madrugadinha saia, por quilômetros andava, levando simples marmitinha. Tinha medo, com o dia ainda escuro, ao lado do cemitério passava, para lhe fazer companhia, e seus medos ajudar a espantar um cachorro vira-lata arrumou. Assim, todos os dias, Menino, seu cachorro e a marmitinha, pelo lado de cemitério passava, cantando, assobiando, para os que ali repousavam, com sua passagem diária não os incomodasse.

Menino, com seu diploma singelo, emprego na ferrovia arrumou, sabia datilografar e escrevia como ninguém, rápido, responsável pelo que lhe competia fazer, assim conquistou a simpatia dos chefes e dos companheiros também. No trabalho, na bebida não pensava, todo o dia passava assim a trabalhar, porém, no final do dia, na volta, no bar entrava e da vida se esquecia, o cachorro ao lado, marmitinha vazia e o copo cheio, na bebida a se consolar. Para casa ia, quando o pai ia buscar, um banho o fazia tomar e na cama o colocava. Menino dormia, sono agitado pela bebida, sonhos, pesadelos, mas de madrugadinha toda rotina se repetia.

Os amigos e companheiros de Menino tinham pena, tão jovem, tão perdido e desorientado, assim procuraram uma forma de o ajudar. Perceberam que Menino de futebol gostava e que habilidade tinha, foi convidado a fazer parte do time da ferrovia. Nova vida, agora trabalhava e tinha que treinar, menos tempo lhe sobrava para no bar ficar. Por bastante tempo jogou, o apelido de Tonzinho ganhou, e no time se sobressaia. Embora destro, nas jogadas importantes, ao adversário enganava, chutava de perna esquerda, dando ao time suporte e na região, respeito. A cada partida ganha, agora Tonzinho, com os amigos ia comemorar e de novo a bebida, amiga preferida.

Se destacou no trabalho e no esporte, foi promovido, numa cidade maior foi morar, continuou no escritório da ferrovia e no futebol, de amador passou a profissional, o que lhe dava maior ganho e a família passou a ajudar, entretanto da bebida não conseguiu se desvencilhar. Assim ficou Tonzinho por um tempo a viver. A cidade onde trabalha de sua cidade pertinho ficava, então em casa se sentia.

Sempre a crescer no serviço, dedicado, interessado, estudioso, sozinho muito aprendeu, com livros comprados, um pouco de contabilidade aprendeu e na prática aprimorou, com isto nova promoção, mas também decepção, foi transferido para cidade distante, sem amigos nem companheiros. Sentiu-se perdido, só, do futebol desistiu e do bar fez seu companheiro, embora já não bebesse tanto como antigamente. Período de adaptação, de conhecer outras pessoas de estabelecer relacionamentos. Faz novos amigos, Foi convidado pra uma festa de aniversário, aniversário de uma garotinha que completaria três aninhos, filha de um conhecido e amigo que conquistara. Perdido, sem saber o que dizer o convite resolve aceitar, para o amigo não contrariar, embora pensando, o que iria fazer em festa de criança. Sem experiência e querendo agradar, leva uma singela lembrança, uma caneca de louça, um perigo para criança, a qual a mãe agradece, assim meio que sem jeito, por ter que colocar o presente longe do alcance da garota.

Tonzinho, pela menina se encanta, criança bonita, alegre, carinhosa, não demora muito em seus braços se instala, os bracinhos, pelo seu pescoço passa e um beijo estalado em sua face tasca. Tanto carinho sente, que da família se torna amigo e da casa freqüentador assíduo, e da Menina, há, da Menina o melhor amigo, com este convívio da bebida esqueceu. Trocou o bar, pela casa do amigo, para estar mais perto da Menina que o encantou.