O macaco sem rabo

Zé Saguim estava cansado, tanto marmanjo barbado, logo agora que os figos estavam caros.

Pôs um anúncio no jornal e apareceu um moço estranho, bicho muito cabeludo, olhou-o desconfiado, mas, assim mesmo, de mau grado,

contratou o orelhudo, para ajudante de barbeiro.

Um cliente insatisfeito lamentou-se das peladas. O moço franziu a testa, toda ela era uma engelha, coisa muito esfrangalhada. Vai daí, empertigado, perguntou ao desgraçado o que havia feito ao figo, que lhe pusera na boca. O cliente enojado respondeu que o comeu.

O moço cresceu para ele e, coçando nos sovacos, grunhiu que o tinha de vomitar, pois, ainda, faltavam três barbas para o dia acabar.

Zé Saguim que era o patrão, barbeiro de profissão, sempre fora homem discreto. A técnica que ele usava, nunca a ninguém a contara, estava

agora a descoberto.

Foi-se ao moço com a navalha e quando menos se esperava saltou-lhe o rabo das calças e cortou-lhe-o bem ao meio.

- Seu filho de uma macaca! Primata de palmo e meio!

O moço apanhou o rabo e saltou para o candeeiro. Lá de cima, pendurado pl'a gravata, pôs-se aos ginchos pr'o barbeiro:

- Saguim, plim, plim!!!!

O barbeiro transtornado deu um tiro ao candeiro.

- Vale mais ser Saguim, do que macaco sem rabo!

Fana
Enviado por Fana em 08/06/2010
Código do texto: T2307138
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