O macaco sem rabo
Zé Saguim estava cansado, tanto marmanjo barbado, logo agora que os figos estavam caros.
Pôs um anúncio no jornal e apareceu um moço estranho, bicho muito cabeludo, olhou-o desconfiado, mas, assim mesmo, de mau grado,
contratou o orelhudo, para ajudante de barbeiro.
Um cliente insatisfeito lamentou-se das peladas. O moço franziu a testa, toda ela era uma engelha, coisa muito esfrangalhada. Vai daí, empertigado, perguntou ao desgraçado o que havia feito ao figo, que lhe pusera na boca. O cliente enojado respondeu que o comeu.
O moço cresceu para ele e, coçando nos sovacos, grunhiu que o tinha de vomitar, pois, ainda, faltavam três barbas para o dia acabar.
Zé Saguim que era o patrão, barbeiro de profissão, sempre fora homem discreto. A técnica que ele usava, nunca a ninguém a contara, estava
agora a descoberto.
Foi-se ao moço com a navalha e quando menos se esperava saltou-lhe o rabo das calças e cortou-lhe-o bem ao meio.
- Seu filho de uma macaca! Primata de palmo e meio!
O moço apanhou o rabo e saltou para o candeeiro. Lá de cima, pendurado pl'a gravata, pôs-se aos ginchos pr'o barbeiro:
- Saguim, plim, plim!!!!
O barbeiro transtornado deu um tiro ao candeiro.
- Vale mais ser Saguim, do que macaco sem rabo!