TOC TOC TOC ...Na bola de gude!
Contou cada degrau da escada,
Contou as folhas caidas no chão, perdia a conta, começava novamente,
Contou as pessoas que passavam pela porta giratória,
Foi ao banheiro e lavou as mãos,
Foi ao banheiro e lavou as mãos,
Foi ao banheiro e lavou as mãos,
Limpou-se tantas vezes que já começava a sentir-se sujo,
O galo cantou as quatro horas,
O sino da matriz badala as cinco, as seis, as sete, as oito...
Dorme o sono dos atropelados pela mente inquieta,
Acorda assustado por ter perdido a hora,
Hora de levantar sem roupa e sair à rua,
Espanta o cachorro do vizinho e a filha da vizinha horrorizada dá mais uma espiadinha,
Alheio ao reboliço passeia nú pela rua, abrigo da maldade,
Volta sem rumo,
Sem rumo abre os frascos dos remédios odiados, nem sabe quantos toma,
O coração começa a pifar, uma bradicardia, agitação motora...Cai no chão,
Conta os furos no teto de madeira corroído pelo tempo,
Acha uma estrela perdida no buraco escuro,
Fecha os olhos serenos, a face pálida e esquelética,
Segue a trilha dos desapegados,
Volta para casa mais um "Pingo de Luz".