MATARAM A AVESTRUZ !

MATARAM A AVESTRUZ!

Há dias a cidade Hortinha se preparava para o Natal que desta vez se realizaria a céu aberto com união de todas as famílias da cidade. Uma grande iniciativa da prefeita Dona Augusta Avestruz Lima, a qual seria composta de uma única mesa com mais de duzentos metros de cumprimento montada na praça olímpica, festa que seria marcada pela explosão simultânea de muitos fogos de artifício na contagem regressiva. A festa prometia!

A cidade inteira estava mobilizada nesse evento. As rádios locais já anunciavam a grandiosidade da festa o que fazia com que outros municípios entrassem em polvorosa. Os prefeitos dos partidos adversários contestavam dizendo que a festa natalina é familiar e deve ser realizada no aconchego do lar. Outros diziam que a prefeita Augusta estava utilizando de verbas públicas numa ação eleitoreira. E havia quem achasse um desperdício de verba haja vista que a cidade de Hortinha necessitava de um hospital ou um pronto socorro, pois as pessoas morriam à caminho do atendimento mais próximo que distava 13 quilômetros. Mas Dona Augusta não se deixava abater e criava cada vez mais acontecimentos para a festa que agora, além da gincana das crianças, concurso culinário das senhoras de Hortinha, concurso artístico, teria também concurso de tiro para a enorme gama de caçadores que havia na região. Os prêmios seriam fornecido por empresas parceiras que pretendiam estabelecer-se na cidade em troca de benefícios de impostos.

Tudo estava caminhando bem quando uma notícia correu pelos ouvidos dos hortinhenses: “Prefeita baleada”. Os jornais noticiaram como revide político. A distancia da cidade até o hospital mais próximo foi o inimigo maior de dona Augusta levando-a à morte. O vice-prefeito opositor de Dona Augusta assumiu imediatamente o cargo, e o caso passou a ser um caso de polícia. A festa acabou quando os jornais estamparam em primeira página a pior manchete natalina para aquela cidade: “MATARAM A AVESTRUZ!”...