Menino

Menino

Agosto, 1930, uma jovem senhora está em trabalho de parto que já demora horas. Lá fora o tempo está chuvoso e um aguaceiro cobre a pequena cidade do interior. Na casa humilde, no quarto ao lado um garoto febril, é o sarampo. De repente um vendaval, a tosca janela se abre de ímpeto, deixando que a chuva atinja o pequenino doente. A confusão se alastra, todos se preocupam, principalmente a jovem mãe prestes a dar a luz. A criança doente é amparada mas , falece poucas horas após o nascimento do Menino. Dor e alegria se confundem nos corações dos familiares, mas a vida segue em diante, os anos passam.

O Menino vai crescendo e se mostra saudável, é uma criança esperta e inteligente, completa seus estudos fundamentais na pequena cidade e por falta de recursos econômicos é levado pelo pároco da cidade que está de mudança para a capital, com a promessa aos familiares de dar-lhe a oportunidade de continuar os seus estudos. Parte assim o Menino, num misto de alegria e tristeza, em busca de seu destino, na cidade grande.

Dura realidade, o Menino, das promessas ouvidas, só mesmo a saudade, saudade dos pais, das irmãs, da pequena cidade, dos amigos que lá ficaram. O Menino, não foi para estudar, foi para ajudar ao pároco nos afazeres da igreja, ajudar na celebração das missas, batizados, levar recados, só recebia mesmo o básico.

Menino inteligente, logo aprende a conhecer a cidade grande, arranja emprego de horas vagas e assim vai garantindo seu sustento. Dos estudos tão sonhados a esperança, o Menino não perdeu e como não podia os bancos escolares freqüentar, livros e livros passou a comprar. Assim sozinho, instruíu-se, fez com sacrifício um curso de datilografia. Nesta época já estava com 16 anos, preparava-se para procurar, agora empregos melhores, mas o pároco descobre e manda o Menino de volta a sua cidade dizendo aos pais que ele não obedecia aos regulamentos, era rebelde e preguiçoso sem aptidão para estudar.

Assim, de volta a pequena cidade, Menino, agora já acostumado a cidade grande, encontrou na bebida a companheira. Dos pais a confiança havia perdido, quem duvidaria do pároco. Assim, Menino vai levando a vida de bar em bar.

Dia de limpeza, a mãe, surpreende-se, ao abrir a gaveta que Menino, esquecera sem chave. Lá um verdadeiro tesouro em livros e o pequeno diploma, conquistado a custa de tanto sacrifício. O pai atônito, não consegue acreditar, que havia confiado cegamente no que lhe fora dito. Percebe aí o quanto mal havia feito, que com suas palavras duras, sem aceitar desculpas, para o vício, O Menino querido perdera.