Contos no Invisível

 “Que monstro mais monstruoso há do que a inveja?" (Alanus de Insulis)
 
No outono, a lua na tela  pingava gotas no horizonte e o hálito dos gnomos se libertava mais uma vez  do estado de torpor do mundo dos sonhos e dos pesadelos...
 
A primeira demão de tinta azul marinho se mesclava ao contorno verde neón de uma linda e pequenina dama alada, louca para acordar as asas das novas fadas, nas entranhas mais perfumadas da Terra.
 
O muro chorava pela perda das últimas pétalas das flores suportando um ballet de caudas minúsculos répteis e insetos que se divertiam no beabá das evoluções dos Contos quase invisíveis: fadas podem ainda não ter auréolas, mas as que são boas, inflamam-se contra a inveja; resignadas, não sentem ódio das escalas superiores; não tem ímpetos de vingança (nem quando não são convidadas para uma festa),  tendo noção que o veneno rói o próprio veneno... toda fada boa abre o coração para se defender das perversidades d’alma, sua bondade reflete no coração que está construída junto as edificações da Natureza, auxiliando os mortais a renascerem das cinzas.
 
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E no entardecer enquanto a brisa tocava nos cabelos loiros daquele ser mitológico que colhia néctar e orvalho, se divertindo com as borboletas.
Histórias saiam das prateleiras dos livros... feito as letras inspiradas de Tolstoi: "O bem do homem é o amor, como o da planta é a luz." O encantamento está em quem souber distribuir pensamentos que se transformam em rios, lagos e vilas de sorrisos, se sobrepondo as ondas do amargor... Naquele bosque onde havia crescido, Luiza, a sombra de um respeitável carvalho, luziam as cores do Reino que lhe eram próprias... a pequenina alada, ao acordar as boas fadas, mais uma vez poderia se juntar as danças e canções numa procissão de um novo anel de luz de uma colina à outra.

Rosangela_Aliberti
Atibaia, 06 de maio de 2010

(art by Josephine Wall)