A Cidade dos Caminhos - A Fronteira de Todos os Mundos - I
Estavam sentados na grossa muralha, observando o trânsito de entidades que iam e vinham pelas inúmeras portas portais que permeavam a muralha de Axis Mundi, a cidade onde todos os caminhos se cruzam. Erigida entre a fronteira de todos os mundos, ela já foi chamada de purgatório, confundida com a babilônia.
De fronte para a fronteira do grande campo de batalha cujos habitantes da terra chamados vikings haviam criado, permaneciam assistindo a mais um por do sol naquele lugar. A estrada que guiava aquele lugar estava apinhada de formas-pensamento criadas por aqueles homens belicosos, que "morriam" todos os dias. Moça e rapaz prestavam a atenção aquele caminho. Muito mais ele do que ela, que permanecia distraída com um estranho mascote- uma das muitas quimeras que eram atraídas para Axis Mundi. Aquela em especial teria sua forma desfeita em pedaços se não houvesse sido acolhida pela garota, quando pouco de si já restava - ela era apenas um amontoado de sofrimento, desistindo da própria consciência.
- Será que eles virão hoje? - perguntou a moça despreocupada. Haviam outros seres ali, todos eles tão concentrados quanto o homem a seu lado. As vezes aqueles espíritos deixavam o Volkvang, cruzavam Valhalla em direção a cidade. Procurando novos desafios.
- Veremos. - Respondeu num murmúrio. O dia naquele reino estava apenas começando.
Axis Mundi sofria todo tipo de ataques, dos mais diferentes reinos. Haviam uma dúzia de espíritos e seres que tentavam a força passar por seus muros. Não que qualquer espírito não tivesse permissão de penetrar a cidade. Mas a cidade a ninguém pertencia.
Quando a manhã ganhou o firmamento de Valhalla os guerreiros nórdicos marcharam. Mais e mais, seu número era menor, e o rapaz, no alto da torre, acreditava que viria o tempo que aquele campo estaria desabitado, e cairia no esquecimento. A estrada até lá, em desuso, seria difícil de ser trilhada, e as bestas que ali habitavam ficariam indômitas.
Contudo, ainda haviam guerreiros. Ferozes.
- Fique aqui, uhn. - Pediu o rapaz ao afastar-se. Em sua caminhada viu alguns dos vigias rumarem para o mesmo local que ele - o portal de acesso a estrada daquele reino. Respirou profundamente, excitado, aquecido, ansiando pela batalha. De muitos modos aquele rapaz que esquecera o som de seu nome - restara apenas o significado em sua mente - era como aqueles guerreiros. Em Valhalla os bravos guerreavam todos os dias. E quando tombavam em campo, voltavam a segurança dos salões daquela terra, brindando a batalha. E aguardavam o dia seguinte, almejando mais.
Mas Valhalla era o paraíso daquele povo. Para aquele homem, o único destino eram as esferas inferiores, que em seu tempo na terra ensinaram-no a chamar de inferno.
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Continua...
Pertence ao mesmo cenário dos contos
A Esquerda da Justiça
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A Barqueira
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Anam Chara - Onde se encontra a Felicidade
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E o Poema
A prece da Estrela
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