PAI AUSTERO

Sábado de sol, início de outono e um céu muito bonito. Está montado o cenário para um pequeno drama em três atos, que se desenrola no galinheiro da fazenda.

Primeiro ato:- Uma jovem franguinha ajoelhada, as asinhas pra trás, cabecinha baixa, choramingando desconsolada:-

“- Perdão, papai! Oh, papai, perdão! Me perdoa, papai! ...”

O galo, com as asas juntas nas costas, cabisbaixo, andava de um lado a outro sem dizer nadica de nada.

Segundo ato:- A franguinha continuava na mesma posição, chorando copiosamente e implorando ao galo, seu pai:-

“- Papai, papai! ... Perdão, meu pai, me perdoa, papai! ...Oh, papaiii !...”

E o galo, cabeça baixo, andava pra lá e pra cá, sempre com as asinhas nas costas, sem dizer absolutamente nada.

Terceiro ato:- A franga, naufragada em lágrimas, ergue os olhinhos em súplica e fala alto ao seu pai:-

“- Meu pai, oh papai, perdão! ... Perdão, papai, perdão! ...”

E o galo, parando defronte à franguinha, descruzando as asas das costas e levantando a crista:-

“- Perdoar, eu? ... Jamais, filha ingrata, jamais! ... Apanhe o seu ovo e ruuua! ...”

-o-o-o-o-o-

B.Hte., 01/04/10

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 01/04/2010
Código do texto: T2171676
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