HUMANUS

HUNANOS

Pessoas, homens e mulheres em sua maioria, andando no que se podia chamar de ruas. Quase nenhum ruido,céu cinza azulado,temperatura 25°C. O sol é visto como se estivessemos olhando através de um vidro fosco. Não há arvores. Não vemos veículos. Os prédios são redondos, mas não tem janelas e diria sem ter contado, trinta ou vinte andares. Parecem gigantescas pilastras brancas e todas iguais, a não ser pela altura. Não vemos lojas , nem fios ou postes de iluminação, jornaleiros ou vendedores ambulantes. Os prédios têm em sua volta todas as portas fechadas. Tantos os homens como as mulheres tem poucos cabelos e totalmente brancos.Aparentam a mesma idade. Não se vê pessoas idosas e quase todos anda na mesma velocidade. Fisionomicamente, há algo bem estranho, não se poderia dizer, tristes, mais sem vida, olhos perdidos no infinito. Ninguém conduz embrulhos, bolsas ou pastas. Ninguem conversando em algum ponto da ” rua”. Não se vê bares guardas ou animais. Os homens trajam um tipo de roupa feito um macacão, sem bolsos aparentes, botões e as mulheres roupa semelhante.Os sapatos fazem parte da roupa.

As pessoas parecem ter a mesma altura, peso e idade. Impressionante! Será que são seres humanos? Há momentos que se têm dúvidas quanto a isso.

Não sei como vim parar aqui! Não me lembro deste lugar e diria a vocês que a minha primeira sensação é que morri e que estou noutro lugar.Não consigo lembrar-me o que houve antes. Não diria que é o inferno, mas tão pouco parece o céu ou lugar santo. A impressão que tenho que estou dentro de uma máquina. Não vejo ninguem fumando. As pessoas entram e saem dos edificíos, num gesto natural, ordenado sem nenhuma agitação Bem, bem só me resta uma coisa: eu entrar num desses edifícios ou falar com alguém aqui fora.Engraçado, estou vestido como eles. E não dá para entender...Dirijo-me a uma das moças que está no hall de um dos edifícios sentada diante de um monitor, semelhante as nossas televisões.Não vejo nada na tela. Peguntei-lhe - Aonde estou? Ela fica surpresa e me diz que eu havia entrado no Edifício da Cultura da Região Leste. Perguntei-lhe: -Mas que Região Leste, que país, em que ano estamos e coisas assim? Antes que eu terminasse, dois rapazes pegaram-me pelo braço e levaram-me para outro edifício, através de um grande elevador que, partindo desse edifício e deslolocando-se na horizontal, foi parar em outro lugar.É como se fôsse um metrô ou túneis que ligavam os edifíciois entre si.

Fui encaminhado a uma sala. Pareciam-me médicos...E não fizeram nenhuma pergunta,mas colocaram-me diante de um aparelho de tela cilíndrica.Em volta de mim, baixou uma parede de vidro, também cilíndrica.Podia ver lá fora, eles acompanhavam a leitura de vários instrumentos e após uns dois ou três minutos, pararam de olhar os instrumentos.

Interessante é que eu não estava amarrado, ninguém foi violento comigo, não tomei nenhuma droga.Mas não sentia nenhum desejo de reação. A sala ficou semi-escura. Não vi mais os homens ou médicos, se é que eram.

Senti muito sono e comecei a sonhar. Mas lembro-me que antes de sentir sono, a tela cilíndrica que estava em frente a mim, ficou esverdeada. Só me lembro disso! No sonho, vejo-me em casa, na minha casa. Correndo como sempre, tomando o café, apressadamente para não perder o ônibus...7:15h. Depois, no escritório, atendendo a um e a outro e alguns telefonemas. Engraçado além de ver eu sinto as minhas emoções. Estou irritado e cansado. Agora em casa vejo uma atmosfera de cansaço de minha esposa e de certa irritabilidade dos meus dois filhos: um de 8 e outro de 15 anos.

Mal nos falamos o jantar é servido O menor é chamado a atenção pelos seu maus modos. Após o jantar, sentamos diante da televisão e a assistimos alguns noticiários. Mas. não estou conversando, nem vejo ninguém dizer nada. Meu. filho mais velho se levanta e vai para o quarto ou meu escritório, não sei.O menor, dorme no sofá díante. da televisão ligada. Parece que estamos vendo uma novela, mas o meu pensamento esta distante e não consigo ver o que esta na TV, porque não estou pensando naquilo que estou vendo. Acredito ser isto.

Olho para minha esposa e recordo com saudade, os momentos que vivíamos mais juntos, não como agora um ao lado do outro, mas talvez distante como nunca. Agora, estou vendo uma outra família, amigos nossos, parece-me tudo igual ao que vi e senti antes. Só que as pessoas são os nossos amigos e um dos filhos é urna menina de 15 anos. Vejo um homem de outra nacionalidade. Parece-me nervoso no emprego, o ambiente é competitivo e as pessoas não são nem amigas, nem autenticas.Vejo-o agora em casa. Ele esta sozinho .Parece que ele é viúvo ou divorciado.Sim, ele é divorciado. Ele esta olhando o retrato dos filhos, com ternura. Agora percebo: estou vendo famílias, a minha e outras vivendo uma situação comum de indiferença, desunião e desamor.

Agora, vejo jornais, homens falando na televisão. Os assuntos são em torno da poluição: o homem havia salvado o mundo da destruição pela poluição. O jornal não tem o aspecto ou diagramação dos nossos jornais: é menor, muito bem impresso, todas as fotografias a cores. Vejo outras manchetes: “O HOMEM PROLONGA A VIDA”, “VIDA MÈDIA NO PLANETA TERRA - 100 ANOS”. Vejo as escolas com crianças de um ano, já falando e lendo,escrevendo... Crianças maiores com aspecto fisionômico de adultos de mais de 20 anos. Total liberdade dos costumes. Muita pobreza em certas regiões do Mundo. As máquinas fazem praticamente tudo. E as maquinas fazem as maquinas. Grande ociosidade do homem !

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Aumento de suicidios e crimes!Poucos são os casais que se mantém unidos por mais de 5 anos. A familia torna-se comprometida e obviamente, a sociedade.Os divorciados se casam outra vez, mas na realidade, é apenas uma troca. O homem dominou nesta época, ano 2.040, quase toda a técnologia,inclusive mantém o homem vivo por longo tempo. Sim, ele vive mais tempo por fora e morre mais cedo por dentro. As crianças educadas nesse ambiente deveriam ter um comportamento como o dos seus pais, mas liberdade que tinham em virtude do próprio regime, as liberta. E quase por instinto, elas começam a construir um novo mundo. Diria que este movimento ou reação iniciou-se em 1960, com HIPPIES. Mal compreedidos - eram os monstros do bem. Quando o movimento foi abrandado em que o jovem fugia para. o campo ou as drogas, um campo verde e artificial e disponível, ele estava reagindo. Quando ele se recusava a trabalhar em empresas, buscava outra vez, o artesanato.Isto é, o trabalho pelo trabalho-arte e não peio desejo de ficar rico. Essas flôres do lodo, algumas sobreviveram, racionalizaram suas ações, tiveram filhos, os educaram de forma diferente.Essas crianças deram origem a outra civilização: essa que estamos vendo! Gente boa, pacífica, sem guerras,sem abusos, sem excessos de qualquer natureza. A mulher não é mais adorno ou objeto.São sérios,talvez tenham perdido o senso de humor, não sabem o que é alegria, mas desconhecem a tristeza. Dedicam-se exclusivamente à.cultura do corpo e do espirito.

- Ué eu estava sonhando, mas parecia tão real. Bem... esta na hora de ir para trabalho vou fazer minha barba tomar um banho e tratar de sair se não me atraso.

Diante do espelho:

Que é isso agora ? Meus cabelos estão totalmente brancos!