Auke - Capítulo 05

Enquanto isso, se deslocando por outro caminho, o grupo de auke encontrava o jarro azul.

--- Até que não foi tão ruim assim. Apesar de estar toda arranhada, suada e descabelada, foi fácil chegar aqui – disse Raina, colocando o jarro em sua mochila. O pequeno objeto estava escondido entre as raízes de uma árvore.

--- Os testes do mestre nunca são simples como aparentam. Devemos ficar atentos para qualquer surpresa – alertou Auke.

--- Concordo. Então vamos sair logo daqui, pois não quero perder para os metidos do kagirama e da ayume novamente – disse Oroji.

--- Eles sempre tiveram sorte nos treinamentos e nos testes. Não acho que eles são lá essas coisas – falou Raina.

--- Está é com inveja por Ayume ser mais bonita que você e pelo Kagirama nunca ter lhe dado bola – escarneceu Oroji.

--- COMO OUSA SEU PIRRALHO. REPETE O QUE DISSE – gritou Raina pegando Oroji pelo colarinho e o balançando como se quisesse desmontá-lo.

--- Cale a boca vocês dois. Escutem – Auke interrompeu a briguinha dos dois amigos. Olhava atentamente ao redor da pequena clareira onde estavam.

--- O que foi, não escuto nada – disse Oroji olhando para os lados.

--- Você deve esta imaginando coisas Auke, afinal vive no mundo da lua mesmo – falou Raina.

--- Do que está falando? – indagou Auke, esquecendo completamente o que tinha ouvido na floresta. A indignação era maior naquele momento.

--- Pensa que não percebemos que vive vidrado nessa idéia de se tornar um dos Sete. Muitas vezes não sai nem pra se divertir com agente. Fica olhando aqueles livros velhos cheios de poeira – falou Raina.

--- Não são livros velhos. Eles contam a história dos heróis que fizeram parte dos Sete Guardiões ao longo dos tempos e de como eles deram suas vidas protegendo a nação de muitos perigos – retrucou Auke. Oroji escutava a conversa com ar de quem estava de saco cheio.

--- Bah! Um bando de riquinhos que só estão lá por pertencerem a famílias nobres das três aldeias. Nenhum de nós aqui veio de “sangue azul”. Não temos chance nesse jogo político.

--- Não me subestime Raina. Eu sei que algo grande me espera e logo.........

Auke foi interrompido por um rugido estrondoso que vinha de todos os lados da floresta. Parecia que um enorme urso estava logo ali bem perto, pronto para saltar sobre eles a qualquer momento e de qualquer lugar.

--- Parece que esse “algo grande” já chegou – brincou nervosamente Oroji.

Instintivamente os garotos sacaram suas katanas e assumiram posição de combate.

Do outro lado da floresta, a dupla formada por Kagirama e Ayume também sentiram algo estranho no ar.

--- Você ouviu isso? – perguntou kagirama.

--- Sim – disse ayume.

Sons de galhos se partindo vinham em sua direção logo à frente. Algo estava abrindo espaço rápida e furiosamente pelas árvores, rompendo-se de repente na direção dos jovens guerreiros.

--- KAI! – falaram kagirama e ayume. Seus olhos arregalados diante do que viam.

--- KAI! – disseram Auke, Oroji e Raina ao mesmo tempo. O que estavam vendo era difícil de acreditar.

--- Ora, Ora, Ora, que sorte a minha. Logo agora que estava pensando em algo para comer, estou faminto – disse com voz gutural a imensa criatura.

Devia ter uns três metros de altura, vestido apenas com uma calça rústica feita de peles, botas de couro e portando um imenso tacape com pregos pontiagudos e ameaçadores na ponta. Tinha a pele verde musgo e cheia de cicatrizes num corpo musculoso, orelhas pontudas, braços um pouco desproporcionais em relação às pernas e um grande cabelo desgrenhado que ia até o meio das costas. Uma criatura que só lembrava duas coisas: força e selvageria.

Auke nunca tinha visto um ser destes de perto, apenas lido em livros. O mesmo valia pra Raina e Oroji. Mas as características não deixavam dúvidas.

Era um Troll da Montanha.

Como era possível. Eles tinham sido banidos da floresta Amabushi há muitos anos. Forçados a viver do outro lado do monte Mabuki, próximos à costa.

--- Fiquem quietinhos enquanto acabo logo com isso. Não vão sentir nada – disse o troll preparando o tacape e caminhando em direção aos garotos.

--- Vamos sair daqui! – gritou Raina e saiu correndo.

--- Raina, não! – disse Auke. Ele também estava com um medo terrível, suas pernas tremiam, mas sabia que aquela criatura os alcançaria com facilidade. O único jeito era enfrentá-lo.

Oroji estava petrificado ao seu lado segurando sua espada e tremendo.

O troll viu as katanas faiscarem com pequenos raios que dançavam pela lâmina, as fazendo brilhar sutilmente.

--- Então são guerreiros da nuvem heim! Terei um imenso prazer em começar minha vingança por vocês.

Apesar do tamanho a criatura se moveu com rapidez e desferiu um golpe com seu imenso tacape na intenção de esmagar os pequenos garotos. O golpe veio na direção de Oroji que, paralisado pelo medo, não conseguiu se mexer a tempo. Seus olhos apenas viram a sombra do troll se avolumar a sua frente.

--- OROJI! – Auke se jogou contra o corpo do amigo, agarrando-o pela cintura. Os dois caíram pro lado quando a arma do troll atingiu o solo, levantando poeira.

--- O que é que há com você! – disse Auke, sacudindo os ombros de Oroji --- Vamos sair daqui!

Oroji despertou do torpor momentâneo e olhou para Auke. Os dois saíram correndo em direção às árvores próximas em busca de esconderijo. Raina via o que acontecia escondida entre as raízes de uma arvora. Sua vontade era de fugir o mais rápido que pudesse para longe daquela criatura, mas algo dentro dela dizia para não abandonar seus amigos.

--- Hahh, Hahh...pensam que podem escapar de mim! – o troll fez um movimento poderoso com o braço e arremessou o tacape, que saiu rodopiando furiosamente na direção de auke e oroji.

Auke e Oroji saltaram por entre as raízes de uma árvore um instante antes de serem atingidas pelo tacape do troll. O impacto destroçou-as, jogando os pequenos guerreiros dois metros à frente em meio a pedaços de madeira e grama. Na confusão soltaram as espadas.