a penútima estrela
A penúltima estrela
As poças de chuva escorrendo pelas ruas, as crianças brincando, vários barcos de papel carregando sonhos, meninos viajando na imaginação, os pés descalços, os pingos da chuva ainda caindo do céu, mariposas flutuando sobre a terra, a criançada gritando “sol e chuva, casamento de viúva”.
Neste meio estava Jairo, o sonhador, com o seu carrinho de lobeira o menino dizia que tinha uma frota de caminhão. Se acaso os barcos precisassem de algum conserto ele os levaria até a oficina mais próxima. Na verdade o que ele não queria era sujar seus sapatos novos, presente que ganhou da madrinha que vinha vê-lo uma vez por mês.
Depois da escola, o garoto vendia picolé nas ruas da cidade. Menino muito educado, entre os seus muitos desejos, tinha um que falava mais alto, era a compra de seu violão. Ele gostava tanto de musica que a mão, preocupava, lhe dizia: “música não enche barriga menino, você tem é que estudar pra ser gente na vida.”
E assim, quando já quase dava pra comprar seu sonhado violão acontecia um imprevisto. Ou era falta de comida, ou um de seus irmãos adoecia, precisando assim comprar remédios que não eram muito baratos. Com doze anos, vai trabalhar em uma venda, lá ele ajuda em tudo e ainda estudava a noite, pois não abria mão dos estudos. A alma de poeta, vários sonhos, e um deles de se tornar um grande escritor e também de morrer cedo, pois todos os escritores que admirava não ficaram muito tempo neste mundo.
Jairo vivia entre dois mundos, o mundo dos poetas e escritores e o mundo da realidade que com ele era muito cruel. Irmão mais velho, entre seis. O que ajudava a por comida em casa. O pai morreu em um acidente, quando estava indo trabalhar num canavial, ficou internado por oito dias, mas não resistiu ao traumatismo craniano. Nesta época Jairo tinha oito anos, mas ate hoje a imagem de um homem forte invade sua memória. Quatro anos após a morte do pai, faltando quatro dias para seu aniversario, Dona Maria é acometida por uma tosse, que quase lhe arrebentara o peito, febre de 40 graus, é levada ao hospital onde não resiste a uma tuberculose e morre no dia seguinte. Cidade pequena, os vizinhos ajudavam a fazer o caixão, e Dona Maria foi enterrada com o vestido que de ir à missa aos domingos.
Rita, a menorzinha dos seis irmãos foi levada por uma família aonde foi morar. Aline por outra família da cidade vizinha, Amanda foi morar com um tio. Os meninos ficaram sozinhos morando naquela casa que mais parecia um monte de lixo abandonado. Cinco horas da tarde um policial adentra um botequim e pergunta por Jairo. Seu José grita o menino que estava lavando pratos na pia. O policial, com uma frieza corrosiva, comunica ao menino que seus irmãos estão mortos, que a casa que a casa que morava havia pegado fogo. Que quando os bombeiros chegaram lá só havia dois corpos totalmente carbonizados um abraçado ao outro. Outro dor, o menino achou que não conseguiria suportar. Decidiu, partir daquela cidade e nunca mais voltar.
Os sonhos de poeta foram embora com as desilusões sofridas durante sua pequena existência e só o temo é capaz de apagar tanta tristeza. Hoje, com quinze anos, trabalha em uma fábrica de carros, onde começou a lavar parafusos, mas com grande interesse em aprender. Bem rápido ele aprendeu quase tudo sobre peças de automóveis, de uma inteligência invejável e muita capacidade desperta interesses em um dos diretores decide investir nos estudos do jovem, pois sabe que pode chegar a ser um dos mais brilhantes funcionários da fábrica.
Na faculdade as melhores notas, aos dezoito anos, toca violão como ninguém, escreve suas primeiras composições cantando sobre a vida sofrida do campo. As duplas começam a cantar suas musicas, que quase sempre fala da natureza, suas composições tornam famosas em todos os país, com vinte e dois anos, nunca havia se apaixonado, até aquela noite, que foi ao bordel com a turma da faculdade, onde conheceu Mônica, uma jovem linda que fez o jovem se apaixonar imediatamente, fascinado pela menina, que mais parecia um anjo, todas as noites voltavam aquela casa. A partir daquele dia, suas composições que falava sobre a natureza começou a falar de amor, de um amor platônico, onde a vida só possuía sentido se fosse ao lado da jovem Mônica. Seu amigo valdison também compartilhava deste mesmo fascínio. Assim seguia o ritmo desta historia que não sabia onde ia terminar.
Em uma noite, quase duas e meia da manha, a moça lhe pediu uma carona. Seu coração grita de felicidade dentro de seu peito. Ao chegar ao lugar onde Mônica morava, até sente um arrepio, a moça divide seu quarto com baratas e ratos, muitas coisas espalhadas pelo chão. A moça não sente vergonha da bagunça que está a sua casa, havia bebido demais, fica nua e se entrega para Jairo numa paixão avassaladora, até parece que no mundo só existe os dois. Na noite seguinte ela volta ao bordel e não encontra mais.
Conversando com uma de suas amigas, descobre que ela foi embora com seu amigo valdison, o seu único amor, aquela paixão idealizada, partiu para sempre, daí decide nunca mais amar alguém.
Vinte anos após tudo aquilo, Jairo se torna um dos maiores empresários no ramo automobilístico, e um dos maiores escritores do país, compositor famoso com centenas de musicas de sucesso, mas no amor apenas foi feliz uma noite.
Na cidade estava tendo um grande congresso de literatura , vários shows de cantores de diversos Estados, em um palco havia uma jovem cantando, ao vê-la Jairo se apaixona e a maior surpresa é quando descobre o nome da cantora, a qual se chama Mônica.
Quando o show acabou, ele a convida para tomar um drink e acabam a noite em seu apartmento, onde fazem amor pela noite toda. “Estava ali a mulher dos meus sonhos?” Quando a moça retira da sua bolsa a foto do seu amigo valdison e da mulher que nunca saiu de seus sonhos.Mônica explica quando Jairo pergunta, se a moça da foto também se chamava Mônica, e a moça conta que aquele é seu padrasto, que tirou a minha mãe de um bordel ,onde ela trabalhava.
O nome dela era Aline, quando ela trabalhava no bordel este era seu nome fantasia, mas que a mãe sempre gostou deste nome, por isso resolveu que eu me chamaria Mônica. A jovem comenta que valdison era seu pai adotivo e que a mãe só havia tido um grande amor na vida e que era seu pai, mas que também só durou uma noite.
Depois dos dois fazerem amor, monica vai tomar banho deixando sobre a carteira uma foto de família, onde lá estava Aline e o irmão abraçado, por isso ela se foi e nunca mais procurou pelo pai, que também é meu tio, esta é minha historia.
A porta se abre e Mônica se vai para sempre, Mônica carrega no ventre o filho de seu pai, a ultima musica que Jairo conpos é sobre a paixão de um homem pela irmã e depois pela sua filha. O suicídio está explicado. A penúltima estrela acaba de se apagar.