Metamorfose (Terceiro Capítulo)
O FELINO
A garota estava distraída sentada na cama com o seu novo amigo felino. Quando aconteceu algo, que antes só havia acontecido nos seus sonhos...
- Se soubesse o quanto gostei de ganhar você. – Expôs à garota alisando o gato, este estava no seu colo. – Sempre fui tão sozinha, nunca tive amigos porque sempre vivi me mudando com os meus pais.
- Bem... Você deveria parar com essa ladainha, e começar a tentar me dá um nome você não acha? Miaaaau!
Sofia escutou o que o gato disse, espantada se levantou, soltou um grito ensurdecedor e o jogou para cima.
- Puxa!Miaau! Ainda bem que gato cai em pé. – Falou o bichano após cair no chão. – Miaaaau! – Espreguiçou-se.
- Não pode ser... Você fala? Ou é ilusão minha? – Indagou Sofia esfregando os olhos achando que o seu mal era sono, pois ela ainda não havia dormido desde que chegou a casa.
- Falo e pelo jeito você me entende... Concluindo, vejo que minha amiga Valeriana trouxe uma parenta bruxa. Miaaau!
- Bruxa?
- Ops! Não acredito que você não sabe? Que espécie de bruxa é você hein? Miaaau!
- Não... Não pode ser... Eu não tenho poderes nenhum... - Falou Sofia se lembrando do acontecimento ocorrido no parque.
- Tem convicção do que está dizendo? Miaaaaau!Miaaau!
- PUXA!EU NÃO ACREDITO QUE ESTOU FALANDO COM UM GATO. – Bradou a garota ainda em pé por causa do espanto.
- Que bom querida Sofia. – Disse Valeriana entrando no quarto. – É uma boa prova que você é uma bruxa, não acha? Pois os humanos comuns... - Sem poderes -... Geralmente entendem só os “miaus”... Mas os humanos de coração puro, por algum motivo, não sei qual, entendem também.
- É? Eu sou uma bruxa?
- Querida... – pronunciou a tia da garota. Segurou a mão de Sofia e sentaram na cama. – Na realidade você é mais que uma bruxa... Você é a rainha de dois reinos muito distintos em um lugar muito distante daqui, onde você só irá conhecê-lo quando estiver pronta. O seu povo lhe espera para reinar a paz . Em seu sangue existe tanto o gene que determina um bruxo, assim como de um vampiro...
- Como assim? Isso é possível? – Perguntou Sofia confusa.
-... Acreditava-se que não até nascer você, mas não vou poder aprofundar essa história nesse momento, pois não importa. Não agora. – Disse Valeriana se levantando - O que eu quero lhe dizer é que os seus poderes são provenientes da sua genética. Você tem poderes “bruxoliônicos” extraordinários Sofia, assim como, poderes simples de vampiros como: agilidade e força. O que basta é você aprender a controlá-los. A única diferença é que lhe falta o essencial para ser uma vampira...
- Seria... A imortalidade? – Interrompeu Sofia.
- Sim, isso significa dizer que em você predominou o seu gene bruxo, entretanto, você também tem poderes "vampirescos".
- Eu estou muito confusa com tudo isso... Então, tecnicamente eu sou bruxa-vampira? – Disse a garota de cabelos e olhos negros.
- Geneticamente falando... A única minha cara. Miaaaaau! –Intrometeu-se o gato.
Tudo passou a fazer sentido para Sofia. Agora ela sabia qual era a explicação para todos os acontecimentos em sua vida, e que se tornaram mais agravantes na adolescência.
- Mas tia... Como assim questão genética? Para isso ocorrer meus pais teria que ser um bruxo e o outro vampiro ou estou enganada?
- Esperta você, miaaau!- Intrometeu-se novamente o felino.
- Sim querida, você está certa. Eles eram... Só que... Por favor, não me faça lhe contar toda a história da sua vida agora, pois com o tempo as respostas virão. O que você tem que entender nesse exato momento é que seus pais não têm culpa de não poder ter lhe contado toda a verdade antes, pois o que eles mais queriam, e, querem, é manter você viva e protegida. Porque ainda há muitas coisas sobre a sua vida que você não conhece, sem dizer que seus pais amam-lhe muito.
- Está certo. Não se preocupe tia eu tentarei compreender a medida do possível e tudo o que mais quero é achar as respostas para as minhas perguntas. Eu não julgarei meus pais, prometo. – Mas... A senhora poderia fazer uma demonstração? – Perguntou pensativa.
- O que você quer que eu faça? – Indagou à senhorita Bland.
- Faça... Flutuar o meu guarda-roupa.
- Não pode ser algo menor querida?
- Pode... Deixe-me pensar... – Nesse momento Sofia olhou para o bichano que estava já saindo de fininho pela porta do quarto.
- Ah! Miaau... Não, eu não! – Berrou o felino. – Você é muito espertinha garota... Miaaau! – Falou o gato como sempre sarcástico. – Contudo, você ainda não me deu um nome esqueceu? – Falou o gato tentando mudar a situação. Miaaau! – O bichano fez Sofia e Valeriana rirem como nunca.
- Você pensa que a vida é feita de regalias bichano? – Disse a senhorita Bland.
- Miaaaau! Sinto muito dizer... Mas tudo bem, vocês venceram.
A bruxa Valeriana fez um gesto com as mãos. Concentrou-se. E por um momento Sofia achou que não nada iria acontecer, e que o gato falante era só fruto da sua imaginação, apesar da sua tia dizer que também o ouvia falar. Contudo, Valeriana realizou o feitiço tranquilamente. Sofia ficou assustada e ao mesmo tempo se divertia em ver o pobre felino pedindo para descer, esperneando e ameaçando as duas.
- Vocês irão vê a minha ira quando eu descer daqui. Miaaau! Eu vou falar e miar a noite inteira. PAREM! PAREM DE RIR!MIAAAU!
- Pronto. Vou descer você. – Falou Valeriana, uma mulher com uma formosa aparência, descendo o gato.
- Miaau! Minha coluna. – Falou o pobre gato espreguiçando-se. – E meu nome? Escolheu menina?
- É ele está certo. Então já decidiu?
- Eu não sei. Não pensei em nenhum. – Falou Sofia.
- Vamos querida... – Disse Valeriana incentivando a garota.
- É... Que tal, Jack?
- Horrível! Não combina nadinha com a beleza dos meus olhos. Miaaau! – Disse o gato.
- Modesto você hein? – Falou a garota.
- Tom? Eu gostei desse nome! O que você acha tia?
- Não gostei! – Falou Valeriana balançando a cabeça negativamente.
- Também não gostei. Miaaau!
- É... Não é tão agradável. – Disse a garota desanimada.
- Miaaau... Eu já tive tantos nomes que você nem imagina. Como exemplo: Florentino e Roxinol. Já sofri demais então, por favor, dê-me paz nesses três mil anos de vida, como eu disse antes... Já sofri demais.
- Três mil anos? – Disse a garota olhando com seus olhos negros para o gato.
- Querida amiga Sofia... Miaau! Eu era um bruxo assim como você, só que acabei fazendo um feitiço irreversível dá errado e hoje eu sou um gato, literalmente falando. Miau!
- E isso foi a três mil anos atrás? E não teve nenhum jeito mesmo de reverter esse feitiço?
- Porque como eu já lhe disse... É irreversível, não pode ser desfeito. Não é que nem os humanos sem magia dizem em suas histórias, que é só achar o verdadeiro amor e beijá-lo que voltará ao normal. – Mas... Voltando ao assunto... E o meu nome? Já escolheu?
- Hum... Já sei. – Disse a menina com o nome pronto na ponta da língua. – Napoleão... O que vocês acham? – Disse a garota esperando uma resposta positiva.
- Ah! Eu gostei desse nome... Miaau! Podem me chamar de Napoleão a partir de agora.
- Bem... Então vamos descer e deixar Sofia dormir. Vamos Napoleão?
- Miaaau! Sim, Vamos.
À tarde do primeiro dia de Sofia na casa passou depressa, e Sofia estava tão cansada que só veio acordar no outro dia. O segundo dia de Sofia naquela casa passou bem mais rápido que o primeiro. Sofia e Napoleão passaram o resto da tarde do segundo dia se conhecendo. Sofia adorava gatos e já sabia que iria existir ali uma grande amizade.
- Eu vi que você chega lambeu os dedos de tanta fome hoje no almoço.
- É... Eu estava morrendo de fome, dormi demais e me esqueci de comer. – Falou a garota sorrindo.
- Eu não sabia que você gostava de carne de sapo e patas de aranha assada. Porque eu poderia jurar que seus pais nunca lhe deram esse tipo de comida ou deram? Miau!
- É...
- Que dizer... Os humanos sem poderes comem isso também? – Falou Napoleão tentando amenizar a situação. Miaau!
- Em alguns restaurantes exóticos tem carne... Agora patas de aranha assadas... Só de pensar dá um nojo. – Disse Sofia desconfiada.
- Mas hoje você comeu... Miaau!
- Não... Fala sério?
- Estou falando sério. – Afirmou Napoleão.
- Realmente estava um delicia nunca eu iria adivinhar.
- Miaaau! É gostoso... Você que não é acostumada a comer.
- Fazer o que não é? Agora já comi, matou a minha fome isso que importa. – Sofia disse com uma cara de preocupação.
- Assim que se fala. Miaau! Você é mais bruxa que se pensa.
- Vamos descer para o jantar? Miaaau!
- É... Você vai me dizer o que é a comida?
- Talvez... Miau!
A pobre Sofia desceu as escadas pensando o que iria ser o jantar daquela noite.
- Miaau! Viemos jantar. – Disse Napoleão a Valeriana.
- Que bom! Chegaram na hora certa nem precisei chamar vocês. – Disse a senhorita Bland colocando os pratos na mesa.
Nessa hora o gato deu um salto e subiu em cima da mesa.
- Napoleão desça. – Mandou Sofia.
- Miaau! Você acha? Eu sou da família.
- Minha querida, os gatos ou qualquer outro animal de estimação, no mundo bruxo é tratado com respeito e carinho. Considerado membro da família. – Explicou à senhorita Bland.
- Desculpe-me. – Disse a garota humildemente.
- Miaau! Está desculpada. – Disse o lindo gato Napoleão.
- O que é que tem para o jantar tia? – Perguntou a menina desconfiada.
- Tem sanduíche de gergelim e suco de abobora. Sabe como é fiz um jantar simples. E quero lhe dizer que amanhã você terá que acordar bem cedo para eu começar a lhe ensinar alguns fundamentos em magia.
- Ótimo! – Falou Sofia sentando a mesa satisfeita por saber que não era nada estranho que ia comer.
Sofia jantou até se satisfazer. Ela estava amando está naquela casa, mas sentia uma imensa saudade dos seus pais. Todas as noites Sofia sonhava com eles e pedia a Deus que os protegessem, pois seus pais eram o bem mais valioso que ela possuía.
- Tia, vou me deitar agora.
- Vá dormir e descanse bem, pois amanhã será um longo dia. – Afirmou Valeriana Bland.
- Quer dizer... Que a senhorita vai me ensinar tudo o que uma bruxa deve saber?
- Quase tudo querida, pois tem coisas que só uma verdadeira bruxa aprende, e não falo da mágica em si, e sim na lição e nos princípios que temos que alcançar. – Disse a senhorita Bland.
- Miaaau! Que sono. – Disse Napoleão espreguiçando-se, após comer toda a comida que tinha no seu prato.
- Vá dormir minha querida, amanhã será um longo dia. – Disse Valeriana retirando os pratos da mesa.
O felino e a garota subiram e foram dormir, pois sabiam que logo seria um novo e longo dia.
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