O PÁSSARO VERDE...
E AS FLORES...
Agora de repente no meio das
flores um
pássaro contente todo verdinho
ia de flor
em flor bebendo seu néctar
que para ele certamente
provinha dos deuses de tão
docinho que era...
Ele nem escolhia as flores...
desde que elas
lhe chamassem a atenção por seu
brilho, sua cor e seu perfume.
No entanto, não deixava de sorver
de todas as flores, mesmo das
aparentemente sem graça que
alguns diziam serem feias.
Nascia o sol...e ele já estava no meio
delas
como se esse néctar mesclado
com pólen
lhe pertencesse pois sua vida dele
dependia,
e se elas deixassem
repentinamente de produzir esse
delicioso
alimento, até sua vida estaria em
perigo.
Assim, esse pequeno pássaro verde
se confundia nas folhagens,
e logo se
mimetizava de tal modo
que nem era possível vê-lo,
quando pousava para descansar da
busca de seu néctar.
Um dia porém começou a bater um sol
terrível
naquele jardim encantado.
As folhagens foram
as primeiras a dar o alarme
enrolando-se todinhas como se
fossem charutos.
Ressequidas,elas em alguns dias
haviam se transformado em palha,
suas folhas estalavam e se
desmanchavam ao serem tocadas.
As flores todas...pendiam agora de
suas
hastes completamente murchas e
sem
aquele viço do passado.
O pássaro perdera para a inclemência
do sol
o seu alimento ...pois néctar não havia
mais.
Então começou a voar em busca de
outras flores...e onde quer que voasse...
só encontrava
flores já sem vida.
Sentou-se então num galho de uma
árvore que
agora era só de galhos porque nela
também não havia mais folhas.
A fome havia chegado para o pássaro
verde. E ele sabia que nem podia mais
se esconder entre as folhas, pois
predadores observavam todos os
seus movimentos.
Ele estava desprotegido
numa natureza que perdera seu verde,
já não provendo seu alimento.
Vagou voando...de um lado a outro
e finalmente decidiu, com o resto das
forças que lhe restara,alçar seu vôo
em direção ao sul,
pois havia uma semana que nada comera.
E não parou...até chegar a seu destino,
8 horas depois.
Chegara enfim a seu destino, e um radar
interno lhe confirmava isso.
Extenuado... e esfomeado desceu dos
céus e foi
em busca de flores...mas não havia mais
nenhuma...pois o sol acabara com elas
também
e nem se via verde algum a se perder de
vista.
Hum...era o apocalipse...uma secura que
nunca se vira antes tomara conta de tudo.
Fraquinho de seu longo vôo...
buscava de todas as maneiras uma
flor que fosse... para se alimentar.
Foi quando viu uma gruta na penumbra
do que antes havia sido uma mata
esplêndida.
Voou até ela...na esperança de
encontrar algo
que servisse de alimento.
Assim que entrou na gruta viu uma flor...
apenas uma...
Com ansiedade sorveu seu pouco néctar,
mesmo sabendo que isso não
saciaria a sua fome de dias e dias.
Nisso, mais que esgotado, ao pousar
num galho
viu um ninho abandonado de corrupiões.
Voou até ele...sua vida estava
terminando, pois sentia isso...
Deitou-se
nesse ninho macio,
e dormiu profundamente.
E então sonhou com muitas
e muitas flores.
Pela manhã um sol causticante já
alcançara o
ninho daquela árvore seca,
mas para o pássaro verde isso já não
importava mais,
porque seu corpinho também secara...
onde tudo já houvera secado.
A terra secara toda...todo o planeta
secara de uma vez....e estava vazio,
e nele nem mais cabia o sentimento de
posse
porque não havia nada mais para ser
possuído.
Orgulhos.vaidades,maldades,hipocrisias,
avarezas, ciúmes e tudo o mais...nada
disso
mais existia.
Nem homens...nem árvores...nem flores...
nem água...e nem nada mais...existia.
No ninho seco... de uma árvore seca...
de um
planeta seco... o pássaro verde dormia
seu sono eterno.
E nem de uma flor ele precisava mais.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o
Autor: Cássio Seagull
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
Pequeno conto que fiz em 12-01-10 – às 20h –SP
Lua minguante – sol forte e chuvas – 32 graus
Beijos e abraços para você ...Bom sábado...
cseagull2@hotmail.com
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=