Corrompido

Pai, eu pequei.

Olhos fechados diante do crucifixo, lhe exponho o maior dos meus pecados. Ainda posso ouvir a música que tocava e acalmava o ambiente. As perfeitas maçãs de tua face se expondo, trazendo consigo teus lábios carnudos num sorriso atrevido e convidativo, olhar profundo, olhos azulados que sorriem juntos aos teus lábios. Tudo nela me convidava e foi sentindo o teu perfume, doce, sutil e impactante, que percebi que ja estava a sua frente. Eu podia sentir o sopro dos teus lábios em meu rosto, tua pele macia tocar a minha e me fazendo suspirar... Teus cabelos escuros caindo sobre os teus olhos, sobre tua pele clara e perfumada, teus traços únicos, teu toque suave, que ao tocar minha pele, abraçava a minha alma. Era como se ela soubesse disso, como se beijasse minha alma e a tivesse em suas mãos. Senti os teus lábios tocarem os meus e eu não ofereci resistência alguma, tua boca se moldava a minha e a massageava tão suavemente, assim como teu corpo junto ao meu. Eu podia sentir teu coração bater disparado, teu corpo cada vez mais junto ao meu. Eis então que a música se silencia, enfatizando o som dos nossos lábios se tocando e me trazendo de volta o chão. Teus lábios deixaram os meus e quando dei por mim, já estava sem ar... Respirei fundo e antes que a melodia recomeçasse, desviei o olhar, e desde então, cada vez que fecho os olhos, ela vem até mim, e não importa o quanto eu lute contra isso, já me sinto corrompido.