A Árvore Encantada

Um garoto ia andando pela orla do rio que estava perto da sua casa, onde ele morava com a sua mãe e a sua irmã mais nova, o seu pai falecera pouco antes do natal passado. A água estava quase congelando naquele rio, ele vestia um casaco marrom escuro, já desgastado pelo tempo, já que não tinham condições financeiras muito boas, desde que o seu pai falecera, ele não comprava um casaco há algum tempo, usava também um par de jeans surrado além se umas luvas e botas pretas, que ressaltavam em relação à sua pele pálida, o cachecol vermelho, que a sua tia lhe dera de presente para os seus treze anos, esvoaçava com o vento frio.

A cada passo que ele dava pela orla do rio, as árvores iam aparecendo uma a uma, cada vez havia mais árvores, o que divertia o garoto, pois ele adorava contas as coisas no seu caminho. Quando estava em um ponto bastante avançado na sua caminhada viu que havia se formado uma clareira, e só havia uma árvore na beira do rio, a árvore era pouco robusta, e tinha poucas folhas, o que lhe restava de vida estava coberto de uma neve tão branca que refletia a luz do sol no seu rosto. Ele se aproximou, porque sentiu que tinha que cuidar daquela árvore. Sentou-se sob a sua "sombra" e adormeceu, quando acordou, imaginou que estava em um sonho, pois a árvore que antes estava quase morta aparecia frondosa e robusta diante dos seus olhos castanhos, que agora estavam marejados, depois de ver a beleza da árvore. Nesse instante uma voz suave, como a de um fantasma veio lhe sussurrar algo.

- Você me alimentou com o seu amor pela natureza. Eu, que esperei tanto tempo por uma criança que quisesse se aproximar de mim, vou te conceder um desejo, e apenas um, quando você o fizer, uma porta irá se abrir e você vai encontrar o que deseja.

- Eu... Eu desejo... - Disse ele titubeando diante daquela situação. - Eu desejo um mundo onde não haja problemas para as pessoas, um mundo onde tudo seja perfeito e não haja violência, um mundo onde só haja paz.

- Vou lhe conceder o seu desejo, passe pela porta. - Disse a voz enquanto uma porta se abria no tronco da árvore, o que havia ali ele nunca poderia imaginar.

Ele se aproximou lentamente daquela porta para a felicidade, assim que deu um passo em direção à escuridão que havia do outro lado, tudo que ele conhecia agora não servia de nada. Do outro lado da porta havia um mundo perfeito, havia um campo imenso de pura grava de um verde vivo, ele estava na orla de uma floresta. Ele podia ver os animais correndo felizes pelo campo aberto, olhou para o céu e viu um arco-íris eterno. Ele não sabia o que o esperava ali, então a voz se aproximou de novo.

- Você pediu um mundo perfeito, um mundo onde não haveria violência, e que fosse um mundo de paz para as pessoas. E eu concedi o seu desejo.

Uma lágrima de felicidade escorreu pelo seu rosto, mas a voz continuou mesmo assim.

- E para que um mundo seja perfeito para que as pessoas vivam nele. Esse mundo tem que ser um mundo sem pessoas, agora você está sozinho, espero que seja feliz daqui pra frente. - E a voz se perdeu novamente naquela floresta.

Agora ele não tinha apenas uma lágrima, agora ele estava aos prantos, derrubado em uma árvore frondosa, com frutos que ele desconhecia, mas tinha certeza que estavam maduros...

Marco Borghi
Enviado por Marco Borghi em 05/01/2010
Código do texto: T2011815
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