Beleza estonteante
Uma piada no ar, um sorriso maroto e ela sai pisando num salto agulha, acetinado e translúcido, de seu scarpin vinho.
Tem aquele rebolado desvirtuador.
Mostrando suas formas no vestido de voil de seda acinturado e com decote onde seu belo colo fica a mostra.
Formas perfeitas, absolutamente irrecusáveis aos olhos de quem por ela passar a bons metros de distância.
Pernas bem torneadas desfilam sob a transparência do tecido.
O luar de lindíssima lua cheia é como holofote das estrelas Holiudianal.
A brisa da noite movimenta seus cabelos ruivos, longos e ondulados e tocam seus ombros e costas e um vai-e-vem insinuante de paixão. Seus olhos verdes brilham tanto quanto seu colar de esmeraldas.
É uma deusa, uma visão incontestável de uma jóia-mulher de primeiríssima grandeza.
Grandeza esta completa, não fosse o putrefato de sua mesquinhez e maldades horrendas, de modo que até eu me curvaria a tamanha divindade afrodítica.
Mas aquele ar de superioridade inigualável, de elegância exuberante e sedução de nós pobres mortais, nada mais era do que um chamado ao abismo congelante e sombrio de nossas almas perdidas. Onde nosssos gemidos de prazer transformados em eternos ais de dor.
Minhas mãos se movimentavam como que tocando e apertando sua pele macia, de essência afrodisíaca. Eu ainda posso sentir minhas narinas inalando seu letal perfume parisiense.
Entre suas cochas eu era levado a cova como peregrino sedento e suas armas brancas me cortavam
E eu teso ainda e já morinbundo vi sua verdadeira face, a horrível face assoladora de luxúria e engano incomensurável e irremediável. Em meio as trevas fui deixado agozinante e ébrio, entre convulsões ininterruptas.
Um monstruoso pânico me tomou por inteiro, um frio antártico me cobria corpo e alma, já sentia as batidas do coração diminuindo, diminuindo, diminuindo até parar completamente e a morte plena me tomar.
Fim do primeiro ato.