PRISIONEIRA QUE FOI RAINHA II

O caminho era longo e haviam plantanções que distraíam a fugitiva. Era um continente tão estranho, diferente de tudo que sua visão havia percorrido.

Mas, não podia apreciar e andava a passos largos até perder de vista aquele enorme castelo rodeado pela primavera que chegava ao fim.

Após longos dias de caminhada, não havia mais qualquer lágrimas nos olhos.

Preocupava em se manter viva, pois sua missão estava apenas começando. O corpo estava mudando, preparando para cuidar do fruto que crescia tão rapidamente em suas entranhas.

Avistou ao longe um casebre. Não estava abandonado, havia alguém, pois os vestígios e movimentos o denunciavam.
 
Aproximando-se sorrateiramente, parou em um ponto que poderia observar melhor.

Foi então que surgiu uma mulher, não muito idosa, mas já madura, de pequena estatura e de passos muito lentos.

A jovem mulher muito cansada, decide arriscar e aproxima-se da estranha:

- Por favor! peço que me socorra! Ando por não sei quantos dias e já não sinto mais forças para seguir.

Antes que pudesse ouvir ou ver a reação daquela estranha... tudo em sua volta escurece...

Ao acordar, a jovem mulher percebe que alguém havia cuidado dela e deixou pedaços de pão e leite ao seu alcance. Estava dentro do casebre.

Com o passar do dia, descobriu que encontrara uma companheira de fuga. As duas tinham histórias diferentes mas se cruzaram no mesmo destino.

Aquela raquítica mulher vivia com seus pais que eram criados de um senhor feudal muito generoso.

Entretanto, a fazenda onde viviam fora invadida por ordem de maus senhores. Mataram todos e queimaram tudo.

Apenas uma criança conseguira escapar e fugir. Desde então aprendeu a cuidar de si mesma. Todo trauma que viveu a fez raquítica e de passos lentos. Falava bem baixinho, pois o medo era seu inseparável companheiro.

Aos poucos a jovem mulher conseguia conquistar a confiança e simpatia daquela pequena sofredora. As duas conviviam bem e desenvolviam suas tarefas de forma harmoniosa.

A jovem agora passeava pelas hortaliças e criações que desenvolvia com ajuda da sua mais nova guru e companhia. Aprendia a lidar com aquela terra desconhecida. Mas, na calmaria, seu coração clamava por seus pensamentos:

Da minha atitude estou convicta
Sinto falta daquele companheiro
E pelo bebê  virei uma fugitiva 
Vou  transformá-lo em guerreiro.