O Menino de Louça

19-12-2009

Quem nasce pra tostão nunca chega a um vintém?

Na vila havia uma família de negros.Havia várias...e nós também éramos.Entretanto a lua indígena quis que nossa pele alvejasse pela mestiçagem definitiva.
Então éramos odiados por negros, mulatos e brancos influentes. Nação estigmatizada. Nossos amigos escondiam dos pais essa amizade.
E a vida tornava a louça encardida.
A cada ano aprendíamos os novos conceitos.
E a cada dia nós separávamos mais da nascente...Navegávamos rio abaixo na correnteza.
Esse povo “ind-scuti/vemente” belo margeava a nascente e reverdecia em sorrisos.
Aprendamos um idioma e sons enaltecidos e trazidos encaixotados pelos viajantes.
O pajé achava um bom negócio...E ai de quem desobedece a um pajé...
A matriarca, índia tupi guarani cabocla, às vezes cismava com seus afazeres e dizia que não daria em nada.
Olha que cafuzo....mestiçagem feita...pajelança adquirida...
Viajantes indagando das mazelas e aprendendo as mezinhas...
Bonecas e bonecos de papelão comidos.
Então se institui o dia do plástico.
O negro amigo afro descendentemente, alegre, contava como eram as coisas onde trabalhava...como eram as máquinas. Enfeitava tanto em detalhes que enxergávamos as máquinas prensando os objetos...braços, pernas, coadores de chá. Artesão de sonhos, incutiu em nossas culturas o petróleo derretido...Com olhos que piscavam em bonecas imaginárias.Carros que soltavam rodinhas na
mãos dos curumins...E houve a revolução industrial da vila.
Mas isso já é uma outra história...Os quilombolas procuram seu espaço...E o menino junta os cacos!

INEZTEVES
Enviado por INEZTEVES em 23/12/2009
Reeditado em 11/08/2011
Código do texto: T1991882
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