Cap 23 - Despedidas

Todas as minhas lembranças haviam desaparecido numa explosão absurda de cores, calor, pessoas e sentimentos. Eu havia desmaiado de exaustão por tentar purificar o Orochi, segurar a onda do Iori e ainda me defender de tudo que acontecia ao meu redor.

Apenas me lembrava dos braços de Kim me segurando e da carinha espantada da Athena ao meu lado quando viu as cores de meu sangue escorrer pelos meus cortes no corpo.

Acordei com o corpo dolorido. Olhei para o teto de onde eu estava. Era um hospital. Tentei levantar a cabeça, doía horrivelmente e eu estava tonta.

Reparei que meu cabelo havia crescido mais. Quanto tempo eu teria ficado desmaiada?

Vi que minhas mãos e corpo estavam presos a cama. Fecho meus olhos e rapidamente vasculho memórias de quem me atendeu naquele lugar. Varias pessoas perceberam meu sangue, minhas “diferenças”. E isso não era bom.

Tentei manter a calma e procurando explicações. Traços mentais de algumas pessoas fervilhavam em minha mente. Entrei em sintonia com Kim, que fora quem me levara ao hospital.

Pedi ajuda. Dei informações sobre o que eu faria. Pedi que me visitasse em minha casa dali algumas horas.

Sem demorar muito, eu entrei em contato com todas as mentes que haviam me visto naquele local e apaguei minha lembrança de suas memórias

Fazer aquilo era fácil, tendo em vista que nenhuma daquelas pessoas tinham a mente treinada para se defender de minhas habilidades psíquicas. . Só me esqueci que computadores haviam me registrado.

Terminando a faxina mental das pessoas, dei um curto circuito nas câmeras do hospital em que estava e me teleportei para a casa que havia alugado há alguns meses.

Chegando lá, arremessei aquelas roupas horrendas de hospital em sacos de lixo. Coloquei-os na parte de fora da casa.

No meio do caminho de volta a casa parei e encarei a roupa envolta em um saco negro. Sorri levemente ainda sentindo os poderes de Iori e Kyo em meu corpo.

Levantei a mão direita, e em um movimento delicado ascendente com a mão, ateei fogo ao saco. As chamas oscilavam entre o vermelho e o azul.

Entrei em casa, enchi a banheira de imersão e me joguei por horas dentro da água quente. Meu corpo doía, minha cabeça girava e meu coração estava abalado por completo. Eu não tinha certeza de mais nada o que houve depois da explosão do ginásio.

Depois da luta entre Iori, Kyo e o Orochi, eu estava esgotada. Tinha vontade de sumir daquele país e daquele tempo.

Pensar em seus nomes acendeu o fogo da duvida em minha cabeça: O que teria acontecido aos 3 ?

Esperava que Kim tivesse entendido meu pedido. Cochilei na água morna relaxando todos os músculos do meu corpo.

Acordei com o soar delicado da campainha. Sem me mover, fiz com que as portas se abrissem e que Kim entrasse.

Ele parou na porta do banheiro de braços cruzados quando eu terminava de pentear os cabelos. Eu estava vestida em um roupão negro.

Kim fora me visitar levando as 3 esferas retiradas no dia do confronto e muitas novidades.

Duas semanas haviam se passado desde então. Não trocamos muitas palavras nos primeiros 20 minutos em que nos vimos.

Abracei-o, sentindo que talvez ele fosse o único a me compreender naquele momento.

O que me sobrara na mente foram aquelas esferas negras que continham uma grande quantidade do poder negro do demônio que derrotamos e as lembranças de Iori e Kyo no meio daquela luz toda.

Kim deu todas as informações que eu precisava saber enquanto entregava uma a uma as bolas negras que eu tinha tirado de Shiro, Shermie e do Orochi.

A esfera de Yashiro foi a primeira. Kim dissera que Shiro estava vivo e bem.

A esfera de Shermie foi a segunda.

- Ouvi o comentário de que agora ela parecia mais dócil que antes. - Sorri enquanto ouvia atenta a voz de Kim.

Por último ele me entregou a esfera maior, que fora retirada do Orochi.

Sorri feliz, sentindo lágrimas aos olhos ao saber que Chris havia resistido. E que o ser que eu deixei liberto havia sumido.

Lágrimas lavaram minha alma naquela visita que Kim havia me feito.

Entreguei presentes para os filhos e para a mulher dele. Na próxima vez que eu voltasse ali eu faria uma visita a sua casa e treinaria uns golpes com os meninos dele.

Iori e Kyo não haviam aparecido ainda depois da nossa hospitalização.

Recebi visitas de varias pessoas por dias. Inclusive de organizadores e “atrapalhadores” do torneio, como Geese.

Mai me trouxe um tipo de comida diferente que ela mesma havia preparado. Passamos uma tarde agradável de sábado regadas a vinho e conversas, junto com uma nova pessoa, Blue Mary.

Ela era uma loira de mente perspicaz e humor fantástico. Até rodadas de vídeo game nós 3 jogamos. Foram momentos felizes que eu não tivera chance de ter ao longo de toda aquela aventura e confusão.

No dia posterior a visita das meninas, Shiro, Shermie e Chris foram fazer um luau em minha sala. Demos um abraço quádruplo por minutos em nosso reencontro.

Ao ver Chris novamente, uma emoção sem explicação arrebatou meu coração em uma crise de choro me travou por minutos. Passei a crise abraçada a Chris como uma criança.

Cantamos muitas musicas no karaokê. Naquela noite Shiro, Athena e Kyo participaram de nosso coral desafinado. Pois chegaram logo em seguida. Dormimos todos juntos na sala. Foi uma confusão....

Kyo acordou com uma calcinha na cabeça. Tiramos uma foto e descobri que a arte foi do Yashiro.

Agora não me pergunte de quem era o artefato, pois nenhuma das minhas calcinhas havia sumido da gaveta! ^^

Naquela semana em recebi visitas de todos, eu aproveitei para me despedir. Pelo menos eu não os veria tão cedo.

Eu precisava retornar ao tempo de onde tinha vindo. Eu precisava colocar minhas idéias em ordem.

Entrei em contato com David, meu querido amigo computador. Marquei minha volta por uma fenda temporal para dali ha 2 dias.

Durante esses dois dias olhei pela janela sentindo que não estava completa, ainda.