O REENCONTRO
Precisava desesperadamente de se lembrar da senha. Forçou a memória, e nada. Resolveu tentar algumas combinações aleatórias de letras e números. Nada. Tentou “buterfly”. Nada aconteceu. Mushroom, firefly, moonriver, sunrise. Nada, nada, nada e nada. Lembrava-se que era uma palavra estrangeira. Seria em inglês? E se fosse em francês? Só podia ser isso. Era uma palavra francesa, agora se lembrava. Mas, qual? Ah, sim, na verdade era o verso de um poema. “Les sanglot long du violon de l’automne blessent mon coeur dune langueur monotone”. Mas, e se os versos estiverem errados, com a grafia incorreta? Aí se lembrou: os versos eram o que menos importava.Tanto faz se estivessem certos ou errados. Era isso. Bingo! A senha era “Verlaine”. Teclou nervosamente V-E-R-L-A-I-N-E, sobrenome de Paul, o poeta francês. E o portal se abriu. Entrou num mundo de cores e sons indescritíveis. Agora, tudo o que precisava era encontrar Medusa. Ela devia estar à sua espera desde a última vez, há um mês atrás. Caso ainda estivesse viva. Arrepiou-se ao ter pensamento tão sinistro. Mas, geralmente é assim. A gente sempre tem que estar preparado para o pior. O cavalo e a armadura estavam intactos, no mesmo lugar em que os havia deixado. Cingiu-se dos pés à cabeça, prendeu a túnica vermelha por sobre os ombros e saiu cavalgando mundo afora. A lembrança de Medusa marcava o ritmo alucinado dos cascos tinindo na pedra. À sua frente, apenas a esperança de um reencontro. Era o bastante. Cada um de nós tem o seu dia D.