cap 18 - A bela e a fera
Mai, Terry e Andy continuaram correndo dos seguranças. Eu tropecei em Shingo e despenquei de uma plataforma para o corredor que abria caminhos para os vestiários e banheiros dos competidores.
Fui cair em cima de Yagami, que passava naquele exato momento para ir ao vestiário. Ouvi o rosnado que ele deu ao sentir o impacto de meus ombros em seu peito.
Quando me vi naquela situação, fechei os olhos e esperei o grito de raiva, que ele, com certeza, me daria.
O ruivo me encarou, virando os olhos vagarosamente para olhar quem havia feito aquilo. Sua fisionomia mudou totalmente ao ver quem era que tinha lhe atropelado.
Eu estava com o queixo encostado em seu peito, pisava em ambos os pés dele. Eu estava quase enfiada dentro da roupa de Iori e senti o aroma maravilhoso do perfume que usava. Também sentia a respiração forte dele arquejar seu tórax se misturar com a minha (que estava ofegante da corrida).
Percebi que os seguranças que me perseguiam disfarçaram ao nos ver e saíram de perto. Parecia que a situação iria piorar se aproximassem da gente.
Eu estava começando a suar frio quando um rapaz pediu para continuarmos a pose para uma foto.
Iori sorriu, para meu desconcerto total, passou a mão esquerda na franja, ajeitou a roupa e organizou meus cabelos me olhando nos olhos. O sorriso dele, dessa vez, não fez com que eu sentisse medo.
Soltei um grito rápido quando Yagami me arrancou a bandana da cabeça, e com uma mão, me pegou no colo fazendo com que sentasse em sua perna meio dobrada em posição de reverencia. Devagar, quase como que em uma cerimônia, ele encostou seu nariz e sua testa junto ao meu rosto, sorriu de canto de lábio e fez com que a mão desocupada soltasse chamas roxas.
Ouvi novamente outro grito das pessoas que acompanhavam o telão. Algumas falavam completamente histéricas apontando a imagem: “Olha o que o Yagami está fazendo!”
Eu estava imóvel em seus braços, mesmo depois que o garoto havia tirado a foto. Com os rostos e corpos praticamente colados, eu tinha um contato maior com Iori.
- A foto deve ter ficado linda... – o sussurro dele em meu ouvido ecoou mais profundo que eu imaginava.
O ruivo virou um pouco o pescoço e gritou para o garoto que batera a foto:
- Quero uma cópia! Me traz que autografo para você!
Eu estava com vergonha. Coloquei meu rosto entre os ombros e pescoço dele. Embriagando-me com o aroma que ele exalava.
Senti seu abraço forte e meu sangue ferveu um pouco mais. Ele se levantou, ainda me segurando no colo. Segundos depois, senti os braços afrouxarem e as pontas dos dedos da mão direita dele tocarem meu rosto e guiar minha faze em direção da dele.
Delicadamente senti seus lábios quentes e úmidos tocarem os meus. Perdi o controle do restante de respiração que eu tinha, quando nossas línguas se acariciaram uma entre a outra.
Uma vertigem que jamais havia sentido na vida havia tomado conta de meus sentidos. O silencio dos pensamentos reinou por alguns segundos em minha mente.
Ao findar aquele minuto eterno do beijo, fiquei um segundo a mais com os olhos fechados e a boca semi-aberta, respirando completamente sem ritmo. Aos poucos, percebi que o silencio que ouvia não era só fruto de minha mente. As pessoas estavam silenciosas por NOSSA CAUSA.
Iori tinha um olhar feliz quando me encarava. Mas, ao virar para a câmera que nos filmava, tornou-se frio novamente.
Colocou-me no chão, se abaixou levemente e encostou os lábios em meu ouvido para sussurrar:
- Preciso lhe falhar hoje à noite, quando sair dali – apontou para o ringue.
Eu sorri meio perdida em meus sentidos sem saber para onde caminhar.
Ele voltou a sua postura costumeira, virou-se em direção ao vestiário e saiu.
Sinceramente eu não sabia em que lado me apoiava. Ouvi passos em minha direção. Olhei e vi Kyo se aproximando de mim sorrindo. Ele me deu o braço direito para que eu o pegasse e saímos dali.
Em tom alegre, enquanto as pessoas voltavam suas atenções para outras coisas, ele me falou:
- Posso dizer que você foi a única pessoa a fazer o Iori mostrar seu lado romântico em público – Kyo piscou para mim enquanto nos sentávamos nas cadeiras reservadas para a luta entre ele e Kim.
Dali alguns minutos, o tormento das lutas deles me faria voltar à tona. Mas por enquanto eu estava desligada do mundo.