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Nao deu tempo, tentei ainda desviar mas foi rapido
demais....a luz era intensa, brequei, me apavorei, sai do carro, a luz
vinha de cima, corri, me atirei na vala ao lado da estrada, fiquei por la'
deitado, quieto, de barriga para cima, olhando de cabeca virada para
ver se me seguiam, nada, fui me virando devagar....as duas criancas
ainda estavam por la' no meio da estrada examinando algo no chao...
Minha visao foi se acostumando, tremia que nem
vara verde, adrenalina a mil, suava, cocava, minha cabeca rodava...
mas eu tinha que ver..fui me ajeitando melhor na beira da vala,
coloquei a cabeca para fora de uma vez....agora sim via bem..a luz
forte me protegia, nao eram criancas...eram anoes?..nao tambem
Os dois comecaram a se movimentarem, erguiam
um terceiro do chao que comecou a caminhar lentamente, parecia
zonzo, balancava ao andar...os outros dois acompanhavam apenas
a luz foi mudando de direcao...acompanhando tambem o caminhar dos
treis..ouvi um zumbido forte e a luz se abriu em cima dos treis...foram
subindo, atraidos ou puxados atraves do feixe de luz, conforme subiam
o feixe ia se erguendo tambem...deixando mais escuro o asfalto, mais e
mais e eu fui me levantando, voltando para meu carro, estava ainda
ligado,mas do radio nada se ouvia, apenas um zumbido , uma chiadeira
de fora de estacao...me apoiei no carro, olhava a luz subindo...subindo
de repente sumiu de vez...e vi...uma nave enorme, gigantesca, cheia
de luzes, piscando...zuninado, girando e num zumbido maior, de deixar
surdo, coloquei minhas maos nos ouvidos, cai de joelhos e quando
olhei de novo tinha desaparecido, deixando um escuro na estrada como
breu, apenas meus farois acesos iluminavam algo no chao, tive medo
mas fui me aproximando, era uma caixa metalica com uma alca na
tampa..empurei com os pes, cutuquei, chutei...fui me abaixando,
coloquei a ponta de um dedo para ver se nao estava quente, nao
estava, fria, normal...segurei na alca, ergui, era leve, trouxe para meu
carro..sai rapido e rasteiro, voando estrada afora ate' chegar em casa.
Nao disse a ninguem o que tinha visto, sei como seria
tratado, taxado de louco, mas eu tinha a caixa, precisava ver o que
ela continha, do que era feita, estava trancada, fechada a chave,
tentei varias chaves, arames, limas, nada, nada abria a danada....
ate' que tentei com uma lixa de unha bem fina, ponteaguda e click...
abriu...dentro, envelopes, documentos, papeis, selos nacionais
estampados, carimbos de ''confidencial''...curioso fui retirando um a
um e ao abrir o primeiro comecei a ler...nao acreditava no que estava
lendo...meu nome, meu endereco, minha vida resumida, estampada
ali...fui abrindo outros, outros, vendo fotos, papeis, certidoes de
nascimento, casamento, carteiras profissionais, curriculuns meus...
dados de empregos que tive, infancia, juventude, ate' o momento
atual...sentei com tudo aquilo na maos, esparramados pelo chao....
o que era isto? para que se destinava? o que pretendiam? de onde
tiraram?...como estavam ali tao perto de minha casa?...dados que nem
eu mais me lembrava...e ai ouvi...o barulho era enorme, de deixar louco
zunindo...zunindo...e a luz atravessou todas as janelas e ouvi um
estrondo....nada mais ouvi.
Ja' la' se vao deis anos que estou aqui...trabalho,
dou aulas, ensino matematica, ciencias, vida terraquea..passaros,
peixes, baleias, eles tem uma enorme curiosidade em verem
estas coisas, estes animais nascerem, crescerem, reproduzirem...
foram implantados muitos nucleos de criacao e desenvolvimento de
especies que na terra foram extintas....pretendem um dia, quando
por aqui, que e' um planeta pequeno, ficar super povoado destes
animais, passaros e plantas...levarem de volta ao planeta de origem,
a terra..querem que eu va' com eles, talvez va'..talvez nao..vamos
ver...me dei bem aqui, tenho familia, filhos...e' agradavel, gostoso de
se viver por aqui, me lembra a terra quando animais, plantas, passaros
se desenvolviam 'a vontade...vamos ver, vai depender de muita coisa
ate' la' vou me envolvendo mais e mais com os ''pandas, baleias, araras
azuis"" e outros bichos..aqui sou considerado gente, acreditam?