Cap 11 - Vitima Iori
Olhei para a entrada principal, onde os participantes das lutas entravam. Todos olhavam para o grupo errante que estava fazendo palhaçadas e cantando no palco.
Desavisado, Iori entra no recinto, junto com varias outras pessoas expectadoras do espetaculo que estavamos fazendo.
Olhei para Andy e sorri quando o olhar dele cruzou com o meu.
Perguntei se ele sabia tocar a musica “Mandrake E Os Cubanos” da banda Skank, também brasileira. Ele me fez cara de que não sabia do que eu estava falando. Coloquei Shingo, Wendy e Shiro um de frente do outro e Chris na bateria, fiquei ao centro e dei instruções rapidas sobre como tocar.
Joguei um microfone para Mai cantar comigo e caminhamos em direção de Iori, fazendo mimicas e gestos para as roupas dele.
“Será que você gostou
Desse terno que eu comprei??
Parece um fraque de um Mandrake (demos a volta em Iori e puxamos de leve o rabinho de sua camisa)
Foi no centro que eu achei
Será que você gostou
Dessas meias de algodão (puxei o pé direito dele para cima, fazendo com que ele se equilibrasse apoiando em uma cadeira)
Disseram que no inverno esfriam
E esquentam no verão, (Mai puxou seu leque ameaçadoramente)
Vou combinar com meus sapatos
De couro de cascavel
Botar no bolso uns cubanos (enfio um charuto na boca de Iori, não perguntem de ounde saiu!)
Que me deram lá no motel
Eu hoje sou cabra da peste
Sou mute lá no Correia
Nem cult nem cafajeste
Só lobo na lua cheia” ( fizemos cara de bravos rosnando e saimos correndo, quando ele faz menção de jogar a cadeira em cima da gente)
Risos ecoaram.
Só reparamos que o local estava praticamente de lotação esgotada quando ouvimos as gargalhadas e os aplausos da galera que estava nas arquibancadas.
Era mais de 8 horas da noite. Olhei para a bancada VIP. Ali estavam algumas pessoas antigas do campeonato: Geese Howard e Takuma. Sorri para eles e acenei. Num tinha como não perceber as suas caras de susto perante as coisas que haviamos feito.
- Quem é aquela louca?– vi o Japones perguntar ao loiro
- Isso não fazia parte da abertura – vi outro comentando ao lado deles, coçando o queixo.
As pessoas gritavam felizes e agitadas. No telão eram exibidas imagens de lutas dos anos anteriores. De todos os participantes.
Falei ao microfone como apresentadora.
- Bem vindos a mais um “The king of fighters” . Gostaríamos de mostrar o outro lado de seus ídolos da pancadaria.... – andei até a mesa de imagens e coloquei um pendrive com cenas quotidianas de todas as pessoas que eu havia conhecido até então.
Eu havia coletado vários materiais de apoio quando pesquisei sobre eles antes de vir para 1997.
As pessoas olhavam atentas as imagens que passavam nas diferentes telas do local.
Tinha cenas de Benimaru dançando na pista comigo. Digamos que o cara sabe guiar uma dança! Foi quando ouvi alguns gritinhos histéricos na platéia.
Outra cena mostrou Yashiro comendo yakissoba, todo lambuzado. Nessa hora foi a vez dos competidores rirem, inclusive Shiro.
Dentre varias coisas que passavam, existia uma cena de Iori fazendo carinho no gato em sua varanda. As pessoas soltaram um suspiro quando repararam em quem era. Olhei diretamente nos olhos de Yagami e pisquei. Caminhei até Iori, que estava emburrado no canto encostado em uma porta:
- Acabei com sua imagem de homem assassino. – tirei a franja da testa e a beijei.
Uma foto de Kyo treinando Shingo, rindo de um tombo levado por ambos... aquilo comoveu muita gente.
Mostramos outras imagens de Mai derrubando as coisas do palco, inclusive o tombo em cima de Shiro. Chris ensaiando e jogando as baquetas em cima de Benimaru, prendendo-as nos cabelos espetados do loiro. Era como se Beni tivesse chifres
Tudo que passava eram informações que os fãs dos lutadores desconheciam.
Haviam imagens de outras pessoas que participariam do campeonato, todas estavam sendo vistas pelo lado humano, pelo lado do que eram realmente.
Sai de cena e deixei o narrador entrar. Olhei para Athena e sorri.
- Não consegui falar com eles.... mas acho que alguma coisa eu fiz... – a abracei com meu coração pulando de alegria e tristeza ao mesmo tempo.