CAFÉ DA MANHÃ, FLORES E AMORES
Era manhã de um dia muito importante pare ele cujos negócios descambavam. Dormira muito mal, sentia-se incapaz de motivar clientes naquela fase negra de sua vida. Pôs a água para aquecer para preparar o café da manhã e num gesto quase automático aproximou o rosto para tocar com os lábios sobre a mãozinha do botão de rosas.
-- Você me parece triste – disse o botãozinho de rosas.
-- Eu? Oras! Que tolice.
-- Está! Você está apaixonado? É isso?
-- Não! Eu já lhe disse, nem tenho por quem me apaixonar.
-- É uma pena! Iguala-se aos poetas vazios.
-- É bem como estou me sentindo. Vazio!
-- De amor?
-- Claro que não.
-- Então ama alguém?
-- Em particular? Claro que não. Mas amo o amor. Gosto de gostar. E de gostar intensamente.
-- E por que não ama alguém em particular?
-- Porque não sei amar. Acho que é por isso. E hoje não posso falar de amor. Tenho clientes difíceis.
-- Eu gostaria de ir com você. Leva-me em visita aos seus clientes.
-- Seria cansativo para você botãozinho querido. Muito cansativo.
-- Você comprou um paletó. Com um paletó você não fica tão feio. E comigo na lapela vai ficar irresistível.
A água na chaleira atingiu o ponto ideal para o cozimento do pó de café. O moço sorriu para o botãozinho de rosas. Disse:
--Você é sempre irresistível, botãozinho de rosas.
O botãozinho de rosas corou – Perguntou ansioso:
-- Vai dizer que me ama?
-- Você não acreditaria. Tão fácil dizer “eu te amo”.
-- Diria caso me amasse?
-- Não! Só diria se você pudesse acreditar em virtude de minhas atitudes.
-- Mas... se não me diz que me ama...
-- Não! Eu não digo. E hoje eu não posso falar de amor. Preciso fechar negócios importantes. Para isso devo me portar como as pessoas solares. Racionais.
-- Hum! – fez o botãozinho de rosas. Não gostei da resposta e vou me retirar.
Ele acariciou o botãozinho de rosas com a pontinha do dedo.
-- Há uma coisa que eu preciso lhe dizer.
-- É? Não vai me levar?
-- É claro que levo. Quer vir comigo?
-- Vai dizer então que quer me levar?
- Não, querida. Eu vou dizer que não posso mais deixar você.
(No meu caderno de capa de pano,
um modo de pedir : "venha pra mim.")
Era manhã de um dia muito importante pare ele cujos negócios descambavam. Dormira muito mal, sentia-se incapaz de motivar clientes naquela fase negra de sua vida. Pôs a água para aquecer para preparar o café da manhã e num gesto quase automático aproximou o rosto para tocar com os lábios sobre a mãozinha do botão de rosas.
-- Você me parece triste – disse o botãozinho de rosas.
-- Eu? Oras! Que tolice.
-- Está! Você está apaixonado? É isso?
-- Não! Eu já lhe disse, nem tenho por quem me apaixonar.
-- É uma pena! Iguala-se aos poetas vazios.
-- É bem como estou me sentindo. Vazio!
-- De amor?
-- Claro que não.
-- Então ama alguém?
-- Em particular? Claro que não. Mas amo o amor. Gosto de gostar. E de gostar intensamente.
-- E por que não ama alguém em particular?
-- Porque não sei amar. Acho que é por isso. E hoje não posso falar de amor. Tenho clientes difíceis.
-- Eu gostaria de ir com você. Leva-me em visita aos seus clientes.
-- Seria cansativo para você botãozinho querido. Muito cansativo.
-- Você comprou um paletó. Com um paletó você não fica tão feio. E comigo na lapela vai ficar irresistível.
A água na chaleira atingiu o ponto ideal para o cozimento do pó de café. O moço sorriu para o botãozinho de rosas. Disse:
--Você é sempre irresistível, botãozinho de rosas.
O botãozinho de rosas corou – Perguntou ansioso:
-- Vai dizer que me ama?
-- Você não acreditaria. Tão fácil dizer “eu te amo”.
-- Diria caso me amasse?
-- Não! Só diria se você pudesse acreditar em virtude de minhas atitudes.
-- Mas... se não me diz que me ama...
-- Não! Eu não digo. E hoje eu não posso falar de amor. Preciso fechar negócios importantes. Para isso devo me portar como as pessoas solares. Racionais.
-- Hum! – fez o botãozinho de rosas. Não gostei da resposta e vou me retirar.
Ele acariciou o botãozinho de rosas com a pontinha do dedo.
-- Há uma coisa que eu preciso lhe dizer.
-- É? Não vai me levar?
-- É claro que levo. Quer vir comigo?
-- Vai dizer então que quer me levar?
- Não, querida. Eu vou dizer que não posso mais deixar você.
(No meu caderno de capa de pano,
um modo de pedir : "venha pra mim.")