Cap 10 - Zuando Kane

Ja era tarde, passava da uma hora. Eu precisava almoçar alguma coisa. Resolvi parar em uma praça de alimentação movimentada que vi. O passeio havia sido ótimo para abrir o apetite.

A agitação das pessoas e o aroma de comida que vinham das barracas me animava. Preferi comer algo que não fosse comida tipica japonesa, então peguei uma torta de frango e uma latinha de chá gelado.

Me sentei ao lado da fonte de águas que tinha ali. Haviam carpas coloridas nadando graciosas ao longo da folha dágua que existia.. O vento movimentava as árvores, derrubando as folhas em tudo e todos. Parecia uma pequena benção dos céus para as coisas que poderiam acontecer.

Comendo devagar eu observava as pessoas andando rapido, como se o tempo estivesse correndo atras delas. Lembrei de “Alice no pais das maravilhas”. Comecei a rir, porque em alguns momentos eu parecia tão grande e em outros eu estava pequena e reduzida. Foi como me senti tentando travar um diálogo com o senhor Yagami.

Havia alguem tocando uma musica folk em violão por ali. Acompanhei a musica de olhos fechados.

Geralmente era nesses momentos que eu encontrava soluções para os problemas. E naquela hora eu precisava fazer duas pessoas me ouvirem.

Uma mão toca meu ombro e me faz dar um pequeno pulo assustada.

- Nisa, que bom ver você!! – estava Chris parado ao meu lado, usando uniforme escolar.

Nos abraçamos por alguns segundos. Eu sentia ter uma fina ligação com aquele menino.

- Como você está? Chegou da escola ou vai para ela? – baguncei o cabelo dele, enquanto ele fazia uma cara de bravo.

Comecei a rir, pois eu sabia que Chris odiava que mexessem em seu cabelo.

- Estou bem. Essa noite sonhei que conversava algumas coisas com você. Foi muito real. Mas você chorava por algum motivo....

- ah querido.. eu vivo chorando sem motivo! - Sorri para ele e mudei de assunto: - Você quer carona para casa? – apontei a moto do outro lado da praça.

- Sim, quero! – ele abriu um sorriso imenso - Você parece que pilota melhor que o Yashiro! Gostei do que fizeram naquele dia.

Caminhamos até a moto falando sobre escola, o que estudar e sobre a banda.

Descobri que iriam ensaiar no ringue de lutas naquele dia e perguntei:

- Mas hoje não é a abertura do campeonato?

- Sim! É por isso.... vamos tocar na abertura! – e subiu na moto sem esitar.

Levei-o até sua casa, cumprimentei a familia. Até conheci a sua casa. A familia era agradavel, de cultura diferente da Oriental. Eram suecos e sotaque na familia era bem presente.

Depois de um bate papo com a mãe de Crhis, resolvemos ir para o ensaio.

Já eram 3 da tarde quando chegamos no local marcado. Shiro e a insociável da Shermie estavam passando o som quando chegamos. Shermie simplesmente me ignorou quando a cumprimentei. Chris chegou expansivo, falando alto e feliz com todos. Beijei o rosto de Shiro e comecei a olhar o local. Estava desenhado com pequenas frestas de luz que vinham do teto.

Haviam outras pessoas no recinto. Sentei na beirada do palco e comecei a matutar algumas ideias. Um brilho passou em minha cabeça. Peguei o microfone e falei com as pessoas presentes se existia mais alguem ali que tocasse violão e cantasse.

Aos poucos umas 3 pessoas vieram ate o palco. Desci e comecei a conversar com todos eles.

- Todos vocês farão parte da competição, não é? – perguntei animada vendo que eles respondiam positivamente. – Vamos fazer uma abertura com todos vocês cantando ou tocando? Tenho algumas ideias de musicas que vocês usam nas lutas, vamos remixar e fazer algo diferente!?

Dominar a mente humana desta maneira era formidável. Eles pareciam ser pessoas muito dedicadas. Aos poucos soube seus nomes.

Tinha um jovem de cabelos louros compridos e olhos azuis chamado Andy. Logo comecei a chama-lo de “Wendy Panda” (uma alusão ao desenho animado antigo). O que fez todos rirem descontraidos por ele ser americano e o personagem também.

Havia uma mulher, era Mai Shiranui. Uma japonesa simpática, de seios grandes, engraçada, que logo ao subir no palco tropeçou nos fios dos microfones e derrubou Yashiro.

Uma pessoa que me chamou a atenção quando falou comigo, foi Shingo. Ele era outro colegial que participava do torneio. Lendo sua mente, percebi um forte aliado nos meus interesses. Shingo era muito fã de Kyo, além de tocar muito bem violão.

Eu ja tinha selecionado um grupo de pessoas alegres. Aquilo deixava tudo leve e pronto para minhas idéias.

Olhei para Yashiro feliz e por telepatia falei que iriamos nos apresentar juntos. Shiro fez cara de quem não acreditava naquilo.

Entretanto, tocamos varias musicas, das quais todos sabiam a letra e as notas. Estava engraçado, por que o clima tenso de inicio de lutas havia passado.

De frente ao palco surgiu uma pessoa de aura pesada. Eu não sabia seu nome, e nem precisei me esforçar. Pois assim que ele apontou em nosso campo de visão as pessoas tiveram reações adversas. Ele se jogou em uma cadeira com as pernas abertas, abriu uma cerveja (a qual tomava em longos e barulhentos goles) e observava a gente. Virei para o lado de Chris e perguntei:

- Este aí é o tal Billy Kane?

O garoto acenou com o polegar indicando positivo.

- O homem encanado ... vive com aquele cano na mão. – sussurrou Shingo sentado ao chão do meu lado dedilhando um violão clássico.

Olhei para baixo e pisquei para Shingo.

Por indução de pensamento, fiz Billy cochilar na cadeira em poucos minutos. Pegamos uma câmera e gravamos ele babando. Não tinha jeito, os garotos eram animados e as traquinagens surgiram sem nos esforçarmos muito.

Começamos a cantar uma musica brasileira da banda Legião Urbana: “O Mundo Anda Tão Complicado”.

“Gosto de ver você dormir

Que nem criança com a boca aberta (nesse trecho Shingo grava a boca de Kane aberta)

.....

Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver (Mai faz mimicas com a musica na frente da camera)

O mundo anda tão complicado

Que hoje eu quero fazer tudo por você” ( todos começam a fazer chifres, tipos de perucas, caras e bocas atras de Billy, e a camera gravando a situação)

Enquanto cantamos em coro, Andy tocava o violão quase como anjo, Mai pega batom e pinta o rosto de Kane.

Em meio a risos ele acorda e sai desavisado de sua situação física.