CRISÁLIDA - parte final
— Pronto, está acabado — disse Roger.
Do outro lado do quarto, Oscar soltou Suzana e se pôs diante de Roger.
— Não, ainda não acabou — disse Oscar.
O garoto começou a se contorcer, e seus musculos começaram a expandir-se. Garras enormes surgiram, seus rosto se deformou, e um enorme par de asas surgiu nas costas dele.
— Se aquela imbecil não pôde te matar, então eu posso.
— Não — disse outra voz de repente.
Oscar virou-se, e ali encontrava-se Bernard.
— Thamires não devia ter me mandado para longe...Mas antes de partir invadiu meus sonhos, e me revelou a verdade. Esse sempre foi o plano dela: assim cheguei tarde demais para poder impedir Roger, mas cedo o suficiente para salvá-lo.
— Você ama-o, não é? — indagou Oscar.
— Não — Bernard foi taxativo. — Mas não posso deixar que a loucura te domine filho.
— Não me chame mais de filho, traidor.
Oscar atacou seu pai, que imediatamente também se transformou em um morcego gigantesco. Os dois travaram então uma luta dura e impiedosa.
Ambos arrancavam pedaços de carne um do outro, e buscavam ferir mortalmente seu inimigo. Suzana tentou interferir, mas era impossível chegar perto.
Em dado momento, Oscar tomou o controle da situação, e os dois acabaram sendo projetados para fora da casa, quebrando a janela do quarto e caindo no jardim. Imediatamente a luz solar os feriu.
Bernard tentou se desvincilhar do ataque do filho, mas Oscar não o soltou. Estava tão enfurecido, tão tomado pela loucura, que se concentrou apenas em manter Bernard queimando ali.
— Você vai morrer também Oscar — disse Bernard.
— Não importa. Aliás, nada importa.
Os dois começaram a ferver. Suzana gritou deseperada.
— Não pode ir até lá — disse Roger, tentando segurá-la inutilmente.
— Eu tenho que tentar salvar meu pai!
Ela então saltou pela janela até o jardim, mas antes mesmo que pudesse ter qualquer reação, caiu de joelhos no chão. O poder do sol era fatal.
Os três gritaram, enquanto suas peles borbulhavam, e uma dor além da imaginação dos humanos os dominava. Instantes depois houve um clarão, e os três vampiros foram reduzidos a cinzas.
Só sobrou Roger, observando tudo lá de cima. Estava impressionado com tudo que vira. Era o fim daqueles três vampiros.
Ele procurou deixar aquele lugar o mais rápido possível, e jamais nem passou perto daquele velho casarão. No entanto, lembrou-se de tudo que ocorreu até o fim de seus dias. Quando ouvia alguém falando de vampiros, ele sentia arrepios e se retirava do local. Passou sempre a caregar um pequeno crucifixo, apesar de nunca mais precisar utilizá-lo. Anos mais tarde veio a encontrar o Sr. e a Sra. Ávila, os tios de Bernard, que perambulavam por aí. A sorte foi que eles nem se aproximaram de Roger.
No dia seguinte ao ocorrido no casarão, Roger chegou na faculdade, e se dirigiu ao amigo Gustavo, o cético:
— Nossa, você nem imagina o que aconteceu...
Fim