INSINUANTE

De repente ela surgiu com uma capa deixando transparecer um cenário ligeiramente oculto, suas vestes transparentes, não deixavam perceber plenamente a brecha onde a luz do sol pudesse florir um campo encoberto, carente da ação do lavrador que buscava ansiosamente com sua enxada arar o campo árido.

A silhueta que se movimentava em balanço contínuo, dava mais vida àquela figura que com seu decote insinuante, mostrava-se inocentemente ao espectador indefeso e faminto.

O olhar soslaio da serpente na seria mais ameaçador do que o pensamento da ingênua mulher, que sem se perceber notada, incredulamente desfila semi vestida na mente do seu observador.

O predador na busca incessante à sua caça, as voltas que ele a segue com o seu olhar devorador, serve-lhe de aperitivo para atiçar a fome quando se julga dono do seu objeto de desejo tão cobiçado.

Buscando refugiar-se no seu hermético mundo solitário, ousa tê-la em seus braços, satisfazendo seus mais atrozes desejos num ato quase infindo e repetitivo, onde as imagens daquela recatada instigam os seus instintos insaciáveis, rasgando suas sedas, sedado pela certeza que ela é algo inatingível.

PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS)

15/10/09