O ESPELHO DA DISCÓRDIA
As moças daquela pequena aldeia japonesa perdida
no tempo ainda não conheciam o espelho.
Assim ,só podiam saber sobre sua aparência pelos elogios dos pretendentes que cantavam seus cabelos,seu talhe ou a cor de seus olhos.
Um dia, um jovem marinheiro ,filho desta aldeia,encontrou perdido nas ruas de Londres um espelho de toucador.
Ao fitá-lo,deparou-se com um rosto moreno,crestado pelo sol,uns vivos olhos negros,um ar inteligente.
-É o meu pai!Como eu poderia encontrar aqui este retrato!?
-Será um aviso?
Guardou objeto no bolso com muito cuidado enrolado num lenço e depois de alguns meses no mar,voltou para casa.
Não contou a ninguém sobre seu achado. Colocou o objeto de suas preocupações no fundo de um jarrão de porcelana que ficava no quarto,escondido da mulher,pois,receava que esta soltasse a língua e contasse sobre isso à toda vizinhança.
Mas.o fato é que aquela coisa mágica não deixava seu pensamento.Sempre que podia,metia a mão no jarrão e contemplava o espelho.
O certo é que até numa aldeia perdida do Japão as mulheres são desconfiadas.
Aquelas constantes aparições do marido ,as entradas inesperadas no quarto do casal,sozinho,aquela ânsia que parecia acompanhá-lo sempre,fez com que ela o seguisse,naquele passinho saltitante e discreto das japonesas.
Um dia,chegando repentinamente na porta do quarto,viu o marido colocar a mão,com cuidado, no fundo do jarrão cheio de crisântemos amarelos.
Assim que ele saiu,a mulher enfiou a mão no jarro,encontrou o espelho e...caiu no pranto!
O marido tinha trazido outra mulher para casa.E era belíssima!Olhos negros amendoados,pele de marfim,negros cabelos presos num pente de tartaruga,boca pequena e vermelha,como uma rosa.
Foi grande a decepção!Ela que sempre o achava o melhor dos esposos,que sempre o tratou com carinho e lealdade!
Desanimada,deitou-se na cama e nada preparou para o marido comer.
-É assim que me tratas depois de anos de um casamento feliz?
-O mesmo te pergunto.Mereço o que fizeste comigo?
-Como!?
-Trouxeste para casa o retrato de uma das tuas amantes e toda hora que podes vem admirá-la,tirando-a de dentro do jarrão de flores...
-Continuo sem entender nada!
O retrato que encontraste é a imagem do meu defunto pai que encontrei,não sei como,numa rua de Londres!...
-Então, sou tão parva que não sei distinguir um homem de uma mulher...
O casamento estava indo por água abaixo. Ela, sempre tão doce e obediente,caiu no desleixo,não se arrumava,não cuidava da casa nem das refeições e o tratava com profundo desprezo.
Desesperado, recorreu ao sacerdote budista que os casou.
Ele reuniu os dois para que falassem sobre os motivos da desavença.
-Mestre, ele trouxe para dentro de casa o retrato de uma mulher que encontrou numa de suas viagens.
-Homem sábio, juro que é o retrato do meu pai.
-Deixa eu ver o retrato.
Assim que olhou demoradamente o retrato , inclinou-se respeitosamente e falou com voz comovida:
-É o retrato de um venerável sacerdote; não entendo como vocês estão a discutir diante de uma imagem tão doce e respeitável que respira santidade.
Levantou-se e saiu levando o pomo da discórdia, ou seja,o espelho.
As moças daquela pequena aldeia japonesa perdida
no tempo ainda não conheciam o espelho.
Assim ,só podiam saber sobre sua aparência pelos elogios dos pretendentes que cantavam seus cabelos,seu talhe ou a cor de seus olhos.
Um dia, um jovem marinheiro ,filho desta aldeia,encontrou perdido nas ruas de Londres um espelho de toucador.
Ao fitá-lo,deparou-se com um rosto moreno,crestado pelo sol,uns vivos olhos negros,um ar inteligente.
-É o meu pai!Como eu poderia encontrar aqui este retrato!?
-Será um aviso?
Guardou objeto no bolso com muito cuidado enrolado num lenço e depois de alguns meses no mar,voltou para casa.
Não contou a ninguém sobre seu achado. Colocou o objeto de suas preocupações no fundo de um jarrão de porcelana que ficava no quarto,escondido da mulher,pois,receava que esta soltasse a língua e contasse sobre isso à toda vizinhança.
Mas.o fato é que aquela coisa mágica não deixava seu pensamento.Sempre que podia,metia a mão no jarrão e contemplava o espelho.
O certo é que até numa aldeia perdida do Japão as mulheres são desconfiadas.
Aquelas constantes aparições do marido ,as entradas inesperadas no quarto do casal,sozinho,aquela ânsia que parecia acompanhá-lo sempre,fez com que ela o seguisse,naquele passinho saltitante e discreto das japonesas.
Um dia,chegando repentinamente na porta do quarto,viu o marido colocar a mão,com cuidado, no fundo do jarrão cheio de crisântemos amarelos.
Assim que ele saiu,a mulher enfiou a mão no jarro,encontrou o espelho e...caiu no pranto!
O marido tinha trazido outra mulher para casa.E era belíssima!Olhos negros amendoados,pele de marfim,negros cabelos presos num pente de tartaruga,boca pequena e vermelha,como uma rosa.
Foi grande a decepção!Ela que sempre o achava o melhor dos esposos,que sempre o tratou com carinho e lealdade!
Desanimada,deitou-se na cama e nada preparou para o marido comer.
-É assim que me tratas depois de anos de um casamento feliz?
-O mesmo te pergunto.Mereço o que fizeste comigo?
-Como!?
-Trouxeste para casa o retrato de uma das tuas amantes e toda hora que podes vem admirá-la,tirando-a de dentro do jarrão de flores...
-Continuo sem entender nada!
O retrato que encontraste é a imagem do meu defunto pai que encontrei,não sei como,numa rua de Londres!...
-Então, sou tão parva que não sei distinguir um homem de uma mulher...
O casamento estava indo por água abaixo. Ela, sempre tão doce e obediente,caiu no desleixo,não se arrumava,não cuidava da casa nem das refeições e o tratava com profundo desprezo.
Desesperado, recorreu ao sacerdote budista que os casou.
Ele reuniu os dois para que falassem sobre os motivos da desavença.
-Mestre, ele trouxe para dentro de casa o retrato de uma mulher que encontrou numa de suas viagens.
-Homem sábio, juro que é o retrato do meu pai.
-Deixa eu ver o retrato.
Assim que olhou demoradamente o retrato , inclinou-se respeitosamente e falou com voz comovida:
-É o retrato de um venerável sacerdote; não entendo como vocês estão a discutir diante de uma imagem tão doce e respeitável que respira santidade.
Levantou-se e saiu levando o pomo da discórdia, ou seja,o espelho.